Pathy Dejesus em ’Um Lugar ao Sol’Globo/Fabio Rocha

Rio - O desfecho da ambiciosa Ruth em “Um Lugar ao Sol” foi bem trágico, mas a atriz Pathy Dejesus, de 44 anos, está feliz com o desempenho da trama das 21h, escrita por Lícia Manzo para a TV Globo. No capítulo da última quarta-feira, a vilã se despediu do folhetim ao morrer em um acidente de helicóptero. Ela tentava fugir ao lado do amante, Túlio (Daniel Dantas), após ele não conseguir o comando da empresa de Santiago (José de Abreu). "Acredito que fiz um trabalho muito bom dentro do possível, dei o que tinha com todo amor, todo afeto, toda 'responsa'", diz.
Em entrevista ao DIA, Pathy reflete sobre a relevância de uma atriz negra fazer uma vilã na novela das 21h, em especial, uma personagem que não é estereotipada, nem atravessada somente pelo recorte racial. “É de extrema importância porque as novelas entram diariamente na casa das pessoas, existe uma influência e responsabilidade por trás disso, por trás dos personagens. Isso tem que ser levado em conta”, reflete.
“Mas é preciso considerar que ainda temos um caminho longo a percorrer para que a mudança dessas narrativas seja mais efetiva. Isso só se dá com pretos ocupando espaços nos cargos de liderança, de tomadas de decisão. Roteiristas, diretores, produtores de elenco, enfim… Existe um amplo horizonte de profissionais talentosos que precisam ser reconhecidos, ocupar esses lugares e quebrar esses estereótipos”, diz Pathy, que recentemente esteve em produções no streaming, como "Coisa Mais Linda", da Netflix, e "Rua Agusta", da Amazon Prime Video.
Representatividade
Entre 1994 e 2004, Pathy Dejesus ganhou notoriedade ao desfilar para importantes marcas do mundo da moda. Na sequência, estudou teatro e passou a integrar diferentes projetos na TV, seja em novelas, como “Caminhos do Coração” (2007) e “I Love Paraisópolis” (2015), ou no comando de programas, como “Acesso MTV” (2013) e “Video Show”, da TV Globo, onde foi repórter entre 2013 e 2014.
Ela se tornou um exemplo de representatividade negra no entretenimento, passando a receber declarações de meninas nas redes. “É essa questão de ver o outro e se enxergar ali, sabe? Me sinto honrada em poder auxiliar a inspirar outras meninas e mulheres através do meu trabalho e da minha jornada pessoal. Quanto mais mulheres pretas ocupando esses espaços, melhor”, afirma.
Mas a artista reforça, mais uma vez, que há muito o que avançar na luta por igualdade racial no audiovisual. “Temos que ter mais negros em lugares de destaque, seja na TV, em cargos de liderança, na política, em todas as esferas sociais. Nós precisamos estar em evidência em nosso trabalho para que os outros entendam que podem chegar lá, também”, completa.

Beleza aos 40
Além de criticas positivas pela atuação na trama global, Pathy recebeu mensagens elogiosas sobre o seu visual. Aos 44 anos, a beleza da artista já virou assunto na web várias vezes. Questionada sobre como encara o corpo depois dos 40, ela propõe refletir sobre a cobrança de jovialidade em relação às mulheres.
“Essa pergunta já diz muita coisa. A beleza é atrelada à idade como se fosse uma grande surpresa alguém belo nessa idade. Me sinto lisonjeada, claro, mas beleza é algo subjetivo para mim. Já trabalhei como modelo, inclusive, mas foco em cuidar da minha saúde, principalmente, a mental. Mesmo porque tenho um bebê que depende de eu estar bem para que eu possa cuidar bem. Eu sou vaidosa, sim, gosto de me cuidar, mas não sou neurótica com isso”, garante.

Pandemia
Mamãe do pequeno Rakim, que nasceu em junho de 2019, Pathy é seguida por milhares de pessoas que acompanham o dia a dia de uma mãe solo sem romantização. Ela reflete sobre as mudanças em sua vida após a maternidade e a chegada da pandemia da covid-19. Nesse período, inclusive, ela rodou as gravações de “Um Lugar Ao Sol”.
“Os dois últimos anos foram extremamente intensos, não só pelo isolamento, mas também pela chegada do Rakim. Minha vida mudou por completo. Não foi nada fácil em um primeiro momento, ainda mais sendo mãe solo, mesmo contando com uma rede de apoio. As gravações da novela começaram na pandemia, o que foi um baita desafio, mas deu tudo certo. Ainda não sei bem o que concluir de tudo isso. Sou grata pela vida”, finaliza.