
Quais suas principais influências?
Aqui na minha área, em São Gonçalo, fui influenciado pelo Black Alien, com quem acho inclusive o som parecido. Tem também o Speed (fundador do Planet Hemp, morto em 2010), o pessoal do Planet Hemp...como comecei fazendo mais rock do que rap, esses sons me influenciaram bastante. Além deles, o pessoal golden era de São Paulo, como os Racionais MC's, Sabotage...desde pequeno eu escrevia letras, mas só depois dos meus 20 anos é que fui focar mais em compor.
Eu estava fazendo rock e focando mais na área de teatro. Era mais difícil entrar dinheiro nas coisas de música, então fiz alguns trabalhos como ator e fui optando por ficar mais no teatro. Com o tempo, as coisas foram puxando outras.
Formação direta, não. Por conta de outros trabalhos, também na área do cinema, eu tive contato com muitos produtores fazendo trilhas para filmes. Sempre me interessei pelo mundo das batalhas de rap e, por estar nesse meio, fui lapidando a minha veia musical. Mas sou autodidata.
De que forma a interação com outras artes refletiu na sua música?
Acho que se refletiu positivamente. Da minha passagem pelo teatro veio o apelido, que se conectou com o meu lado rap e meio que fui sendo abduzido. A parte de ser ator me ajudou muito, a me acostumar no palco, lidar com o público. Foi mais fácil achar o rap dentro do Victor.
Você citou São Gonçalo...você mora por aí? Como é a cena?
Sim, moro em São Gonçalo e tenho um estúdio na Rocinha, onde apoiamos a galera que quer fazer arte. Em São Gonçalo, faço parte da Hostil, que tem o Tigrão, das antigas. Vamos fazer um evento sobre o Speed e a cena aqui continua forte. Tem uma galera nova fazendo muita coisa boa. Acho que a cidade já absorveu o rap e é um dos estilos que mais se enraizaram mesmo.
Ultimamente, a galera nova que tenho escutado são meus amigos, um pessoal do meu coletivo que tem vários jovens trabalhando, fazendo clipes. Acho algumas coisas meio bobas, tem um pessoal querendo fazer apologia a coisa que não interessa. Atualmente, tenho escutado o Djonga, o Baco Exu do Blues, que é outro cara que está mandando bem. Tem um pessoal mais novo que eu, mas não tanto, que também tem feito coisa boa. No Rio, tem a galera da Pirâmide (Perdida, coletivo de rappers), o BK', uns amigos da Zona Norte como a Família Erva Doce, que eu também fecho. O meio undergound também está valendo mais a pena que a grande mídia, que é mais mainstream.
Ia ser trilha de um casal que vai passando por várias épocas em um filme, foi uma das primeiras músicas que fiz. Essa música está entre as minhas lovesongs e, quando assinei com a gravadora, foi a que chamou mais atenção do pessoal e resolvemos trabalhar o clipe. Eu aproveitei a ideia do roteiro, que vai continuar em mais duas músicas e fechar tudo até outubro. Tenho recebido feedbacks mais positivos, e isso me deixa feliz, ainda mais numa cena undergroud.
Tenho uma série no Youtuber chamada 'The Stripper' e também atuei em 'Sob Pressão', ainda dirijo clipes, escrevo roteiros, vendo esses roteiros... até porque não atrapalha. Consigo estabelecer um cronograma, mas o foco é a música. Pintou um curta, eu faço. Mas sem nunca abandonar a música.