Secretário Chicão BulhõesDivulgação SMDEIS/Hugo Barreiro

O advogado Chicão Bulhões é secretário de Desenvolvimento Urbano e Econômico da cidade do Rio de Janeiro e importante nome da gestão do prefeito Eduardo Paes. Eleito deputado estadual pelo NOVO em 2018, renunciou ao mandato para assumir o cargo na administração municipal. Em entrevista à coluna, o secretário projetou um novo momento para o Rio, em inovação, tecnologia e desburocratização dos serviços públicos, além das questões em torno do Galeão. "Nenhum aeroporto grande e internacional vive apenas da demanda local. Por isso é tão importante coordenar os voos do Galeão e do Santos Dumont, para que a oferta de voos regionais no Galeão torne o aeroporto economicamente atrativo para receber as grandes aeronaves dos voos internacionais. Mais voos significa maior concorrência, preços melhores e uma economia mais competitiva".
O que falta exatamente para o aeroporto do Galeão voltar a ter relevância e melhorar a economia da cidade?
Conectividade. Para se tornar um hub com muita oferta de voos, um aeroporto internacional que recebe grandes aeronaves precisa ter uma oferta de voos locais/regionais suficientes para que os passageiros possam fazer conexões. Nenhum aeroporto grande e internacional vive apenas da demanda local. Por isso é tão importante coordenar os voos do Galeão e do Santos Dumont, para que a oferta de voos regionais no Galeão torne o aeroporto economicamente atrativo para receber as grandes aeronaves dos voos internacionais. Mais voos significa maior concorrência, preços melhores e uma economia mais competitiva.
O que significa na prática a aplicação da Lei de Liberdade Econômica e desburocratização no Rio de Janeiro? Em que medida ela facilita a vida do empreendedor na cidade do Rio?
Para quem tem um negócio considerado de baixo risco como, por exemplo, um pequeno comércio, uma empresa de tecnologia, quem trabalha de casa, agora poderá se formalizar no seu próprio endereço, em qualquer região da cidade, em um minuto. Basta entrar no Carioca Digital, clicar no Alvará a Jato, preencher as perguntas e… pronto! Você já está autorizado e formalizado no seu próprio endereço. Não tem mais aquela história do fiscal perturbando ou de corrupção para poder trabalhar. Quem quer trabalhar formalizado e legalmente em local privado, agora tem direito de fazer isso com segurança e rapidamente fazer seu cadastro junto à Prefeitura. 
Até o final da gestão Eduardo Paes o que se pode esperar de revitalização do Centro da Cidade? Há uma ordem de inaugurações?
Isso não acontece da noite para o dia, mas a cidade do Rio de Janeiro está na vanguarda e esperamos nos recuperar antes mesmo de muitas cidades grandes que, mundo afora, também têm os desafios da mudança na vida pós-covid nos seus centros comerciais. As pessoas querem poder morar perto do trabalho, em locais mais seguros e com infraestrutura. O Centro pode ser tudo isso, por isso alteramos a lei para permitir e estimularmos mais residenciais, através de incentivos para novos projetos ali. Além disso, criamos o Reviver Cultural e o Rua da Cerveja, e esperamos trazer mais vida para as lojas fechadas nas ruas do Centro. Alguns lançamentos residenciais já foram feitos, e a partir do início do ano que vem começaremos a ver as ruas ganharem vida com os projetos.
Quais as políticas públicas que ainda estão sendo preparadas para tornar o Rio capital da inovação?
Temos que seguir a fórmula dos locais que enriqueceram suas populações e prosperaram. Foi a transformação do conhecimento em tecnologias que foram os grandes motores para os países desenvolvidos. Isso passa por três pilares: educação, infraestrutura/regulação e atração de novos negócios. Em educação, lançamos os Programadores Cariocas, para que as pessoas de baixa renda possam entrar nesse mercado de tecnologia. Fizemos o IMPA Tech no Porto Maravalley em parceria com o Governo Federal, que irá formar 400 alunos por ano nas quatro primeiras graduações oferecidas pelo IMPA, um instituto de matemática renomado. Serão cursos de Matemática, Ciência da Programação, Física e Ciência de Dados, todos com bolsa integral e moradia na região do Porto. A Secretaria de Educação lançou os GETS, Ginásios Experimentais Tecnológicos, para formar a garotada desde o ensino fundamental e preparar para as profissões do futuro. Além, claro, dos cursos profissionalizantes promovidos por outras secretarias. Em infraestrutura/regulação, lançamos o Alvará a Jato, o ISS Tech, o ISS Neutro para estimular o mercado de crédito de carbono, o Hub de inovação do Porto Maravalley, a Lei da Liberdade Econômica, o Centro de Energias e Finaças do Amanhã, o cabeamento de internet mais rápido da cidade, no Porto, o futuro Terminal Gentileza, a retomada do BRT, a infraestrutura do Distrito Industrial de Santa Cruz, o Reviver Centro e a recuperação do Aeroporto do Galeão. E, por fim, em atração de negócios nós criamos a Invest.Rio, agência responsável pela atração de investimento na cidade, além de trazermos para o Brasil o Web Summit e de apoiarmos eventos locais como Rio Innovation Week, Open Innovation Week, Rio2C e tantos outros. No ano que vem, vale lembrar, o governo federal escolheu o Rio para a ser a sede do G20, que é o grande encontro das grandes economias globais.
Nos diga qual é a importância de ter um projeto experimental regulatório como o Sandbox.Rio para a cidade? O que é isso?
Inovação é tentativa e erro. Um produto ou serviço inovador dependem disso para gerar emprego, renda e valor para uma empresa. Queremos atrair as empresas inovadoras para cá, para testarem seus produtos e serviços com segurança jurídica e em parceria com a prefeitura. Além disso, ter a prefeitura controlando e participando do processo também traz mais segurança para a população. Casos como entrega de drones, uso de aplicativos para patinetes ou outros modais de transportes, transição de energia, drones que levam e trazem pessoas, combustíveis elétricos. Tudo isso pode chegar aos cariocas com mais segurança e atrair investimentos para cá.
Como se pode investir no conceito de inovação numa cidade insegura onde convivem traficantes e milicianos e outros tipos de criminosos?
A inovação é a melhor resposta para esses problemas. Temos que usar mais tecnologia para combater o crime organizado. Câmeras, reconhecimento facial, drones, inteligência artificial, segurança cibernética, centros integrados de informação, uso de dados e informatização, tudo isso pode ajudar muito no combate à criminalidade. A cultura da inovação permite que tenhamos mais soluções como essas operando no Rio e que sejam feitos mais investimentos pelo poder público nesse sentido.