Marcelo Nova - Divulgação
Marcelo NovaDivulgação
Por RICARDO SCHOTT
Rio - São três décadas da morte de Raul Seixas (que partiu justamente em agosto de 1989). E igualmente 30 anos de lançamento de 'A Panela do Diabo', último disco do roqueiro baiano, feito em dupla com o conterrâneo Marcelo Nova. O vocalista do Camisa de Vênus recorda o repertório do álbum neste sábado, no Circo Voador - em show aberto pelo guitarrista preferido do autor de 'Gita', Rick Ferreira. Mas, ao contrário do que acontece em shows cujo tema é um disco clássico, Marcelo avisa que o álbum, que imortalizou músicas como 'Carpinteiro do Universo' e 'Pastor João e A Igreja Invisível', não será tocado na ordem.
"O show não é 'Escolinha do Professor Raimundo'. As músicas estarão lá, mas não será na ordem", brinca, dizendo que vê o material do álbum como atemporal. "É uma característica minha e de Raul. Nem eu nem ele escrevemos sobre a última onda do momento, ou sobre a São Paulo Fashion Week. Falamos de dor, sexo, prazer, ciúme, inveja, emburrecimento. Coisas que incomodavam aos nossos tataravós e provavelmente vão continuar salientes nos próximos anos".
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Durante as gravações do disco, Raul estava bem doente - tanto que o trabalho seguiu o ritmo do cantor, que precisava fazer pausas nas gravações dos vocais para descansar. Marcelo recorda que havia muita expectativa de fãs e de jornalistas sobre o disco. Nem todas eram positivas.
"As suposições eram várias. Tinha gente dizendo que 'ah, aqueles alcoólatras, malucos, drogados, querem jogar pedra na vidraça de alguém'. Mas a nossa ideia era fazer um disco que fosse pertinente à nossa trajetória, um álbum autobiográfico", recorda. A vinheta de abertura, com 'Be-bop a Lula', do roqueiro Gene Vincent (1935-1971), faz parte disso, assim como outras faixas do LP.
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"Na primeira vem em que escutei Raul, quando eu tinha 14 anos, ele estava cantando essa música. Ele era vocalista da banda Raulzito & Os Panteras. Então o disco começa com dois meninos, um de 14 e um de 21 cantando essa música no palco. 'Banquete de Lixo' e 'Quando Eu Morri' também são literalmente autobiográficas", conta.
Sem televisão
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Assim que o disco saiu, Marcelo e Raul tomaram a decisão de não dar nenhuma entrevista sobre o álbum. Fizeram só duas aparições na televisão.
"O André Midani, então presidente da Warner, um homem muito gentil e educado, e de certa forma responsável pelo registro do disco, nos pediu que fizéssemos dois programas, e atendemos ao pedido dele. Mas foi só isso", conta Marcelo, que foi com Raul ao 'Domingão do Faustão' e ao 'Jô Soares Onze e Meia'. Ambas as idas da dupla à TV estão no YouTube. "Mas televisão é televisão, nem tem muito o que falar. Faço só com a intenção de atingir pessoas que normalmente não teriam chance de conferir meu trabalho ao vivo".
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Abertura
Abrindo o show, Rick Ferreira e sua banda recordam sucessos de Raul Seixas - quase todos contaram com suas guitarras e violões na gravação. Nos vocais, Emerson Ribber, cujo timbre lembra muito o do baiano. Nada certo por enquanto a respeito de um encontro entre Marcelo e Rick no palco. "Mas é sempre um prazer tocar com ele", diz Marcelo.
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CIRCO VOADOR. Arcos da Lapa s/nº, Lapa (2533-0354). Sábado, às 22h. R$ 80 a R$ 100 (estudantes, maiores de 65 anos e pessoas com um quilo de alimento não-perecível pagam meia-entrada).