Tia Maria e Victor Lobisomem Alvim: justa homenagem - Divulgação
Tia Maria e Victor Lobisomem Alvim: justa homenagemDivulgação
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Em homenagem a Tia Maria do Jongo – Maria de Lourdes Mendes, de 98 anos (completados no dia 30 de dezembro) -, maior patrona dessa tradicional dança de roda, será lançada neste sábado, ás 10h, na Casa do Jongo da Serrinha (Rua Compositor Silas de Oliveira, 101, Serrinha, em Madureira), um folheto de literatura de cordel. De 20 páginas, a obra é de autoria de Victor Lobisomem Alvim, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Haverá aula de dança adulta de jongo, com entrada franca. Após o lançamento do livreto, às 11h30, será aberta a exposição 'Alfabeto do Samba', seguido de almoço (opcional).

"De raiz africana, que une canto, dança e toque de tambor, e que era praticada em senzalas no Rio de Janeiro e outros pontos do Sudeste, o jongo ainda resiste, graças à abnegação, entusiasmo, e resistência de pessoas como Tia Maria", elogia Victor. O folheto estará à venda na Casa do Jongo, por R$ 3. Tanto o jongo quanto a literatura de cordel são registrados como Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Atualmente, Tia Maria é a mais antiga em atividade no jongo no país. "É uma figura ímpar da nossa cultura de origem africana. Ela representa a ancestralidade de uma das famílias mais importantes da Serrinha. O pai dela, Francisco Zacarias de Oliveira, sempre ao lado da esposa, Dona Etelvina, por exemplo, instalou a primeira bica d`água em torneira da região, através do então ministro Edgar Romero, com festa e banda", detalha Victor.

O cordelista lembra ainda que do quintal da família de Tia Maria nasceu a Escola de Samba Império Serrano. "Então, ela é testemunha ocular e encarna a geração de grandes nomes desse enorme berço cultural do samba, que é a Serrinha, como Dona Yvone Lara, Aniceto do Império, Mano Elói, entre outros. Tia Eulália, João Grandim, Sebastião Molequinho, seus irmãos, também são ícones, figuras históricas queridas da comunidade", lembra Victor, comentando que Tia Maria era vizinha de Vovó Maria Joana, com seu filho, Mestre Darci; e Vovó Teresa, que são grandes nomes do jongo também.

Victor, que vai autografar os folhetos neste sábado, durante o lançamento, explica que antigamente só os mais velhos podiam assistir e dançar o jongo. Mas Vovó Maria Joana e Mestre Darci, decidiram abrir as rodas e o aprendizado para as crianças e jovens. "A partir daí, Tia Maria inaugura nova fase do jongo, evitando, assim, que as rodas dessa dança entrassem em extinção".

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