Atriz Maria Gal comemora estreia como apresentadora de televisãofotos Divulgação/Thiago Bruno

Rio - Apesar de ter uma longa carreira na televisão, a atriz Maria Gal assumiu um novo desafio com a estreia do talk show 'Preto no Branco', na última quinta-feira, na BandNews. Inspirada na norte-americana Oprah Winfrey, a artista se lança como apresentadora de TV e showrunner no primeiro programa a ser comandado e produzido por uma mulher negra. Em entrevista ao DIA, a baiana comenta a experiência de trocar a ficção pelos debates sobre diversidade e protagonismo negro.
"Como apresentadora é uma imensa responsabilidade estar completamente antenada com os temas, com os entrevistados e me colocando nesse lugar da escuta e do diálogo em relação às entrevistas. Estou bem feliz! Na verdade, é uma realização de um sonho antigo", declara ela, que também está no ar com a novela 'Poliana Moça', do SBT. "As gravações foram muito bacanas e enriquecedoras. E agora chegou a hora de ver como o público vai receber essas conversas e esses diálogos a respeito de temas tão contundentes."
Em 'Preto no Branco', Maria Gal recebe um convidado a cada episódio para discutir sobre pautas que vão do racismo à intolerância religiosa. A estreia do programa teve a presença da empresária Liliane Rocha para uma conversa sobre a diversidade no mundo corporativo. 
"O norte do programa é trazer essas pautas de uma forma leve, e nós sabemos de todas as questões relacionadas à própria intolerância religiosa, por exemplo. Quantas notícias vemos de terreiros invadidos todos os anos, a falta de empregabilidade negra, entre outras coisas? São temas extremamente importantes de trazer para o público e ter um contato direto com essas temáticas", comenta a artista.
Antenada nos principais acontecimentos do noticiário internacional, Maria explica que a ideia para o 'Preto no Branco' surgiu após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, que completou dois anos na última quarta-feira. Além disso, a comunicadora ainda levou em consideração as experiências que teve como palestrante para empresas que procuram fugir de atitudes baseadas no racismo estrutural.
"Ficou muito perceptivo como as empresas estavam precisando de letramento racial, até para educar seus consumidores e fornecedores, justamente por conta desse mito da democracia racial que nós vivemos por muito tempo. Então, a ideia do programa surgiu da percepção em relação às empresas e a esses interesses em mudar ou trabalhar em suas culturas nessa pauta", explica.
Ciente das desigualdades que existem no mercado de trabalho, Gal também encarou de frente o desafio de tornar seu programa em um exemplo de diversidade. Ela, que também assina a atração com showrunner, formou uma equipe majoritariamente negra.
"Eu penso que o 'Preto no Branco' se diferencia de vários aspectos de talk shows. Primeiro, porque tem mulheres negras na liderança, seja na função de showrunner, criadora, produtora ou diretora. No caso do programa foram 58% de profissionais negros, 40% de mulheres e 76% dessas mulheres são negras. Acredito que esse seja o maior diferencial do programa: nós sabemos que o setor audiovisual brasileiro pode dar essa visibilidade negra e o programa cumpre o papel de suprir essas necessidades do mercado", opina.
E, por fim, Maria é otimista ao prever o efeito que seu novo programa pode causar na televisão brasileira, sendo exibido toda quinta-feira, às 23h30, na BandNews TV. "O impacto é sensibilizar o público para entender que nós estamos falando de um tema que é nosso, não é apenas o problema do negro, é um problema de toda sociedade que deve agir em relação a isso", declara.
"Já dizia Angela Davis: 'Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista'. E faço um pequeno adendo que, para isso, é preciso se educar e, principalmente, se letrar. Até porque estamos em um movimento contínuo em relação ao tema que veio para ficar. Que precisa e vai ser aprofundado cada vez mais no Brasil, até nós podermos viver em uma sociedade mais igualitária para todos."