Enzo Romani - Amimshoots/Reprodução
Enzo RomaniAmimshoots/Reprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Cantor há 13 anos, ator há quatro, sem falar que é yoga desde os 12 anos, especialista em terapias integrativas e cigano. Enzo Romani, 24 anos, é uma das principais apostas da Globo na minissérie 'Se Eu Fechar os Olhos Agora', que estreia dia 15 de abril, às 23h. Na produção, ele interpreta Renato, um jogador de futebol e motociclista, que por onde passa mexe com a mulherada. É assim tanto com Cecília (Marcela Fetter), que namora Edson (Gabriel Falcão), quanto com Isabel (Débora Falabella), a mulher do prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício).

"O Renato é um cara que passou por muitas dificuldades na infância, teve uma criação conturbada, sofre racismo, mas revida os ataques que recebe, sem papas na língua e, mais do que isso, é quase um propósito de vida dele: se vingar daqueles que o fazem se sentir mal", explica Enzo Romani, que já fez 'Malhação: Seu Lugar no Mundo' (2015), 'Rock Story' (2016), 'Show dos Famosos' (2017) do 'Domingão do Faustão' e 'Me Chama de Bruna' (2018), no canal Fox.

PAPEL CENTRAL

'Se Eu Fechar os Olhos Agora' é baseada no livro homônimo de Edney Silvestre e mostra como o jogo de aparências domina a sociedade da fictícia cidade de São Miguel. O assassinato de Anita (Thainá Duarte) é o ponto de partida para um thriller psicológico e o estopim para que Ricardo Linhares, autor da minissérie, fale de temáticas ligadas ao racismo, preconceito e mulheres à frente do tempo. No caso de Renato, ele tem uma ligação com Anita, só que o ator não entra em detalhes, mas dá uma pista. "Quem leu o livro sabe qual é o grau de parentesco deles. Quem estiver curioso, leia o livro. Quem não estiver, assista à série, vai ser bem melhor", entrega, aos risos.

"As pessoas podem esperar muita energia sexual do Renato. Ele tem uma energia sexual muito forte. Mais pro lado doentio, mal-resolvido, não tão espiritualizado. Ele é um reflexo pra mim do que acontece quando você entra em contato com sua energia sexual de forma não consciente e deixa ser levado pelos seus instintos, a raiva, a luxúria", explica o ator, que ganhou uma dica do diretor artístico Carlos Manga Jr. para chegar no ponto do personagem. "Pediu pra eu parar de meditar porque estava muito calmo", lembra, aos risos.

BASTIDORES

O conselho funcionou. Enzo ficou mais agitado, conseguiu dar o tom impulsivo, quente e raivoso que o papel exigia. Para ajudar, ele ainda ouvia músicas densas como os ritmos death metal, hip hop e músicas com conteúdo explícito. "Fazia isso tudo apesar de ser completamente contra a Ahimsa (prática da não-violência), que é o primeiro dos dez preceitos do yoga, que não é só meditar ou fazer posturas, é uma relação ética também de você com a sociedade e você com você mesmo. Foi um grande choque e aprendizado", avalia o paulista de Caraguatatuba.

Foram seis meses de trabalho, sendo um de preparação e o restante de gravação. O local de gravação foi na pequena Catas Altas, no interior de Minas Gerais. Enzo inclusive aproveitou o local para gravar o clipe da música 'Pensando Bem', primeiro single do álbum 'Dia e Noite'. "Ter feito um personagem tão forte trouxe vários traumas de infância à tona, afetou o meu relacionamento amoroso de dois anos (que acabou), a minha relação familiar, com amigos. Me tornei uma pessoa com pavio muito curto, mexeu muito na minha estrutura emocional", recorda-se. "Se você quer paz, precisa passar pelo caos. Hoje, vejo o que antes colocava debaixo do tapete. Só tenho a agradecer a quem me deu oportunidade de fazer esse trabalho", diz.

Ainda para compor Renato, Enzo aprendeu a andar de moto e a jogar futebol. "Sempre surfei, o futebol nunca foi o meu forte, mas digamos que agora já dá pra brincar", frisa ele, que está solteiro há alguns meses.

POLÊMICA

Adepto do amor livre, ele reconhece que a prática é polêmica e um tanto quanto mal compreendida. "E é uma coisa que até hoje eu estou descobrindo", confidencia o ator, que teve sua primeira relação aberta aos 18 anos, quando morava em Caraíva (BA). "Comecei a rever as questões sociais que foram impostas na gente sobre a monogamia", conta.

AUTOCONHECIMENTO

Enzo admite que o sexo ainda é muito malvisto e que existe enorme preconceito em torno do assunto. Por isso, busca se aprofundar em estudos/cursos, shiatsu, retiros e com quem ele se relaciona.

"Quando a gente fala da energia sexual, a gente não está só falando do tesão, penetrar ou ser penetrado por alguém, não é sobre isso. O que nos move para fazer um novo som, correr atrás de um novo trabalho, criar uma nova música, um novo personagem é a energia sexual", detalha.

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