Gilberto Gil participa do ’Roda Vida’Reprodução

Rio - O cantor Gilberto Gil participou do "Roda Viva", da TV Cultura, na noite desta segunda-feira e falou sobre o impacto do governo Bolsonaro (PL) na Cultura. "Ficamos muito consternados. Não imaginávamos que essa fúria fosse prevalecer no caso das artes, do campo cultural. Foram instituições fortalecidas em governos anteriores. Processos e projetos de fomento foram totalmente abandonados", lamentou o artista, que reforçou que o voto é o instrumento para mudar a situação. 
"Boa parte do Brasil reivindica a substituição dos que estão aí. Ficamos consternados, mas é o suficiente? É preciso batalhar, lutar e insistir no fortalecimento dos mecanismos democráticos. São importantes a liberdade de expressão, a eleição, o associativismo contemporâneo com tantos coletivos. É a sociedade brasileira tomando em suas mãos as suas responsabilidades", disse.
O cantor também falou sobre a igualdade cultural no Brasil após a abolição da escravatura. "É uma abolição em processo, em evolução. Isso está em movimento e estamos avançando", afirmou.
Gil falou sobre ter se tornado um imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele relembrou que outros cantores também poderiam ter ocupado este posto no passado. "Tom Jobim chegou a se inscrever e disputar uma vaga, mas ele desistiu em prol do Antônio Callado, que era muito amigo dele. Ele abriu mão da candidatura", relembrou.
"Heitor Villa-Lobos também deveria estar lá, representando este lugar entre o erudito e o popular. Ari Barroso, Noel Rosa. Muitos poderiam estar lá representando a oralidade cantada brasileira", disse. "Resisti durante muito tempo, mas ao final aceitei e eles me aceitaram. Agora compartilham comigo a responsabilidade de insistir na popularização do acadêmico", concluiu.
Tropicália
Caetano Veloso fez uma participação especial no programa e fez uma provocação sobre quem iniciou o movimento Tropicália. "Decidi recentemente que a história é como nós dois contamos. Evidentemente que o impulso de reunir os artistas e levar em consideração a criação de um gesto transformador na música partiu de mim. Mas o grande organizador, no sentido de juntar todos os conceitos, fazer decupagens das linguagens, das intervenções que precisávamos fazer nessas linguagens, a criação de um novo lexo foi Caetano", disse Gil, que fez questão de dar os créditos a Caetano.