Torcuato cercou-se de convidados ilustres, como Djavan (que interpreta “Cansei de Dor”), Cesar Camargo Mariano, Hamilton de Holanda, Gabriel Grossi e a cantora americana Toni Scruggs (na faixa “Behind the Paradise”). Ele define o novo trabalho como um álbum conceitual, que transita entre Rio, Minas Gerais e o Nordeste. As suas influências vão de Tom Jobim a Pat Metheny, de Toninho Horta a Milton Nascimento, de Ricardo Silveira a Hélio Delmiro.
“Escola Brasileira é uma dupla homenagem. O título faz referência aos 40 anos da minha chegada ao Brasil, ainda adolescente. Aqui eu construí a minha história profissional. Acima de tudo, é um tributo à escola musical que nos deu tantos ritmos e sonoridades”, define o guitarrista, de 56 anos, que iniciou a carreira acompanhando Johnny Alf e já tocou com Cazuza, Ivan Lins, Flavio Venturini, Gal Costa e Djavan.
Ao longo das dez faixas, o álbum passeia pelas múltiplas vertentes da música brasileira, especialmente a bossa e o samba-jazz. O próprio Torcuato assina a produção e os arranjos de base, com sua Gibson 359 semiacústica. O disco, gravado em seu estúdio na Barra da Tijuca, tem ainda arranjos de sopro a cargo de Rafael Rocha e de cordas com a marca de Jessé Sadoc.
Torcuato buscou dar unidade aEscola Brasileira, provocando no ouvinte uma experiência sensorial única. A faixa que abre o disco, “706 Night Club”, traz uma levada de jazz com naipe de metais e uma cozinha rítmica bem cadenciada. “Cansei de Dor”, com letra de Carlinhos Brown, remete aos primeiros anos da bossa nova. “Cansei de dor / Amor me convidou para um jantar / Quero um espetáculo / E luzes pelo céu, um espetáculo. / Você bem pertinho de mim / O Rio bem pertinho de nós”.
Em “A Pata da Preta”, dedicada à sua cachorra, Torcuato compôs a música de uma vez só enquanto dedilhava o violão. Foi assim também com “Cansei de Dor”. Com a melodia pronta, Carlinhos Brown enviou a letra em três horas. Já em “Ouro de Minas”, ouvem-se texturas harmônicas que remetem a Milton Nascimento e ao Clube da Esquina. Ele fez toda a base harmônica e tinha uma ideia da melodia, que custava a sair. “Estabeleci uma data e passei o dia trabalhando até sair”.
“Jogando Bola”, que tem a participação de Hamilton de Holanda no bandolim, une música e futebol. “Pensava no balé do Ronaldinho Gaúcho, que parece um bailarino com aquela ginga, e imaginava um casal dançando numa gafieira”.
Um grande admirador do novo trabalho de Torcuato é o compositor e violonista Roberto Menescal: "Tive a chance e o prazer de ouvir Escola Brasileira antes de chegar ao público. Poderia ter sido mais um disco de guitarrista, mostrando o quanto toca seu instrumento numa “cachoeira de notas e técnica”, como tenho ouvido outros grandes cobras da guitarra. Mas não. É um projeto para ser saboreado pela sua música, suas composições e as grandes participações de músicos e artistas maravilhosos. Torcuato, me desculpe, mas como eu queria ser esse músico que você é", escreveu Menescal.