Maria FlorDivulgação
Sem dar spoilers sobre a série, Erom Cordeiro fala um pouco de seu personagem: o ex-delegado Raul que, após o desaparecimento da sua filha, abre a agência Ausentes. "Antes de começar a filmar, a gente teve um período bom de preparação. Tivemos um mês de ensaio para buscar as camadas dessa figura que tem um passado tão doloroso. O Raul é um cara atormentado por uma tragédia pessoal e que busca no seu trabalho tentar também se curar, além de curar as dores das pessoas que tão procurando alguém", destaca o ator que divide cena com Maria Flor.
A atriz, por sua vez, dá vida à Maria Julia, que também tem um histórico de desaparecimento na família e integra o time de investigadores da agência. "A Maria Julia é uma personagem que foi muito cativante para mim. Eu nunca tinha feito uma série de mistério, de investigação. Foi a primeira vez que eu entrei em contato com esse universo e é muito pesado mesmo. Foi muito difícil e a gente fez muitas cenas que foram tocantes pra mim. Eu realmente me envolvi naquilo porque é real. Essas coisas acontecem...", lamenta Maria Flor que, em contrapartida, elogia o protagonismo feminino de sua personagem.
"Acho que as mulheres têm uma potência maravilhosa e é maravilhoso que a gente possa fazer essas personagens que se colocam ali no risco, que não têm medo de enfrentar esse universo que é muito masculino. A Maria Julia, por exemplo, chega numa agência de detetives e tem que encarar um homem olhando para ela com desconfiança. O Raul tá o tempo todo pensando 'essa menina não vai dar conta desse trabalho' e ela dá", adianta a atriz.
Baseado em fatos reais
Apesar de ser uma ficção, a série parte de um problema real que acontece no Brasil, como adiantou Maria Flor. Criador de 'Os Ausentes', Thiago Luciano traz dados alarmantes dos desaparecimentos. "Eu nunca tive isso próximo, mas já tive amigos que tiveram. Me pegava muito pesado saber como é difícil para as famílias conviverem com esse gigantesco ponto de interrogação nas costas. De não saber, de não dar o fim à história. Quando a gente começou a ter gente pesquisando e entendendo os números, foi assustador. Você pensar que só em São Paulo duas pessoas desaparecem a cada hora é uma coisa que não entra na cabeça, é difícil de entender", desabafa o roteirista que, de casa, chorava ao escrever os episódios da série.
Augusto Madeira, que interpreta Waldir na produção, faz outro alerta igualmente preocupante sobre essa mesma mazela. "No Brasil, você tem o registro nacional dos carros roubados e desaparecidos. Imediatamente, um carro desaparecido vai para uma relação nacional e qualquer polícia, de qualquer estado brasileiro, sabe que esse carro sumiu e foi roubado. Isso não existe para as pessoas. Se uma pessoa sumir hoje, seu tio, seu primo, sua filha, não tem registro. E as primeiras horas são fundamentais para você achar essa pessoa, você não tem esse cadastro único. Descobri isso gravando a série e me impressionou muito", declara o ator.
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