Rio - Quatro mulheres negras fotógrafas das zonas Norte e Oeste do Rio mostram em imagens a luta por justiça, igualdade e reconhecimento, dando visibilidade ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, na próxima quarta-feira. "Buscamos tratar destes valores através do olhar das fotógrafas participantes", explica Thais Rocha, curadora da exposição 'Através do Olhar', em cartaz até dia 29 de setembro no Sesc Madureira (Rua Ewbank da Câmara 90), com entrada franca.
Território e tradições
A fotógrafa e professora Aparecida Silva revela as andanças pelo bairro dela, Realengo, e adjacências. Thaís Alvarenga, moradora da Vila Kennedy e estudante de Comunicação, utiliza em grande parte das vezes a câmera do seu celular para registrar a sua comunidade. Enquanto isso, Fernanda Dias se interessa em documentar as festas populares de Valença, lugar onde seus avós moravam e onde ela cresceu. Já Valda Nogueira viaja para diversos estados brasileiros para documentar comunidades tradicionais como apanhadores de flores sempre vivas, quebradeiras de coco-babaçu, indígenas e quilombolas, acompanhando suas variadas experiências de autonomia e afirmação do modo de vida camponês.
"Minha ideia de reuni-las nesta exposição se deu pelo interesse em apresentar fotógrafas que se distinguem em seus campos de atuação", explica a curadora, cuja dissertação do mestrado, realizada pelo Instituto de Artes da UERJ, versou sobre a atuação/presença de fotógrafas/ artistas negras no circuito das artes visuais.
Oportunidades
Thais Rocha conta que artistas visuais negros têm conseguido maiores oportunidades para desenvolver e apresentar seus trabalhos, independentemente do tema. "Porém, se compararmos essas atividades com aquelas realizadas por outros grupos é possível perceber que ainda somos um número pequeno atuante nesse cenário", pondera.
Ela encara a exposição 'Através do Olhar' como uma oportunidade das pessoas acessarem um outro conteúdo que não está transmitido pelos veículos tradicionais de mídia. "A visita à exposição pode ser estimulante tanto para aqueles que possam se reconhecer nos trabalhos quanto para aqueles que estão acostumados a visitar espaços expositivos. E poderão assistir a trabalhos realizados por autoras negras e tirar suas conclusões. Acho que o mais importante é que esse conteúdo gere reflexão, debate entre pessoas dos mais variados gêneros, raças e classes sociais", defende.
