Luana Genot, jurada fixa do Ideias à Venda, da Netflix'Ideias à Venda', da Netflix

Rio - Tem reality novo sobre empreendedorismo na área! Sob o comando de Eliana, a Netflix estreou o game show "Ideias à Venda”, nesta quarta-feira. O programa coloca em evidência a criatividade e a determinação do brasileiro, mas sem romantizar o que é o empreendedorismo, nem a realidade do país. É nesse ponto que entra em cena a jurada fixa do programa, Luana Genot, que é empresária, jornalista, reconhecida ativista antirracismo e autora do livro “Sim à Igualdade Racial - Raça e Mercado de Trabalho”.
“A minha visão do empreendedorismo não é romantizada. Existe uma criatividade que é forjada em muitas necessidades, inclusive, algumas que nem deveriam mais existir. Por exemplo, ter necessidade de falar sobre a luta antirracista em 2022. Então, no meio de tanta necessidade, é óbvio que nascem muitas soluções”, começa Luana, criadora do Instituto ID_BR, responsável por auxiliar empresas a encontrar práticas antirracistas.
“Também fico muito encantada com as soluções e com esse poder de reinvenção que a gente tem em um cenário de escassez provocada por uma concentração de renda e de conhecimento nas mãos de poucos. Olho sempre nesse modo duplo. É uma crítica, mas também celebro a criatividade que a gente tem. As mazelas provocam as pessoas a se reinventarem sempre, sendo isso positivo de um lado e crítico de outro”, completa.
Dinâmica
No programa, a cada episódio, quatro empreendedores do mesmo setor apresentam suas ideias e tentam impressionar os jurados. Apenas dois chegam à última fase e a decisão final de qual deles merece receber o prêmio de R$ 200 mil fica nas mãos das 100 pessoas da plateia. “Dar um prêmio de R$ 200 mil para ideias que ainda estão sendo prototipadas é muito interessante. Como uma pessoa que começou do zero, eu gostaria de ter participado do programa”, destaca Luana, que ainda comenta a dobradinha com Eliana.
“Aprendi muito. Dei meu livro para ela, que está muito na jornada de aprender sobre a pauta antirracista. É uma pessoa que está há mais de 30 anos na TV e não tinha feito streaming ainda. Também foi meu primeiro projeto. Essa dobradinha foi um presente… Até brinco ao perguntar: ‘Como você aguenta tanto tempo nesse salto?’ Ela fica de pé o tempo todo e eu sentada", relembra, aos risos.
Ela ainda destaca a participação dos jurados convidados, Camila Coutinho, Luisa Mell, Leo Picon, Mariana Rios, Enzo Celulari e Carole Crema, ao longo dos seis episódios. “Sou jurada fixada, mas vem jurados rotativos por setor, trazendo pautas e provocações pontuais. Aprendi sobre diversos setores com eles… Fora a seleção de modelos de negócio muito variados nos competidores. Pode inspirar quem está empreendendo”, conta.
Diversidade
Luana comemora a diversidade no elenco de empreendedores e reforça a importância de mostrar ao Brasil que “o país não é composto apenas por homens brancos bem-sucedidos que empreendem”. “É justamente por essa narrativa ser tão falada à exaustão, que só esses homens conseguem os melhores investimentos e as melhores projeções midiáticas”, reflete.
Ela, claro, levou o seu recorte antirracista para questionar os competidores. “A cada análise eu perguntava: ‘com que público você está falando? Você está falando com as pessoas negras? Você tem pessoas negras, pessoas com deficiência ou indígenas trabalhando com você?’ A partir das provocações, eu perguntava se o negócio está olhando para populações mais vulnerabilizadas de modo geral”, garante.
“E é legal ter uma jurada negra, mudando sempre de cabelo, inspirando outras mulheres visual e esteticamente. Parece um detalhe, mas para muita gente a possibilidade de mudar de visual dentro de uma empresa é muito difícil… O programa é leve por ser um game show, mas espero que produza efeito e inspire as pessoas a entenderem que existem espaços cuidadosamente pensados para que a diversidade esteja, de fato, presente”, completa.
Empreendedorismo social
Luana acredita que empreender atualmente sem pensar no impacto social está defasado e obsoleto. Por isso, ela recomenda que os empreendedores reflitam desde o início sobre enxergar qual é o impacto dos produtos deles na vida das pessoas e no meio ambiente de modo holístico.
“Qual é o propósito que o seu negócio carrega? É óbvio que alguns são mais evidentes e outros menos… Mas ainda que o negócio seja pensado em gerar muito lucro, você pode ter um propósito por trás disso, pode reverter parte do lucro para organizações que tratem de uma questão, pode ter práticas mais sustentáveis para que o seu negócio polua menos”, aconselha.