Fernanda Lima reprodução Youtube
"No bairro que eu moro, uma bolha privilegiada, eu saio muito cedo de manhã. Eu cruzo com senhoras pretas, carregando sacolas, muito pesadas. Quase sempre elas mancam, tem o joelho muito tortas. São os empregados. Aquilo me dá uma tristeza", afirmou.
Crítica às condições de trabalho
Fernanda destacou que essas mulheres deveriam ter melhores condições de trabalho e deslocamento, e lamentou a rotina exaustiva que muitas enfrentam diariamente.
"Eu olho para essas mulheres e penso: tudo bem, se ela [precisa] trabalhar, mas deveria fazer um trabalho menos pesado. Elas provavelmente demoram horas pra chegar, chegam no trabalho e muitas vezes são maltratadas, escravizadas ainda. Elas vão embora com sacola porque geralmente levam o que sobrou", disse.
Ela também comentou sobre as consequências físicas do esforço contínuo e da falta de amparo. "Elas têm problemas físicos mil. São corpos que foram a vida toda explorados. Os joelhos destruídos, as pernas que não seguram o próprio corpo. Muitas vezes, são mulheres que sustentam uma família inteira. Filhos, criam netas. Eu fico olhando e me dá uma sensação ruim".
Envelhecimento e privilégio
Ao encerrar o desabafo, Fernanda reconheceu a diferença entre sua realidade e a dessas trabalhadoras. "Eu sei que não vou ser essa velha, porque minha condição é diferente. Envelhecer é difícil, mas desse jeito é ainda mais. E não tem política pública, às vezes não tem um degrauzinho no ônibus", lamentou.




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