Aristóteles DrummondAristóteles Drummond

Neste mês em que os 60 anos da Revolução de 31 de março vai entrar no debate político, com as versões distantes da verdade, escritas e divulgadas por pessoas que não sabem o que acontecia no Brasil, cabe esclarecer quem é quem.

O primeiro presidente eleito pelo Congresso Nacional, para o denominado período militar, foi o Marechal Humberto Castelo Branco, que ocupava o Estado Maior do Exército. Considerado um intelectual, foi oficial combatente na II Guerra Mundial, então com a patente de coronel. Seu nome foi escolhido pelos governadores Adhemar de Barros, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Nei Braga e submetido ao Congresso
Nacional. Foi eleito inclusive com o voto do ex-presidente JK e maioria absoluta do Congresso Nacional.

Castelo cercou-se do que havia de melhor no Brasil. Juristas notáveis redigiram o Ato Institucional I, como Francisco Campos e Carlos Medeiros, que ditou as novas normas para a eleição dias depois. Formou uma equipe econômica relevante, com Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões, que criaram o Banco Central, o sistema financeiro da habitação e o Decreto-Lei 200, que fez ampla reforma administrativa.
Colocou no Itamaraty o respeitado diplomata Vasco Leitão da Cunha; na Casa Civil, o senador e membro da Academia Brasileira Luiz Vianna Filho. Na saúde, Raimundo de Brito, que era deputado estadual e vinha de excelente gestão na Secretaria de Saúde da Guanabara. Outros nomes altamente conceituados formaram o primeiro escalão como Arnaldo Süssekind, Pedro Aleixo e os generais Cordeiro de Farias e Juarez Távora. Seu vice foi o notável político mineiro José Maria Alkmin.

Castelo Branco não pode ser chamado de ditador. Foi convocado pelos militares e civis, como veio a ser Médici. Já Costa e Silva articulou seu nome e liderava segmento relevante entre os revolucionários, Geisel e Figueredo foram escolhidos pelos antecessores, Médici e Geisel. Mas todos eleitos pelo Congresso.

Castelo era homem de personalidade. Teve de ceder à imposição de Carlos Lacerda ao cassar JK, mas se negou a referendar indicações do comando militar para cassar os ministros do STF Hermes Lima e Evandro Lins e Silva e o jornalista Carlos Heitor Cony. Homem altamente conceituado e respeitado.

É preciso se consultar livros, jornais da época, para não se permitir a consolidação de narrativas caluniosas envolvendo brasileiros respeitáveis com relevância histórica. E reputação ilibada. E famílias discretas e corretas.
* Aristóteles Drummond é jornalista