Artista Luciano Alves pintando mais um quadro com a boca - Divulgação
Artista Luciano Alves pintando mais um quadro com a bocaDivulgação
Por O Dia

Rio - O Museu Histórico da Cidade, no Centro do Rio, recebe, a partir desta quinta-feira a exposição 'Corpo de Fuzileiros Navais, Inclusão e Arte', com entrada gratuita. A mostra em cartaz até o dia 23 de junho, de terça a domingo, das 10h às 17h, reúne 27 pinturas feitas por artistas que usam apenas a boca e os pés para produzir as obras. As telas, com temática naval, reproduzem fotos de militares em ações sociais. Durante a visita, será possível ainda encontrar alguns pintores que estarão no local fazendo demonstração.

Pintor desde que sofreu um acidente há 25 anos, Marcelo Cunha, de 49 anos, ilustrou uma militar ajudando uma criança durante uma ação no exterior. "O objetivo é compartilhar com o maior número de pessoas essa mostra que aborda a preocupação social. Aproveitamos também para divulgar o trabalho da associação e atrair mais artistas", afirma Marcelo, que tem formação em desenho publicitário.

"A partir da arte consegui minha reinserção social", diz o artista e jornalista Luciano Alves, de 32 anos. Há 15 anos, quando um acidente nas pedras do Arpoador o tornou tetraplégico e bloqueou seus movimentos do ombro para baixo, ele encarou as pinturas como um hobby, uma espécie de terapia. Mas certo dia algo inesperado ocorreu. "Fazia parte da minha reabilitação, mas um dia um médico residente cruzou por mim e quis comprar meu quadro, disse que era muito bom", conta Luciano.

Em seguida, no ano de 2005, ele conheceu a Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP), a qual faz parte desde então. "Fui aprovado e agradeço muito por isso. Cada dia que passa busco meios de aumentar minha independência dentro da minha dependência", afirmou o jornalista que usa um celular adaptado à cadeira de rodas, próximo à boca, para trabalhar.

O evento é organizado pelo Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e pela APBP, que participa, em média, de 15 exposições por ano.

Atualmente, a associação conta com 14 pintores no Rio de Janeiro. Fundada em 1956, a APBP é uma organização internacional, que tem como propósito promover a inclusão de artistas que perderam a capacidade de uso de suas mãos - por nascença, acidente ou doença - e que pintam com a boca e os pés.

Além das obras de arte e as participações em exposições, os associados costumam ministrar palestras e fazer demonstrações de pintura. É a partir dessas obras, que são vendidas em formato de cartão-postal ou calendário, que os associados arrecadam os recursos e conquistam sua autonomia financeira.

Local: Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro - Estrada Santa Marinha, s/nº, Gávea.

Classificação: livre

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