Pichações na sede da Enel em Araruama Foto: Araruma em Pauta

Após semanas de intenso calor e dias de fortes chuvas, moradores da Costa do Sol estão precisando lidar com novos problemas: transtornos gerados pela crise energética que atinge os municípios da região. O assunto tem provocado tantos problemas que ganhou destaque na Alerj nesta terça-feira (21).

Os deputados debateram as atitudes tomadas pela Enel e Light diante da crise que não atinge apenas a Região dos Lagos, mas sim todo o Estado. Segundo o líder do governo na Alerj, Dr. Serginho (PL), que esteve presente na reunião, a assembleia já abriu uma CPI para apurar as ações das concessionárias de serviços públicos do Rio de Janeiro.

Nesta terça, foi debatida a convocação dos representantes das concessionárias. Dr. Serginho afirma que, em relação à Enel, será investigado o porquê da empresa ter reduzido drasticamente o número de contratados no RH, além de o fato de que "podas de árvores" ter sido colocado como investimento pela concessionária, sendo que, conforme explica, isso é custeio.

O deputado explicou que, para a próxima semana, os representantes da Enel já estão convocados. Dr. Serginho afirma que o objetivo da Enel é apurar a responsabilidade e cobrar soluções.
ENTENDA O QUE ESTÁ ACONTECENDO

Os picos de energia têm acontecido em várias cidades, como Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, Araruama, Saquarema e Maricá. Cada vez mais frequentes, os resultados negativos desta "crise", tanto para o usuário quanto para o serviço público, são vários e têm causado inúmeros transtornos, como falta d'água, por exemplo.

Em resposta à situação, moradores de Cabo Frio e Armação dos Búzios, na quinta (16) e domingo (19), protestaram, respectivamente, com o objetivo chamar a atenção da Enel, concessionária responsável pelo serviço de energia na região. No município cabo-friense, inclusive, a manifestação terminou em polícia, porque moradores queimaram pneus.

Mas, apesar disso, a situação não foi resolvida. Ainda em Búzios, só que nesta terça-feira, a Câmara de Vereadores emitiu uma nota oficial informando que, por conta de problemas de energia elétrica, a sessão não pôde ser transmitida on-line, sendo apenas on-line, sendo apenas gravada.
Também para chamar a atenção sobre o caso, em Maricá, a população, assim como em Cabo Frio, também queimou pneus. Uma das pistas da rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), na altura do km 20,5 e 21, no sentido Niterói, foi fechada.
Protesto em Maricá  - Foto: Adriano Marçal
Protesto em Maricá Foto: Adriano Marçal
Já em Araruama, nesta segunda-feira (20), manifestantes vandalizaram a sede da Enel, localizada no Centro. Frases como: "Odeio a Enel" e "Só quer $" foram pichadas no local, sendo uma forma de demonstrar a revolta com a constante falta de luz na cidade. Durante a tarde desta terça-feira (21), moradores se reuniram em frente ao local em um novo protesto. A Guarda Municipal e a Polícia Militar foram acionadas.
Protesto em frente à sede da Enel em Araruama  - Foto: Araruama em Pauta
Protesto em frente à sede da Enel em Araruama Foto: Araruama em Pauta
Além disso, moradores de um condomínio localizado na Rua das Amendoeiras denunciaram, nesta terça, que, desde a noite de sábado (18), estão sem luz. Ou seja, são quase quatro dias sem energia elétrica.

Um habitante conta, ainda, que funcionários da Enel teriam se recusado a consertar um fusível da localidade, porque esta seria responsabilidade de outra equipe. Ele afirma, também, que muitos idosos moram na localidade e que a concessionária estaria ferindo o estatuto do idoso.
*No momento em que o morador fala Ampla, é Enel.
Em Saquarema, notas oficiais foram divulgadas pela prefeitura nesta terça-feira (21), informando que as ESF Água Branca, ESF Mombaça, ESF Rio Seco e ESF Sampaio encontram-se fechadas devido à irregularidade no fornecimento de energia elétrica.

Já o Ambulatório Pediátrico (sem sistema e com 1 fase elétrica); ESF Bacaxá (1 fase elétrica e sem sala de vacinas e ESF Bonsucesso (sem sala de vacinas) estão funcionando em uma fase. Nestes locais, as salas de vacina funcionarão apenas com a normalização da rede elétrica.
Sobre os casos, a concessionária emitiu uma nota justificando que a falta de energia constante nos municípios se deu por conta da “ tempestade, com chuva, rajadas de vento e descargas atmosféricas, registrada durante o início da noite de sábado (18). [A chuva] causou danos severos à rede elétrica de várias cidades fluminenses, interrompendo o fornecimento de energia de parte dos clientes”. Contudo, não foi informada uma data para a normalização da situação.

Outro município que também foi prejudicado pela falta de luz foi Arraial do Cabo, um dos destinos mais procurados na Região dos Lagos durante o feriadão. A advogada Ana Carolina Melman, que tem residência no Pontal do Atalaia, disse que a falta de fornecimento de energia elétrica foi percebida na última sexta (17) de manhã e apenas voltou no domingo.

A advogada declara que foi extremamente prejudicada pela situação. Ela contou, inclusive, que fez várias solicitações de serviço para a Enel. Por fim, diante de toda a situação, Melman afirma que vai processar a empresa.

NOVO POSICIONAMENTO

O Jornal O DIA entrou em contato novamente com a concessionária, questionando se há previsão de normalização em relação à crise energética. A Enel enviou a seguinte nota:

"A Enel Distribuição Rio informa que, desde 2019, a força de trabalho total da Enel Rio, que inclui colaboradores próprios e terceirizados, aumentou em 43%, sendo que o número de colaboradores próprios também ampliou em 20%. A distribuidora destaca que ampliou o reforço de equipes em campo entre ontem (20) e hoje (21), principalmente nas cidades mais afetadas, como Niterói, São Gonçalo, Maricá e Petrópolis. Ao todo, cerca de 900 equipes estão atuando nas ruas para acelerar o atendimento das ocorrências remanescentes.

A Enel também implementou “mesas de cooperação” com as Prefeituras de Niterói, São Gonçalo e Petrópolis em que representantes da distribuidora e das administrações municipais atuam em conjunto em tempo real. A colaboração permite a atuação mais rápida em casos prioritários e o apoio de agentes municipais para ajudar os técnicos a se deslocarem melhor no trânsito e garantir a segurança dos colaboradores da distribuidora.

A Enel esclarece que os atendimentos em curso hoje são mais localizados e muitas vezes complexos, porque demandam a reconstrução da rede, exigindo horas de serviço em cada local.

Como as emergências estão espalhadas em diferentes pontos específicos, o restabelecimento do serviço ocorre de forma gradativa, apesar de todo o adicional de técnicos atuando nas ruas.Com relação à convocação da Alerj, a Enel Rio ressalta que está à disposição das autoridades para compartilhar as informações sobre a operação da companhia, incluindo todas as medidas emergenciais tomadas para o enfrentamento às fortes chuvas do último sábado (18/11). A empresa reforça que mantém uma relação de transparência com seus clientes e com todos os seus públicos e está fortemente comprometida em oferecer um serviço cada vez melhor à população
".

Em relação à redução de funcionários, o Jornal O DIA aguarda retorno.