opina25maiARTE PAULO MÁRCIO
O episódio repugnante de racismo explícito contra o jogador do Real Madrid Vinícius Júnior, no jogo contra o Valencia, é de revoltar e de levar a uma profunda reflexão. Importante ressaltar que o presidente de La Liga, Javier Tebas Medrano, teve a ousadia de cobrar uma “explicação” do jogador, ao invés de se posicionar clara e fortemente contra a discriminação que vitimou Vini Jr. e a todos nós por tabela. Uma manifestação grotesca que equivale a um apoio explícito ao crime de racismo.
Foi muito digna a postura elegante do treinador do time, Carlo Ancelotti, após o jogo, ao ser questionado, em entrevista coletiva, sobre a partida. Com incontida irresignação, ele perguntou à jornalista se ela queria falar sobre futebol, pois ele só estava disposto a tratar do episódio de racismo que havia vitimado o jogador do seu time. E, mesmo sendo pressionado, manteve-se, com elegância, na firme disposição de só se manifestar sobre aquelas atitudes odiosas que envergonhava a todos.
O comportamento nobre e corajoso do Vinícius Júnior fez o caso tomar a dimensão merecida. Depois de certa letargia, parece que o mundo acordou. No Brasil, o governo - através do presidente Lula e dos ministros Flavio Dino, Sílvio Almeida, Anielle Franco, entre outros -, teve uma atitude proporcional à revolta das pessoas contra esses atos racistas.
Estamos saindo de quatro anos de um regime fascista e opressor. O ex-presidente Bolsonaro era um cultor do fascismo e desprezava os pretos. Somente após a repercussão internacional, a polícia espanhola prendeu sete suspeitos de ofenderem o jogador. E todos esperam a postura dos grandes patrocinadores de La Liga - como Santander, Puma e Microsoft.
A imagem do Cristo Redentor com as luzes apagadas sob uma lua brilhando falou mais forte do que mil discursos. Obrigado, Vinícius Júnior, a sua postura nos enche de orgulho e a sua luta é a de todos os que abominam as atitudes racistas.
Remeto-me a Maya Angelou: “Você pode me fuzilar com suas palavras, e me cortar com o seu olhar, você pode me matar com o seu ódio, mas assim, como o ar, eu vou me levantar”.
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