Paulinho Gogó (Maurício Manfrini) e Carlos Alberto de Nóbrega em A Praça é Nossa - Lourival Ribeiro/SBT
Paulinho Gogó (Maurício Manfrini) e Carlos Alberto de Nóbrega em A Praça é NossaLourival Ribeiro/SBT
Por Lucas França*
Rio - Teatro, rádio, televisão, cinema e internet. Não importa a mídia: Paulinho Gogó é sucesso e arrasta uma legião de fãs por onde passa. Maurício Manfrini, de 50 anos, é o intérprete do malandro carioca, cheio de histórias e gírias, que surgiu no programa 'Patrulha da Cidade', da Rádio Tupi, em 1995. Nesses 24 anos de existência, criador e criatura se confundem, mas Manfrini não vê problema. "Fico feliz quando me chamam de Paulinho Gogó, estou bem acostumado com isso", diz.
Além de brilhar há 15 anos no programa 'A Praça É Nossa', um dos carros-chefes do SBT, o comediante estrelou recentemente a série 'O Dono do Lar', do Multishow. Nela, Manfrini vive o desempregado Américo, que assume a função de cuidar da casa da sogra. Para alegria dos fãs, a segunda temporada está pronta para ser lançada no ano que vem, e as próximas serão gravadas em dezembro. Nem Américo escapa das características de Gogó, como explica o ator. "Pego coisas dele e coloco na série. Quem me conhece estranha se não tenho algo do Gogó, surfo na onda dele", brinca.
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Em 2020, as produções que envolvem Manfrini seguem de pé, com a chegada de um filme solo de Paulinho Gogó e a continuação de 'Os Farofeiros'. "Tudo isso fortalece ainda mais o personagem", frisa o ator. As aparições de Gogó nos diversos tipos de formato ajudam a aproximá-lo ainda mais do público. Gírias do malandro, como "bater virilha" e "falou e dizeu", unidas ao bordão "quem não tem dinheiro conta história", estão na boca do povo.
"É um dos melhores momentos da carreira. O Paulinho Gogó é popular, atinge o Brasil porque eu arrumei um jeito de falar comum. Ele já foi jogador de futebol e técnico, por exemplo. Fui aprendendo a transformá-lo com o tempo e, hoje em dia, posso fazer qualquer coisa com ele. Está consolidado", comemora o comediante, que é torcedor do Flamengo.
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Rotina
Apesar de seguir roteiros nos filmes e na série, Manfrini revela que não tem texto fixo no quadro da 'Praça É Nossa' e nos cerca de 20 shows por mês. Tanto no humorístico do SBT como nos espetáculos, ele faz tudo de improviso, com piadas antigas e histórias que presenciou ou ouviu contar. Cada "fato venério", termo do vocabulário de Gogó traduzido de "fato verídico", é resultado de uma estrada na TV e nos palcos.
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Maurício Manfrini: na 'Praça' com Carlos Alberto de Nóbrega (alto, E) e com o elenco de 'O Dono do Lar' - Edu Viana/Divulgação Multishow
Manfrini explica que seu modo de trabalho é diferente do dos "amigos da nova geração". "Eles escrevem textos novos quase que semanalmente", diz. Em um vídeo de março de 2019, que já está com mais de três milhões de visualizações, o ator levou Paulinho Gogó para o palco do espetáculo 'Quatro Amigos', com os humoristas Thiago Ventura, Dihh Lopes, Marcio Donato e Afonso Padilha.
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"Sou amigo de todos. Eu os admiro muito, e eles me respeitam. Não sei fazer o que fazem. Cada show é um texto diferente. Às vezes, eles fazem quatro apresentações seguidas. Eu sou mais da antiga, do humor tradicional, e eles me recebem tranquilo", conta.
O fato de "ser da antiga" dá uma certa experiência ao comediante. Em tempos de polarização política e discussões nas redes sociais, Manfrini prefere deixar de fora "da boca do Gogó" qualquer conteúdo que possa gerar polêmica. Sobre o assunto, ele é categórico: "A verdade é que tenho preguiça dessas brigas".
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* Estagiário sob supervisão de Paulo Ricardo Moreira