'Jah-Van': Arnaldo Antunes (E), o produtor BiD e Rincon Sapiência. O ex-titã e o rapper soltaram as vozes na releitura de 'Sina' - Divulgação
'Jah-Van': Arnaldo Antunes (E), o produtor BiD e Rincon Sapiência. O ex-titã e o rapper soltaram as vozes na releitura de 'Sina'Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Djavan usa trancinhas, tem o reggae no caldeirão de ritmos presente em seus discos, mas não é um cara do reggae. O produtor paulistano BiD cuidou, ao lado do baixista Fernando Nunes, de 'Jah-Van', disco que leva o ritmo jamaicano para a obra do cantor alagoano, com convidados. E diz que há uma palavra básica que conecta Djavan e um astro do estilo como Bob Marley.

"África! Ela é a mãe do Brasil e a mãe da Jamaica. Jamaica e Brasil são irmãos separados pelo mar, têm culturas muito similares. E são países que passaram por escravidão, foram colonizados por europeus, têm muito futebol, muita política corrupta...", enumera BiD, explicando que tal opção acabou possibilitando que o projeto acontecesse. E ficasse bom.

"Fiz questão que o disco terminasse na África. 'Cigano', a última música, tem Criolo com (a banda jamaicana de reggae) The Abyssinians, e o verso final é 'Africa, we want to go'", completa o produtor, que também reuniu no álbum vozes como Arnaldo Antunes, Rincon Sapiência (ambos em 'Sina), Zeca Baleiro ('Faltando Um Pedaço'), Fernanda Abreu ('Azul'), Chico César ('Nem Mais Um Dia'), Seu Jorge, Black Alien (ambos em 'Meu Bem Querer'), Zélia Duncan (com Assucena, de As Bahias & A Cozinha Mineira, em 'Açaí'), Ivete Sangalo e Zé Ricardo (em 'Lilás').

FUGIR DO ÓBVIO

Apesar da presença do reggaeman paulistano Dada Yute entre as vozes do álbum (ele releu 'Samurai') nem BiD nem Fernando sentiram-se na obrigação de convidar gente do estilo. Bem ao contrário.

"Queríamos um instrumental o mais jamaicano possível, mas com gente da MPB. Os convidados passeiam, paqueram, mas não são casados com o reggae. Arnaldo Antunes é fã de reggae, Zeca Baleiro é do São Luís, capital nacional do reggae...", afirma.

BRINCADEIRA

O projeto nasceu de uma piada de BiD, que, numa tarde de som e papo, soltou para Fernando Nunes e para o baterista Kuki Stolarski: "Jah-Van!". Veio a ideia instantânea de um disco de Djavan no reggae. E BiD soltou a brincadeira para a pessoa certa na hora certa, já que Fernando Nunes é alagoano, como Djavan.

"Ele pegou o violão, tocou 'Samurai' e pensamos: 'Funciona'. Tocou 'Faltando um Pedaço' e pensamos: 'Funciona'. Depois ouvimos outras e... 'Essa aqui não, tem muito acorde'. Porque o reggae tem poucos acordes, é quase um mantra. As músicas do Djavan têm muitos acordes", conta BiD, avisando que 'Jah-Van' sai em março em LP (e não em CD) e que haverá uma turnê do álbum, ainda sem data definida. "Vamos variar os convidados de modo que em cada lugar o show seja diferente. No fim do ano queremos um show com todos os convidados. E o Djavan!", sonha.

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