A ovelha Rita Lee tem três patinhas e aproximadamente 10 anos de idade Divulgação

O que nasceu como um gesto de amor em meio à dor, hoje é um santuário de vida, recomeços e cura — tanto para animais quanto para humanos. Há oito anos, a ONG Ajuda Patas foi criada por Bruna Saraiva e Pablo Roffe após a maior perda que um casal pode enfrentar: a morte do filho Heitor. Diante do luto e do vazio, o casal encontrou um propósito ao estender a mão aos que também estavam desamparados — desta vez, de quatro patas.

“Quando perdemos o Heitor, foi muito difícil. Entrei em uma depressão muito profunda, que me tirou a vontade de viver. Encontrei nos animais um motivo para viver de novo. É como se, a cada resgate, eu também me resgatasse e encontrasse um propósito que merece ser cumprido”, conta Bruna, emocionada.

Desde então, a ONG já resgatou centenas de cães em situação de abandono e maus-tratos no Estado do Rio de Janeiro. Animais esquecidos, espancados, famintos, doentes — e que, graças à dedicação incansável da equipe da Ajuda Patas, ganharam uma nova chance.

Todos os cães que passam pelo abrigo são cuidadosamente acolhidos. Nenhum animal entra ou sai dali sem ser castrado, vacinado, desparasitado, microchipado e medicado contra carrapatos. A saúde e o bem-estar são prioridade. Filhotes adotados também têm a castração garantida no momento certo. Cada vida é tratada com respeito, atenção e amor.

Hoje, são 193 cães vivendo na sede da ONG, todos à espera de um lar definitivo. Eles são levados regularmente para feiras de adoção, organizadas pela própria ONG, que também realiza triagens rigorosas para garantir que cada adoção seja feita com responsabilidade e carinho.

Do resgate ao santuário: a Fazendinha que virou lar para todos

Em 2025, a história da ONG ganhou um novo capítulo. Com muito esforço e apoio popular, a Ajuda Patas conseguiu alugar um sítio vizinho à sede. A ideia inicial era ampliar o espaço para os cães. Mas a realidade — e o coração da equipe — expandiram ainda mais essa missão.
O novo espaço passou a receber animais de fazenda e silvestres que, assim como os cães, haviam sido vítimas de maus-tratos. Nascia ali a Fazendinha Ajuda Patas, um refúgio onde diferentes espécies convivem com harmonia e dignidade.

Hoje, vivem no local o pônei Sonho, as cabras Mari e Cris, a ovelha Rita Lee, um casal de perus (destaque para o simpático “Seu Peru”, estrela de vídeos da ONG), o ganso Chiquinho e 23 galinhas. Todos chegaram em estado de abandono, alguns feridos ou desnutridos. Hoje, correm livres, pastam ao sol e dividem até o carinho dos cães.

“É emocionante ver a convivência entre eles. Os cães adoram os ovos que as galinhas colocam, e a gente colhe todos os dias pela manhã para oferecer como petisco natural. As galinhas são felizes, vivem soltas, sem sofrimento. Tudo isso só é possível graças a cada pessoa que acredita no nosso trabalho e faz uma doação, por menor que seja”, afirma Bruna.

Com 223 animais atualmente sob seus cuidados — 193 cães e 30 animais da fazendinha — a ONG Ajuda Patas não é mais apenas um abrigo. Tornou-se um santuário. Um espaço onde a dor encontra cura, o abandono dá lugar ao afeto e a esperança brota em cada olhar de um animal que um dia foi invisível.

Adoção: um ato de amor que salva vidas

Entre os compromissos mais importantes da ONG Ajuda Patas está incentivar a adoção de animais abandonados — não apenas como solução individual, mas como gesto coletivo de compaixão.
“A adoção é um ato de amor, mas também de consciência. Quando você adota, você salva uma vida que já sofreu demais e, ao mesmo tempo, abre espaço para que outro animal possa ser resgatado. A gente vive com recursos muito limitados, e cada adoção representa esperança para muitos outros que ainda estão nas ruas”, reforça Bruna.
Ela explica que muitos cães que chegam até a ONG foram retirados de situações de crueldade: criados em correntes curtas, mantidos sem comida ou água, agredidos com violência. Ao adotar um animal, o novo tutor não leva apenas um companheiro para casa, mas oferece a ele uma nova narrativa — uma história de acolhimento, cuidado e pertencimento.
Bruna conta que os cães retribuem o carinho com uma lealdade incondicional. “Eles são gratos, amorosos e extremamente companheiros. Muitos tutores nos dizem que foi o animal adotado que transformou a vida deles, e não o contrário. É isso que a gente acredita: adoção é troca, é cura, é milagre.”

Um trabalho movido por amor e pela força da solidariedade

O funcionamento da Ajuda Patas é possível graças à generosidade da população. Sem nenhum tipo de apoio governamental, a ONG depende exclusivamente de doações, rifas, bazares e ações em redes sociais para pagar as contas — que não são poucas: alimentação, medicamentos, tratamentos veterinários, aluguel dos sítios, manutenção dos espaços e transporte.

“Tudo que esses animais têm, tanto os da fazendinha quanto os cães, é graças a cada centavo doado pela população. Infelizmente, as ONGs de causa animal ainda não possuem nenhum apoio oficial. Mas, mesmo com toda dificuldade, a gente se sente abençoado por poder transformar a vida desses bichinhos. Eles merecem”, diz Bruna.

Ela também faz um apelo para que mais pessoas se envolvam com a causa. “A gente precisa de tudo: ração, produtos de limpeza, casinhas, voluntários, compartilhamentos. Mas, acima de tudo, precisamos de pessoas que adotem com responsabilidade. Porque só assim vamos conseguir continuar fazendo o que fazemos: resgatar, cuidar e dar uma nova chance.”

Para quem visita o espaço, é difícil sair o mesmo. A alegria dos cães ao correrem pelo terreno, a calma dos animais da fazendinha deitados sob o sol, o cuidado dos voluntários com cada vida — tudo transmite uma energia de transformação. De cura. Bruna diz que, para ela, a ONG foi uma forma de se manter viva. Hoje, é também o que dá sentido aos dias de tantos animais que foram deixados para trás.

“Cada vida salva é uma vitória. E cada adoção é uma celebração. A Ajuda Patas é isso: um lugar onde o amor venceu”, conclui. Para adotar, doar ou conhecer mais sobre o trabalho da ONG, acesse o Instagram oficial: @ajudapatas.

Quais os cuidados você deve ter ao adotar um animal?

Adotar um animal é um gesto de amor, mas também uma responsabilidade para a vida toda. Antes de abrir as portas da sua casa — e do seu coração — para um novo amigo, é importante estar preparado.

“O animal adotado já sofreu antes, então ele precisa de tempo, paciência e acolhimento para se adaptar. A gente sempre orienta os adotantes sobre isso. É como uma criança: ele precisa se sentir seguro para confiar de novo”, explica Bruna Saraiva, da ONG Ajuda Patas.

* Tenha certeza da decisão: adotar não é temporário. Um cão pode viver de 10 a 15 anos ou mais. É um compromisso a longo prazo.


* Prepare o ambiente: retire objetos perigosos, verifique portões e janelas, e organize um cantinho com caminha, água fresca e comida.


* Mantenha os cuidados de saúde: leve o animal ao veterinário, mantenha vacinas em dia, faça vermifugação e aplique antipulgas e carrapaticidas regularmente.


* Castrar é fundamental: além de evitar crias indesejadas, a castração previne doenças e ajuda no comportamento.


* Ofereça amor, paciência e rotina: alguns animais podem ter traumas. Uma rotina calma e muito carinho ajudam na adaptação.


* Nunca devolva por impulso: dificuldades podem surgir, mas com apoio, orientação e tempo, tudo pode ser superado.


Adotar é um ato de amor!