Sapatilhas de bordo da Panair - fotos Divulgação/Jaime Acioli
Sapatilhas de bordo da Panairfotos Divulgação/Jaime Acioli
Por Lucas França

Rio - O Museu Histórico Nacional (MHN) inaugura, nesta quinta-feira, a partir das 11h30, a exposição 'Nas Asas da Panair'. De acordo com a historiadora Mariza Soares, curadora da mostra, os visitantes vão poder conhecer um pouco da história de uma das mais emblemáticas companhias aéreas do Brasil.

"A Panair foi a empresa aérea brasileira que estabeleceu os padrões de excelência nos serviços aéreos. Se hoje dizemos 'Não é uma Brastemp…', nos anos 1960 se dizia 'padrão Panair'", conta a historiadora.

A companhia chegou a ser a segunda maior do mundo e a primeira estrangeira a pousar no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando a pista ainda era de terra. Os feitos da empresa inspiraram, em 1974, uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, 'Saudade dos Aviões da Panair', interpretada por Elis Regina. Depois, o título foi alterado pelos autores para 'Conversando no Bar' por precaução, já que a empresa havia sido fechada pela ditadura militar.

A mostra traz itens de uma coleção criada em 2017, resultante de uma parceria entre a Panair do Brasil e a Família Panair, associação fundada em 1966 que reúne antigos funcionários da companhia. Segundo Mariza Soares, o grupo foi fundamental para que a exposição fosse realizada. São quase 700 peças, entre objetos e material de divulgação impresso, coletadas e organizadas a partir de doações dos funcionários.

Louça de bordo da Panair - Divulgação/Jaime Acioli

"A ideia da doação veio de membros da Família Panair, mas o trabalho que viabilizou essa ideia foi financiado pela empresa Panair, que procedeu ao recolhimento dos objetos, organizou a coleção e negociou junto ao MHN e a doação. A exposição tem o objetivo de mostrar à Família Panair o resultado da iniciativa de 2016. A mostra visa ainda divulgar a história de luta de seus funcionários e manter viva a memória da empresa", conta a historiadora.

A Panair do Brasil, fundada em outubro de 1929, teve todas as suas concessões de voo encerradas em 10 de fevereiro de 1965, por uma decisão do presidente Marechal Castello Branco. Ele alegou que situação financeira da empresa era irrecuperável, mas, mesmo sem conseguir operar, a companhia aérea indenizou os funcionários dispensados.

"O Brasil, como muitos já disseram, é um país que esquece muito facilmente seu passado. A exposição traz de volta um momento importante da nossa história e, mais que isso, mostra a determinação de um grupo de pessoas que se recusaram a deixar suas vidas caírem no esquecimento. A Família Panair não é apenas a reunião de funcionários remanescentes de uma empresa fechada, mas o esforço coletivo de manter viva a memória de uma experiência coletiva de solidariedade", diz Mariza.

Cartaz publicitário da Panair - Divulgação/Jaime Acioli

Relíquias como uniformes da tripulação, louças, cinzeiro, peças gráficas de roteiros nacionais e internacionais, menus de bordo e encarte para passagens, além de documentos pessoais de ex-funcionários, fazem parte da mostra.

Até setembro

A exposição ficará aberta até o dia 29 de setembro no Museu Histórico Nacional, que fica na Praça Marechal Âncora s/nº, no Centro do Rio. A visitação será de terça a sexta-feira, das 10h às 17h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Aos domingos, a entrada é gratuita.

 

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