Coordenadora da ala de passistas, Kellyn Rosa, União de MaricáDivulgação/ União de Maricá

No mês da Consciência Negra, a União de Maricá reforça ainda mais o seu compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira e com o protagonismo das mulheres negras no samba. Com o enredo “Berenguedéns e Balangandãns”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira, vai levar para a Sapucaí a história da joalheria preta do Brasil, através da força simbólica dos balangandãs, adornos que, mais do que ornamentos, representam fé, resistência e ancestralidade.
O enredo traz para o centro da narrativa as figuras de Mariquinha Dente de Ouro e Marcelina da Silva, mulheres negras do período colonial que, por meio da ornamentação e da estética, desafiaram as normas impostas pela sociedade escravocrata e afirmaram sua identidade.
Essa valorização das mulheres negras não se restringe à história contada na Avenida. Ela está presente na própria estrutura da União de Maricá, uma escola majoritariamente preta e marcada pela presença feminina. Entre elas, a porta-bandeira Giovanna Justo, a rainha de bateria Rayane Dumont, a coordenadora das passistas Kellyn Rosa, a diretora da quadra Nathy Santos, as musas Aninha Estrela e Thai Rodrigues, dentre outras.
Para Giovanna Justo, a data é um momento de reconhecimento e orgulho. “Ser uma mulher preta e carregar o pavilhão da União de Maricá é mais do que uma honra, é uma responsabilidade. A Consciência Negra é todo dia, mas esse mês nos faz olhar para trás e perceber o quanto avançamos, sem esquecer de quem abriu os caminhos, e termos a certeza que devemos avançar ainda mais”, afirma a porta-bandeira.
Rainha de bateria da escola, Rayane Dumont destaca o papel das mulheres no samba como símbolo de força e identidade. “O balangandã, que é o coração do nosso enredo, representa exatamente isso: o poder e a beleza das mulheres negras. Cada peça daquele penduricalho é um símbolo de resistência erguido por diversas mulheres pretas”, diz.
A coordenadora das passistas, Kellyn Rosa, lembra que o samba é um espaço de acolhimento e também de afirmação. “Muitas meninas se veem em nós. Quando uma mulher preta ocupa um lugar de destaque, ela abre portas para outras. A União de Maricá é isso: um lugar onde a gente se reconhece, se apoia e se fortalece”, afirma.
Já a diretora da quadra, Nathy Santos, ressalta a importância de a escola manter viva a memória coletiva. “A Consciência Negra é sobre lembrar e recontar a nossa história com orgulho. É isso que fazemos no dia a dia e que o nosso enredo traduz tão bem: o reconhecimento de um legado que moldou o Brasil e que segue inspirando gerações”, explica.
Para celebrar o Dia da Consciência Negra, a escola vai realizar no próximo sábado (22), a partir das 13h, uma edição especial da Feijoada da Maricá. O evento conta entrada solidária mediante a doação de 1kg de alimento não perecível e terá, além do elenco da escola, roda de samba com Terreiro de Crioulo e Bruno Salles com o show “O povo canta Rei”, um verdadeiro tributo ao príncipe do pagode Reinaldo.