A atriz Cristina Flores (centro) e elenco em cena do novo espetáculo
 - Dalton Valerio
A atriz Cristina Flores (centro) e elenco em cena do novo espetáculo Dalton Valerio
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Estreia nesta sexta-feira no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio, a peça 'Rio 2065', de Pedro Brício, celebrando os 20 anos da companhia Os Dezequilibrados, dirigida por Ivan Sugahara.

O 20º espetáculo do grupo pretende fazer um retrato fictício do Rio em 2065, com a linguagem irreverente, bem-humorada e contemporânea que caracteriza a companhia. "É uma alegoria sobre as questões do presente, uma comédia rasgada que faz referência à linguagem do besteirol e filmes B, mas com um viés crítico que brinca com a ficção científica", analisa Pedro Brício. "No ano de 2065, será comemorado os 500 anos de fundação do Rio. A cidade é a protagonista da peça, numa visão ao mesmo tempo futurista e presa ao passado mais remoto", completa.

A TRAMA

Em cena, além de integrantes do grupo formado por Ângela Câmara, Cristina Flores, José Karini e Letícia Isnard, a montagem convida Alcemar Vieira, Guilherme Piva, Jorge Maya e Lucas Gouvêa, para contar a história da cidade no ano em questão. O panorama é o seguinte: um Rio quase todo vendido para os estrangeiros, mas que permanece como destino turístico de entretenimento e Carnaval. Um quadro de ficção científica, contado com a velocidade e conflitos dos tempos atuais.

"Procuramos fazer uma apropriação criativa do gênero de ficção científica, numa linguagem que remete tanto às chanchadas quanto aos movimentos antropofágico e tropicalista", define o diretor.

"É uma crônica da nossa história e da atualidade. Retrata uma espécie de futuro absurdo com fortes traços da época colonial e dos dias de hoje. Mas também buscamos encontrar espaços para o que existe de poético e estranho nesse amanhã imaginário, quando nossas raízes e nosso presente coexistem com nossos anseios e temores do futuro", diz.

RESISTÊNCIA

O atual 'casamento' de Pedro Brício com a companhia vem de um namoro antigo. "Sou fã deles", declara o autor. "É uma peça que precisa de atores intensos, cômicos, despudorados, com senso crítico e espírito de companhia. E de um diretor que soubesse orquestrar as diferentes atmosferas, que tratam de questões que eu e eles queríamos falar".

Ivan constata que com o trabalho ininterrupto nestas duas décadas, a história do grupo se mistura à da sua vida. "Já passamos por tudo, já brigamos muito, nos amamos muito, já casamos entre nós e separamos. O Saulo tem um filho com a Ângela, muita água já rolou", recorda.

"Estarmos juntos até hoje é algo raro. Viramos uma grande família, e tem essa vantagem de a gente conseguir ter uma linguagem de trabalho. Para este espetáculo, ensaiamos dois meses. Mas não são dois meses, são 20 anos e dois meses, o que faz toda a diferença. É um espetáculo complexo, não seria possível fazer nesse tempo com um elenco que não trabalhasse junto".

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