Animais resgatados em situação de rua ou maus-tratos estão disponíveis para adoção na Fazenda Modelo, abrigo da Prefeitura do Rio fotos Divulgação
Abril Laranja: combate à crueldade animal é urgente!
Maus-tratos e abandono de animais batem recorde no Brasil, com mais de 185 mil casos, e exigem ação urgente
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento alarmante nos casos de abandono e maus-tratos a animais. As ruas, já repletas de cães e gatos em situação de vulnerabilidade, refletem um problema que vai além do descaso individual: a falta de políticas públicas eficazes, a crise econômica e a baixa conscientização da população agravam um cenário preocupante.
Segundo dados do Instituto Pet Brasil, em 2023, 184.960 animais foram resgatados em situação de abandono, sob tutela de ONGs e grupos de proteção. Para 2024, a projeção já ultrapassa os 185 mil casos, reforçando a necessidade de medidas imediatas para frear essa crise.
Em meio a essa realidade, o Abril Laranja, campanha mundial de combate à crueldade contra os animais, ganha ainda mais força. Criada pela American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA) e adotada globalmente, a iniciativa visa conscientizar a população e reforçar a necessidade de ações efetivas para a proteção dos animais.
Por que o abandono de animais só cresce?
O aumento do número de animais abandonados no Brasil tem diversas causas. Especialistas apontam que a crise econômica tem sido um fator determinante, já que muitas famílias, ao enfrentarem dificuldades financeiras, deixam de conseguir arcar com custos básicos, como alimentação e atendimento veterinário.
Outro problema grave é a falta de políticas públicas eficazes. Sem programas abrangentes de castração, campanhas de adoção responsável e fiscalização rigorosa, a população de animais de rua cresce de maneira descontrolada.
Além disso, há um fator cultural preocupante: muitas pessoas adotam pets por impulso, sem considerar a responsabilidade que um animal exige a longo prazo. Quando surgem dificuldades – financeiras, de espaço ou de tempo – o abandono acaba sendo a “solução” encontrada.
Para o médico-veterinário e diretor da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas, Francis Flosi, a combinação desses fatores resulta em uma crise sem precedentes:
“Os números mostram uma realidade preocupante. O abandono e os maus-tratos são reflexos da falta de conscientização e de políticas públicas eficientes. Precisamos fortalecer as campanhas educativas, intensificar a fiscalização e garantir punições rigorosas para reverter esse cenário”, alerta Flosi.
Flosi reforça que a legislação contra maus-tratos, embora tenha avançado nos últimos anos, ainda enfrenta desafios quando se trata da aplicação real das punições:
“Muitas pessoas não denunciam por medo ou por não saberem como agir. Ao mesmo tempo, as autoridades nem sempre conseguem fiscalizar e punir de forma eficiente. Isso cria um ciclo de impunidade que precisa ser quebrado”, explica.
O papel do Abril Laranja na luta contra os maus-tratos
O Abril Laranja não pode ser apenas um mês simbólico. Ele precisa servir como um ponto de partida para ações contínuas contra a crueldade animal. Algumas medidas fundamentais que todos podem adotar incluem:
Denunciar maus-tratos: Qualquer caso de negligência, agressão ou abandono deve ser reportado às autoridades competentes, como a polícia ou delegacias especializadas em crimes ambientais.
Apoiar ONGs e protetores: Organizações que resgatam e cuidam de animais sobrevivem com poucos recursos e dependem de doações, voluntariado e incentivo à adoção responsável.
Adotar com consciência: Um animal não é um brinquedo. Antes de adotar, é essencial avaliar se há condições financeiras e emocionais para oferecer os cuidados necessários.
Exigir políticas públicas: A população deve pressionar as autoridades para a implementação de programas de castração gratuita, incentivo à adoção e fiscalização efetiva das leis de proteção animal.
Compartilhar informações: Conscientizar amigos e familiares sobre a guarda responsável e os impactos do abandono ajuda a criar uma cultura de respeito e proteção aos animais.
O futuro dos animais depende da nossa ação
A crescente estatística de maus-tratos e abandono de animais no Brasil reforça a urgência de mudanças reais. Não basta apenas lamentar os números – é preciso agir.
A união da sociedade, do poder público e dos profissionais da Medicina Veterinária pode transformar essa realidade. Mais do que nunca, o Abril Laranja deve ser um lembrete de que cada um tem um papel fundamental nessa luta.
Seja denunciando, apoiando ONGs, adotando com responsabilidade ou cobrando ações do governo, toda atitude conta. Afinal, os animais não podem falar por si mesmos – mas nós podemos ser a voz deles.
RJ intensifica ações contra o abandono e maus-tratos de animais
A Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) do Rio de Janeiro tem ampliado seus esforços para combater o abandono e os maus-tratos de animais na cidade. Desde janeiro, a secretaria já resgatou 135 animais, incluindo três porquinhos encontrados vagando pelas ruas de São Cristóvão. Além disso, políticas públicas como microchipagem, castração e ampliação dos serviços veterinários vêm sendo fortalecidas para garantir o bem-estar animal.
Ações intensificadas no Abril Laranja
Durante o mês de abril, conhecido como “Abril Laranja” por ser uma campanha mundial de combate à crueldade contra os animais, a SMPDA tem reforçado suas principais iniciativas. De acordo com o secretário municipal de Proteção e Defesa dos Animais, Luiz Carlos Ramos, os resgates, castrações e o programa de microchipagem estão sendo intensificados para garantir mais segurança e qualidade de vida para os animais da cidade.
“Estamos trabalhando sem descanso para resgatar animais em situação de risco e oferecer atendimento adequado a eles. O aumento das castrações é essencial para evitar ninhadas indesejadas e reduzir o abandono. Além disso, a microchipagem tem sido uma ferramenta fundamental para identificar tutores que abandonaram seus animais e também para ajudar na localização em casos de perda ou roubo”, afirmou o secretário.
Próximos passos para combater o abandono animal no RJ
O combate ao abandono de animais na cidade depende de um conjunto de medidas que já estão sendo implementadas e precisam ser ampliadas. Entre elas, está o aumento do programa de microchipagem e do registro nacional dos animais, ações que permitem um melhor controle populacional e identificação dos tutores.
“O número de castrações nos postos veterinários também foi ampliado, e precisamos castrar o maior número de animais possível para evitar as ninhadas indesejadas. Para isso, o serviço dos castramóveis é fundamental, pois leva o atendimento até os bairros, facilitando para os tutores que não têm condições de transportar seus animais até uma clínica veterinária”, explicou Luiz Carlos Ramos.
Além disso, a infraestrutura dos serviços veterinários públicos tem sido aprimorada. “Reformamos o Instituto Jorge Vaitsman, transformando-o em um hospital bem equipado, e também o Centro de Controle de Zoonoses. As obras do hospital veterinário de Irajá estão quase concluídas, e a Fazenda Modelo receberá contêineres para atendimento clínico. Queremos oferecer mais conforto aos tutores e aos animais, com serviços como ultrassonografias e sedação inalatória”, destacou o secretário.
Para Luiz Carlos Ramos, todas essas melhorias contribuem diretamente para a redução do abandono. “O acesso facilitado à saúde veterinária gratuita faz com que os tutores consigam cuidar melhor dos seus animais, sem precisar arcar com custos altos. Isso ajuda a evitar que pessoas abandonem seus pets por falta de recursos para tratamento”, concluiu.
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