A atriz Darília Oliveira. À esq., Áida (Darília), Fairouz (Yasmin Garcez), Aziz (Herson Capri) e Soraia (Letícia Sabatella)
 - Globo/Paulo Belote
A atriz Darília Oliveira. À esq., Áida (Darília), Fairouz (Yasmin Garcez), Aziz (Herson Capri) e Soraia (Letícia Sabatella) Globo/Paulo Belote
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Falsa e ambiciosa, Áida (Darília Oliveira) é a terceira esposa de Aziz (Herson Capri) e mãe de uma garotinha em 'Órfãos da Terra'. A mulher sempre invejou a primeira esposa dele, Soraia (Letícia Sabatella), que tem prioridades, vantagens e ainda gerou Dalila (Alice Wegmann), a primogênita e filha favorita do marido. No capítulo de hoje, a víbora descobre que Soraia, acobertada pela segunda esposa, Fairouz (Yasmin Garcez), troca bilhetes com outro homem. Áida então entrega a "rival", de olho em obter uma melhor colocação dentro da estrutura familiar. Resultado: o sheik mata Soraia, Áida é castigada por Fairouz e expulsa da suntuosa mansão por Dalila, em represália à morte da mãe.

"Com ela (Áida) não tem sororidade. Ela é uma mulher que se sente desvalorizada, preterida, tem grandes ambições, e o lugar de terceira esposa não a satisfaz", avalia a atriz Darília Oliveira, de 32 anos. Ao ser questionada sobre os próximos passos da personagem, a intérprete desconversa. "Não sei qual vai ser a trajetória. Queria muito que ela ficasse", torce ela, que é natural de Volta Redonda. "Após a novela, pretendo seguir no audiovisual e, paralelamente, concretizar o projeto 'Redoma', uma peça de teatro que tenho em parceria com Letícia Machado, Helena Varvaki e Antônio Karnewale", adianta.

CENAS DIFÍCEIS

No caso das três mulheres do sheik árabe, elas ficam reclusas, são oprimidas, não têm praticamente nenhuma ligação de afeto com o marido e vivem entre si. Ambiente ideal para uma união entre elas. "Pelo que sei sobre casamentos poligâmicos, que não são comuns, o marido precisa se comprometer a dar direitos iguais (afetivo e financeiro) a todas as mulheres. Na casa do sheik não existe isso", conta Darília. Sobre a gravação da cena de expulsão de Áida de casa, a atriz não entra muito em detalhes. "Foram cenas difíceis de fazer porque é um universo muito pesado, aquele da casa do sheik. É um lugar onde acontecem muitas coisas ruins, essas mulheres vivem sob muita violência. Como atriz, tento vivenciar aquilo que estou gravando. Me coloco no lugar dela", diz.

VILÃ

Apesar de estar acostumada a defender suas personagens, Darília confirma que Áida é uma vilã de marca maior. "A minha personagem se sente excluída e, de fato, ela é. Talvez a Soraia e a Fairouz não confiem nela, não se sentem à vontade com ela. Aí, resta a Áida dar um golpe e se aproveitar da oportunidade", conta a atriz. "Dentro da lógica da Áida, ela se sente injustiçada. Vai saber com quantos anos ela casou!? Imagino que tenha sido muito jovem. Acho que ela se resignou, se casar com um homem que não ama para ascender na vida, para ter espaço na casa", completa.

'COLETIVOMANA'

Completados 10 anos de carreira, Darília fez faculdade de Belas Artes e trabalhava como cenógrafa em algumas peças de teatro da universidade antes de iniciar a carreira de atriz. "Foi observando os atores em atividade criativa que comecei a me interessar pelo ofício", lembra ela, que é uma das integrantes do 'coletivomana', formado por 14 mulheres: fotógrafas, diretoras de teatro e cinema, produtoras e atrizes.

"Cada integrante é encorajada a expor suas ideias de projetos artísticos e os fatores que impedem ou limitam as realizações, seja de um show, uma peça, uma exposição, ou mesmo um filme. A partir daí, as integrantes se ajudam como podem, como um coletivo. O maior objetivo do 'coletivomana' é fomentar os trabalhos autorais das outras mulheres", explica ela, que se considera feminista. "A desigualdade social no Brasil é estruturada pelo racismo, e acredito que, para o desenvolvimento da nossa sociedade, a mulher negra deveria ser o centro dos debates de políticas públicas. Um tempo atrás, me deparei com um artigo da Joice Berth. No texto, ela fala que as mulheres feministas brancas com projeção na mídia precisam colocar a mão na consciência para trazerem as mulheres negras para a superfície social", considera.

Darília afirma que não se considera branca, mas diz que entende os privilégios dela dentro da sociedade e que reconhece que mulheres de pele clara têm maior aceitação no mercado artístico e midiático. "Aproveito o espaço e meu encontro com os textos da Joice para dizer que, enquanto o índice de feminicídio negro for o dobro do branco, enquanto a maioria das mulheres negras ocuparem subempregos, enquanto forem excluídas de atividades intelectuais e enquanto forem fetichizadas e estereotipadas, a luta vai continuar", defende.

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