Eduardo PaesDivulgação

A sucessão municipal parece distante, em 2024. Só que não. São intensas as movimentações nos bastidores, principalmente a busca por definições de quais serão os adversários mais fortes para enfrentar o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), já em seu terceiro mandato, sendo os dois primeiros de 2009 a 2016. Nesta entrevista, Paes antecipa que pretende convencer o eleitor que a atual gestão herdou uma herança maldita, que ele chama de "terra arrasada", deixada por seu antecessor, Marcelo Crivella.

Prefeito, baseado na sua experiência política, o que estará em jogo na disputa eleitoral do ano que vem?
Mais uma vez, o futuro do Rio estará em jogo. De 2017 a 2020, tivemos anos tenebrosos na administração municipal, um retrocesso incrível. Ao assumir em 2021, encontrei uma terra arrasada e tive de reconstruir muito do que já havia feito, como o sistema básico de saúde e o BRT. Educação, Saúde e Transporte são temas fundamentais, porque afetam diariamente a vida do cidadão e todo o gestor municipal tem a obrigação de fazer deles uma prioridade. E, universalmente, precisamos caminhar cada vez mais rumo a uma cidade inovadora e resiliente.

O transporte no Rio é um problema sério. O BRT é criticado pelo usuário. Quando isso será solucionado?
Deixei a Prefeitura em 2016 com 400 articulados em operação no BRT. Ao retornar, eram só 120 e caindo aos pedaços. Se tivessem realizado um mínimo de manutenção, não teria se transformado em um caos generalizado. Recomeçamos do zero, encampei as linhas, comprei 600 ônibus, estamos na reta final da reforma de todas as estações. A pista do corredor Transoeste vai ser finalizada até o fim do ano, o que vai permitir a entrada em operação dos novos ônibus, assim como concluiremos o corredor Transbrasil.

As favelas se expandiram geograficamente e os pobres estão encurralados nas suas casas pelo tráfico de drogas, milícias e criminosos. Como quebrar este modelo?
Antes de qualquer ação, é preciso ter uma política de segurança pública permanente, que não existe há muito tempo, e investimento na formação do policial. Não pode ser mais aquela história de ou tiro na cabecinha ou sociologia. É preciso manter um constante diálogo com todo o sistema de segurança. Não só com a polícia. Mas também com o sistema penitenciário, o Ministério Público e o Judiciário. O que compete à Prefeitura, o combate às construções irregulares tem sido feito com sucesso. Desde que assumi, foram derrubadas três mil construções e o que acarretou um prejuízo de R$ 300 milhões ao crime organizado.

O que é indispensável defender na nova Reforma Tributária a ser proposta ao Congresso?
É evitar que os municípios sejam prejudicados nessa reforma. Por isso que a minha preocupação e a da Frente Nacional dos Prefeitos é a pouca clareza do projeto que está se colocando para votar na Câmara. Além de não sabermos como será feita a divisão do bolo tributário, outro aspecto importante é que a Constituição de 88 deu autonomia para todos os entes da federação. E o que percebemos neste momento é uma centralização tributária em Brasília. Sabemos que o governo central tem o seu papel, mas nem sempre é o mais ágil para a implementação de políticas públicas, papel que as cidades desempenham com mais eficiência.

O senhor vai investir em inovação. Qual a sua ideia?
O objetivo principal é o de transformar o Rio na capital da inovação na América Latina e colocar a cidade no mapa global do mercado de tecnologia. Trouxe para cá o Web Summit, maior evento de tecnologia do mundo. A Prefeitura tem feito um grande esforço para oferecer cursos, estágios e oportunidades em diversas áreas da tecnologia. Por exemplo, vamos formar mais de cinco mil jovens em programação, criar uma força de trabalho, para atrairmos o empresariado e fazer com que ele se fixe aqui. E, claro, teremos ainda o Impatech, a nossa Faculdade de Matemática que vai reunir todos os vencedores das Olimpíadas desta disciplina para se formarem aqui.

Há pouco tempo, a Câmara de Vereadores se viu diante de um escândalo de contratações secretas. Onde o poder legislativo se perdeu?
O que houve ali foi um erro burocrático de transparência, pela falta de especificações em contracheques e alguns servidores que não cumpriram com suas obrigações. Mas o presidente da Câmara agiu rápido para resolver esses problemas. O presidente Carlo Caiado é competente e muito sério. É uma vitória do legislativo municipal ter um presidente como ele.