Guito dá vida ao Tibério em PantanalJoão Miguel Jr/ TV Globo

Rio - Com 6 anos, Diogo de Brito Souza ficava ligadinho na televisão para assistir 'Pantanal', exibida na TV Manchete, nos anos 90. Ele só não conferia as partes 'mais quentes' da trama, já que o conteúdo era supervisionado por seu pai. Os personagens de Marcos Palmeira, que dava vida a Tadeu, e Almir Sater, o Trindade, mexia com o imaginário do menino, nascido e criado em uma fazenda, no Sul de Minas Gerais, que queria ser como eles. Três décadas depois, Guito, apelido que se tornou nome artístico, pode realizar o sonho de fazer parte da novela. No remake, da TV Globo, o ator ganha destaque como Tibério. 
O peão vive um grande amor com Muda (Bella Campos). Após subirem ao altar na última semana, o casal teve sua primeira noite de amor no capítulo desta segunda-feira (25). Se na novela, Tibério mostra todo seu romantismo, na vida real, Guito admite que não leva muito jeito para isso. "Sou muito parecido com o Tibério, apenas no quesito amor que a gente não tem tanta semelhança. Sou bem franco igual a ele, mas não diria que sou romântico. Nunca mandei flores para uma mulher, por exemplo", conta o ator, de 38 anos, que fala sobre o sucesso do personagem nas redes sociais e os comentários mais 'saidinhos' que tem recebido. "Tenho recebido muita cantada. Até respondia algumas há um tempo atrás. Agora, não consigo. O volume de mensagens que chegam são maiores do que eu dou conta de responder", destaca. 
Quem vê a desenvoltura de Guito na novela custa a acreditar que esse é o primeiro trabalho do ator na telinha. Sincero, ele fala sobre as dificuldades que enfrentou para dar vida ao braço direito de José Leôncio (Marcos Palmeira). "Encontrei dificuldades, principalmente, em relação as câmeras, a expressar os sentimentos, o diálogo real. O fato de estar contracenando com a Muda, que não era muda, mas não falava, foi uma das partes difíceis. Ela se expressava muito corporalmente e a minha resposta tinha que vir disso. Mas fui muito bem assessorado pela equipe da Globo e isso ajudou muito. Os mais experientes do elenco também foram primordiais", ressalta o artista.
O entrosamento do elenco da novela vai além da trama. Nas redes sociais, os bastidores do folhetim fazem o maior sucesso. "O clima é maravilhoso. É exatamente isso que vocês veem, que muitos de nós passamos, postamos. É uma energia muito legal de todo mundo. A gente não pode subestimar o que o Pantanal causa, ele é o culpado de tudo. Esse encontro com a natureza e de nós todos, nesse lugar natural, é o grande fator desse clima bom", acredita o ator. "A gente quer fazer uma novela bonita. Fazer um remake é de muita responsabilidade. A gente está dando o máximo da gente", completa.
Assim como Tibério, o ator também é violeiro. A música surgiu na vida do artista quando ele tinha apenas 14 anos. "Sou cantor e violeiro. Meu avô materno foi um boêmio, um exímio tocador de choro, tocava bandolim muito bem. Quando ele morreu, a gente herdou os instrumentos dele. Então, ali, na adolescência despertou aquela vontade de fazer bonito pra aquela menina, pra outra, e a gente foi formando as bandinhas (risos). Na faculdade, tive uma dupla caipira com o meu irmão, uma banda de rock com os meus amigos, começamos a tocar nas festas da faculdade. Depois, me formei em agronomia, fiquei dez anos afastado da música. Foram dez anos como executivo", relembra.
Há sete anos, Guito decidiu retomar a carreira artística. "Larguei tudo, chutei a vida executiva e me propus a voltar com os meus propósitos, a viver meus sonhos. Desde então venho tocando numa rural (veículo para descansar e ser palco de suas apresentações musicais) Brasil afora, com minha viola caipira, compondo músicas. Algumas músicas entraram na novela, como 'Escute as Montanhas', 'Empatia', 'Morada do Sossego' e tem mais música pra sair aí", avisa o cantor, que já tem planos para depois do fim da novela: "Pretendo cair na estrada, rodar algumas cidades fazendo shows, vou terminar de gravar meus clipes. Preciso apresentar meus shows, quero mostrar pras pessoas que sou um violeiro, tenho minhas músicas, contar um pouco da minha história de vida através delas. Mas também estou gostando muito de atuar, de viver um personagem e pretendo, sim, conciliar as duas carreiras". 
Muito a vontade no universo rural, o ator diz que se sente mais confortável para atuar como personagens desse segmento. No entanto, ele não descarta outras possibilidades. "Depende muito da história que vai ser contada. Estou sempre aberto, sim. Gosto de vender simplicidade, esse estilo de vida mais rural. Acho que vou tender a buscar mais coisas nesse sentido. E não só por isso, é que é uma história pouco representada nessa arte, gostaria de mostrar esse lado do Brasil que pouca gente conhece, e que está conhecendo um pouco agora através da novela. Mas isso é só uma pontinha do iceberg sobre a cultura rural do Brasil".
Sem medo de desafios
Formado em agronomia, Guito já trabalhou como executivo e foi até operador da Bolsa de Valores. Mas largou tudo para vender queijo em sua rural e ter sua liberdade de volta. "Não tenho medo de mudanças. Nunca me sustentei muito nas profissões nas quais eu era empregado. A medida que via que perdia meu controle, minha liberdade, aquilo me motivava a querer mudar. Todas as empresas que passei me dei muito bem, me dei bem com os chefes. Mas sempre quis ter o controle das coisas que tangem minha felicidade. O salário é uma forma de escravização e a gente perde o controle. Não temos controle sobre nossas férias, a gente fica refém de um 'enter', de uma planilha e tudo isso me afasta dessa carreira linear. Sempre fui aberto a esses desafios, nunca tive medo de correr atrás desse objetivo de ser livre", comenta. 
'Não deslumbro com a fama'
Novato com a fama, o ator e cantor revela como tem lidado com o assédio do público. "Não sei (risos). Acho que estou lidando de forma normal, talvez pela minha idade, de ter vivido muita coisa. Não deslumbro com a fama, não quero depender dela. Como meu propósito não é depender da fama, acabo não me reverenciando tanto a ela. Quero focar em fazer com que as pessoas queiram estar no meu show, assistir as coisas que eu faço e isso não depende da fama. É isso que eu busco. Claro que a gente quer atender todo mundo, agora fica mais difícil, mas na medida do possível, a gente atende todo mundo que encontra. É muito gostoso ter o reconhecimento das pessoas. É bom pra gente se encontrar também, refletir com a gente mesmo". 
Discreto em relação à família
Casado e pai de dois filhos, Guito deixa claro que gosta de preservar a família. Ele ainda diz que todos estão aprendendo a lidar com a exposição. "Minha família também está aprendendo. É uma experiência muito nova pra eles. Como estou morando fora, eles escutam mais comentários dos colegas, professores. Quando eu estou lá presente, tem os tumultos, as pessoas pedem pra tirar fotos, eles estranham mais. Fora isso, a gente tem lidado com a exposição com bastante normalidade. Está ruim pela distância, mas quando acabar a novela quero passar um tempo maior com eles". 
Apelido e nome artístico
O apelido de Guito surgiu quando Diogo ainda era criança. "Meu nome é Diogo de Brito Souza. O Guito surgiu de Dioguito. Sou primo do Alemão que disputou duas copas pelo Brasil, e ele jogava com o Maradona. E nessa época de 90 a 92, eu estava começando no futebol e chamava a atenção das minhas tias. Eu era pequenininho, franzidinho e elas me chamavam de Dioguito Maradona, tomara que pela habilidade e não pelo corpo franzido (risos). Meus colegas, que frequentavam minha casa, passaram a eliminar o Diogo e me chamar só de Guito", explicou.