Chacal do Sax - Divulgação
Chacal do SaxDivulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Um dia, conversando com o amigo Xande de Pilares, o saxofonista Chacal do Sax ouviu uma sugestão: passar a cantar. "Ele falou: 'Cara, você toca e depois canta. Faz isso!'", diz. O músico resolveu apostar na ideia, lançou no ano passado um single em que soltava a voz ('É Todo Dia', com o MC Duduzinho) e agora sai o primeiro EP de Chacal, 'Fôlego De Um Lutador'. Nele, o músico canta, toca e convida amigos como Xande, Neguinho da Beija-Flor e Sereno, do Fundo de Quintal.

"Procurei atingir vários públicos. Eu toco em baladinhas, mas também em lugares que têm uma galera mais madura. 'Vivo Pra Você', que é o primeiro single, já é uma música mais madura, para um público mais cascudo", diz, rindo. No disco há também músicas de amigos como Netinho de Paula e André Renato (que é filho de Sereno, do Fundo de Quintal). "Tô bem servido de compositores, inclusive!".

A lista de convidados, por sinal, inclui gente com quem Chacal colaborou como músico, como Fundo de Quintal e Neguinho da Beija-Flor. O veterano intérprete da escola azul-e-branca deu o primeiro emprego a Chacal, que teve infância pobre e aprendeu a tocar sax quando estudou na Casa do Pequeno Jornaleiro, na Gamboa. Realizou o sonho do instrumento próprio ao ganhar um da mãe, que o comprou a duras penas.

"Eu morava em comunidade, no Lins de Vasconcelos. Comecei a tocar em porta de loja para ganhar uns R$ 30 e ajudar a comprar comida. Depois consegui tirar minha mãe do morro, que era o que eu queria", conta, feliz. Neguinho, por sua vez, surgiu na vida de Chacal quando o saxofonista foi fazer uma participação num show na quadra da escola Vizinha Faladeira, na Zona Portuária.

"Fui fazer a introdução de um samba. Desci do palco e já tinha um rapaz me perguntando se eu queria tocar com o Neguinho. Quem não quer, né? Com três meses de banda, peguei turnê na Europa, 17 países", recorda Chacal, que, antes de ter o primeiro papo com o futuro patrão, só ouviu uma recomendação bizarra do rapaz que lhe serviu de ponte. "Ele disse: 'Olha, pra tocar com ele tem que ser feio. Se for bonitinho, não entra. Vou falar que você é feio'", brinca. "Depois fui na casa do Neguinho em Copacabana, às 8h. Ele me atendeu, foi lá dentro e ouvi uma conversa dele no telefone com o cara: 'O rapaz do sax que você me falou tá aí, ele é feio pra caramba. Vai tocar comigo, tá dentro!'", brinca.

Nos shows, Chacal tem seguido o conselho de Xande: tocar e cantar, na sequência. "Haja diafragma!", conta ele, que tem treinado a respiração para conseguir fazer as duas coisas.

 

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