Funcionários da Comsercaf, em Cabo Frio, cobram melhores condições de trabalhoSabrina Sá (RC24h)
De acordo com o denunciante, que prefere não se identificar, as reclamações se intensificaram depois de uma mudança na diretoria do local. Segundo o relato, antes os servidores podiam ser liberados após cumprir a rota do dia, mas agora a exigência é que os funcionários cumpram toda a carga horária. Para isso, eles têm que se alimentar no local e estão reivindicando o ticket refeição, que não tem o valor atualizado há anos.
“Imagine um cara correr atrás o dia inteiro embaixo de um sol desse, embaixo de chuva, fazendo um esforço danado e não tem dinheiro para comprar uma quentinha porque o valor que recebe não tem compatibilidade com um prato de comida”, disse um deles.
No vídeo, há um trecho em que um dos homens pede pra filmar o banheiro que está “todo cagado, nem água tem”.
Existe ainda, uma reivindicação em relação questão salarial, que não passa por manutenção há muitos anos. “A Consercaf foi colocada completamente de lado. A gente não vê manutenção salarial. É cobrança em cima de cobrança. Então, eu acho que alguém deveria chamar a atenção, até de uma autoridade, tipo do Ministério Público, sei lá, que viesse dar uma olhada nessa situação. O pai de família, uma hora é coagido por agressão, uma hora é coagido por outro”, reclamou.
Nas imagens também é possível ver um dos funcionários falando que “José Bonifácio morreu, mas deixou outra ‘tralha’”, se referindo à Prefeita Magdala Furtado.
“A gente já está vindo, já acho que o terceiro governo em uma desordem total. Alair deixou a gente em uma situação completamente fragilizada, Adriano deixou a gente completamente fragilizado, aí depois veio uma cassação. A Comsercaf hoje, com certeza, é o setor, o órgão da Prefeitura que sofre o maior número de assédio moral, as maiores covardias, as maiores desigualdades, as maiores faltas de respeito contra um funcionário concursado. Isso tem que chegar em alguém”.
Falta de uniforme necessário e equipamentos de proteção
A falta dos equipamentos de proteção e do uniforme necessário para a função também é alvo de reclamações.
“Você vê que até uma pessoa em situação de rua recebe um casaco doado, mas você vê um gari com um casaco? Então, não existe… A gente está sem infraestrutura de equipamento, trabalhando em caminhões. Cada caminhão um pior do que o outro. Caminhão com pneu careca, tudo sucateado, carroceria toda furada”, completou.
Falta de diálogo
Tudo isso em meio a falta de diálogo com cargos de chefia, que conforme a denúncia, são ocupados de maneira “injusta”. “Na Comsercaf, existe inúmeros funcionários de carreira que se capacitaram durante décadas. De 2001 para cá, vários funcionários se capacitaram na perspectiva de ocupar algum cargo, que é uma coisa natural, mas a gente só vê agora polícia, presidente de associação de moradores, e daí vai… cabo eleitoral, ‘tudo’ sentado na cadeira de chefia, questionando a capacidade profissional da gente. Isso quando ainda não faz afirmações levianas, que não pode provar, né? É uma situação completamente escabrosa. A gente não tem acesso às pessoas que tomaram o comando da empresa. Eu não vejo essas pessoas se apresentarem: ‘ó, eu sou o presidente, a partir de hoje, aqui vai ser assim, assim, assado’. E o profissional que buscou uma qualificação, que está ali décadas trabalhando, que tem bom relacionamento com os colegas de trabalho, nunca tem oportunidade, né? Nós queremos nossos direitos também, tudo direitinho e certinho, que acho que é o direito de todo mundo. Principalmente na questão de dignidade e respeito ao funcionário que, por via de concurso público, conseguiu seu espaço na Prefeitura, o que não foi fazendo campanha eleitoral para ninguém, foi fazendo prova mesmo. Acho que isso deveria ser ressaltado e respeitado. A gente não pode aceitar uma coisa dessa e ficar silenciado, entendeu?”, reclamou.
Supersalários
O relato aponta ainda que há uma série de problemas acontecendo nos bastidores. Como por exemplo, o fato de pessoas ganhando supersalários na empresa, mesmo sem ter qualificação profissional. Essa já é uma denúncia feita no final do ano passado, mas que segundo os funcionários, continua acontecendo. Na ocasião, o servidor que denunciou que alguns funcionários recebiam até R$ 15 mil de salário foi demitido e acusou a autarquia de perseguição. Depois disso, os outros se sentiram coagidos e com medo de fazer novas denúncias.
“Nós estamos no bico do urubu, mas totalmente mesmo, situação totalmente degradante. Se percorrer os setores e perguntar aos coletores, há uma insatisfação, há uma indignação por completo. Veja a verdade”.
O que diz a autarquia
Em nota, a autarquia afirmou que funcionários receberam itens de Proteção Individual.
“A Comsercaf informa que a carga horária dos servidores deve ser cumprida conforme o plano de cargos e salários da categoria. Quanto aos uniformes, a autarquia ressalta que todos os funcionários do setor citado receberam os Equipamentos de Proteção Individual. Diante das outras denúncias levantadas, a presidente da autarquia, Patrícia Brandão, vai verificar com o sindicato representante da classe as demandas a respeito do assunto”.
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