Esses postos não são vilões, mas sim aliados, promovendo concorrência, preços mais baixos e qualidade comparável à dos postos com bandeiras tradicionaisDivulgação
A famigerada frase de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, sobre como “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, ilustra bem o que ocorreu com a imagem desses postos. Criado na década de 1990, o posto bandeira branca trouxe uma revolução ao mercado de combustíveis no Brasil, quebrando um esquema de controle que favorecia grandes distribuidoras desde o início do século XX. O modelo de preços tabelados foi desmantelado, permitindo maior concorrência e, consequentemente, preços mais justos para os consumidores.
Historicamente, o Brasil foi dependente de importações de combustível até meados do século XX, quando grandes companhias internacionais dominavam o mercado e lutavam contra o desenvolvimento do refino nacional. Quando o Brasil conseguiu estruturar sua própria cadeia de refino, as distribuidoras internacionais impuseram um modelo peculiar: um setor de distribuição independente, sem atividades de prospecção ou refino, mas que mantinha margens de lucro elevadas apenas na comercialização. Esse formato, praticamente único no mundo, resultava em ganhos astronômicos para as distribuidoras, enquanto o restante da cadeia assumia riscos e investimentos.
Essa distorção tornou-se ainda mais evidente no governo Dilma Rousseff. Enquanto a Petrobras acumulava prejuízos bilionários no refino, as distribuidoras registravam lucros igualmente bilionários na distribuição. Esse desequilíbrio, somado ao monopólio das grandes distribuidoras, reforçou a necessidade de mudanças no setor. Foi nesse contexto que, na década de 1990, a liberação de preços e o surgimento do posto bandeira branca representaram um divisor de águas, desafiando o modelo predominante e trazendo benefícios significativos ao consumidor brasileiro.
Com o fortalecimento dos postos bandeira branca, houve uma reação imediata e agressiva dos interesses estabelecidos. Utilizando desinformação – ou, em termos atuais, fake news –, as grandes distribuidoras investiram pesadamente para criar uma imagem negativa desses postos. Mesmo assim, o modelo se consolidou e hoje representa cerca de 50% dos postos no Brasil, provando sua relevância e a confiança dos consumidores que entenderam os benefícios oferecidos.
Muitos dos mitos associados aos postos bandeira branca carecem de fundamentos. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que os índices de adulteração nesses postos não são superiores do que nos postos vinculados a grandes bandeiras – e, em alguns anos, os índices foram até menores. Isso desmente a narrativa de que o posto bandeira branca vende combustíveis de qualidade inferior, comprovando que qualidade não depende do modelo de operação, mas sim de fiscalização e boas práticas.
Além disso, é falso dizer que os postos bandeira branca estão associados ao crime organizado. Em estados como São Paulo, por exemplo, postos controlados por organizações criminosas frequentemente ostentam bandeiras de grandes companhias ou marcas próprias dessas organizações. Isso demonstra que o problema está mais relacionado à ausência de compliance por parte das grandes distribuidoras do que ao modelo bandeira branca.
Outro aspecto que merece destaque é o papel fundamental dos postos bandeira branca na promoção da concorrência. Sem eles, os preços dos combustíveis seriam significativamente mais altos. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) já identificou casos, como no Distrito Federal, em que a ausência de postos bandeira branca facilitou a prática de preços abusivos para os consumidores. Esses postos são, portanto, agentes essenciais para equilibrar o mercado e garantir preços mais acessíveis.
Assim, ao passar por um posto bandeira branca em seu trajeto diário, lembre-se de que você está diante de uma alternativa que beneficia o mercado e o consumidor. Esses postos não são vilões, mas sim aliados, promovendo concorrência, preços mais baixos e qualidade comparável à dos postos com bandeiras tradicionais. É hora de desconstruir os preconceitos e reconhecer a importância desse modelo para o setor de combustíveis no Brasil.
Ricardo Magro é empresário, advogado e filantropo brasileiro reconhecido por sua expertise em tributação e sua atuação no mercado de petróleo e combustíveis. Defensor dos direitos de postos independentes e distribuidores menores, Magro se destaca por promover concorrência e equidade, tendo vencido várias batalhas em defesa de seus clientes. Sua paixão pelo esporte, especialmente artes marciais, o levou a criar o projeto "Usina de Campeões", beneficiando centenas de jovens do Rio de Janeiro.
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