Deputada estadual Célia Jordão (PL)Rafael Wallace

Servidora pública há 25 anos, Célia Jordão foi secretária de Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania em Angra dos Reis, estando à frente de projetos sociais, conselhos e serviços. Na Alerj, presidiu a Comissão Especial de Indústria Naval e é vice-presidente da Comissão de Turismo. Em vez de pautas de nicho, a parlamentar foca em políticas "duras", ligadas ao desenvolvimento social e geração de renda, além da retomada da indústria naval. Em entrevista a O DIA, a parlamentar fala sobre os planos para o futuro da economia fluminense. "O Executivo tem feito esforços para explorar o potencial de cada região. E cabe à Alerj contribuir para garantir políticas eficientes".
O DIA: Como a senhora enxerga o potencial econômico das diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro? E como os setores podem ser estimulados?
Célia: Desde que assumi o mandato, na legislatura anterior, criei uma comissão especial para tratar da indústria naval, pois o melhor programa social é a oportunidade de trabalho. E essa indústria já gerou cerca de 80 mil empregos diretos, fora os indiretos. Trabalhei na pauta da economia e construí propostas transformadas em lei, como a política econômica do mar. Somos 25 municípios litorâneos com dois setores importantes: naval e pesca. Além de produzir elos, eles também conversam diretamente com outras atividades. Com isso, as cadeias produtivas vão se adensando e gerando empregos, fazendo a economia refletir nas cidades não litorâneas, que escoam a sua produção. Temos ainda o potencial turístico, mas que requer um planejamento estratégico adequado. O governo tem se organizado para alinhar o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social (Pedes) ao potencial de cada região, para que novas atividades econômicas possam se instalar, de forma descentralizada. E cabe à Alerj garantir políticas públicas aos mais vulneráveis e um ambiente jurídico e político mais estáveis.
Como o estado pode explorar o potencial da economia do mar?
Há um plano de desenvolvimento da indústria marítima, entregue ao vice-presidente Alckmin em uma reunião com o cluster naval e diversas empresas. O projeto contempla a recuperação de ferrovias, melhora do acesso aos portos e uma solução para o problema dos navios abandonados na Baía de Guanabara. A economia do mar é uma oportunidade para aproveitar o potencial do setor e movimentar a economia.
Quais são os maiores desafios para aproveitar todo o potencial do mar em termos econômicos?
Acho que um dos principais é a questão da reciclagem de navios, que era uma lacuna. É necessário que o parlamento construa legislações que atendam às necessidades do mercado, para que as políticas públicas possam ser implementadas. A estrutura dos portos precisa ser melhorada e o turismo, fortalecido. Também é preciso entregar iniciativas efetivas para a população, além de observar as dificuldades enfrentadas pelos pequenos empreendedores e pelo financiamento de maquinário. O Pedes pode ser um guarda-chuva para promover diretrizes voltadas às políticas setoriais específicas. É necessário debater o Regime de Recuperação Fiscal, que, da maneira como foi construído, tem juros impagáveis. Esses são gargalos que impedem investimentos no setor.
Como a economia fluminense pode ser descentralizada?
Sou bem municipalista, de modo geral. O sentimento de quem é do interior é que o único foco do governo é a capital. Mas temos que ser justos, o Executivo tem procurado interiorizar as ações, dando atenção a todos os municípios. A regionalização é fundamental e, para ser alcançada, a estratégia é fomentar e dar importância à economia já forte nos municípios, além de criar novos indutores. Tudo isso precisa passar por um planejamento para o crescimento do estado.
Como está atualmente a defesa da instalação de um complexo industrial da saúde no RJ?
Esse assunto é parte do plano estratégico do governo e vai demandar iniciativas de várias secretarias. O Rio vem perdendo indústrias há décadas, mas existe um ambiente propício para sediarmos o complexo, sobretudo com o apoio da Fiocruz, de universidades, empresas e hospitais. Agora, o governo está com os olhos voltados para estabelecer as políticas necessárias para avançar com o planejamento.
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