Fernando Caruso abre mão do humor para interpretar o detetive Paulo, em 'Cara e Coragem'Globo/Fábio Rocha

Rio - Fernando Caruso pegou os fãs de surpresa ao surgir como o detetive Paulo de "Cara e Coragem", na TV Globo. Em sua estreia com um personagem fixo em novelas, o ator também precisou "fugir" do lado humorista para dar vida ao policial que tenta desvendar as circunstâncias da morte da empresária Clarice Gusmão (Taís Araújo). Em entrevista ao DIA, o comediante celebra o bom momento e abre o jogo sobre os desafios de interpretar o investigador na trama de Claudia Souto.
“Tem sido ótimo! A equipe é muito divertida, o que melhora sempre a qualidade do trabalho. Não ter que ser engraçado, apesar de, por um lado, [estar] fora da minha zona de conforto, por outro, me tira um pouco da pressão e da cobrança que costuma vir com a vida de comediante. Estou adorando!”, declara o artista, que ficou conhecido por programas como "Zorra Total" e a série "Vai que Cola". O sucesso, no entanto, veio muito antes, desde as peças "Z.É. - Zenas Emprovisadas" (2003) e "Comédia em Pé".
Para entrar no clima do personagem, Caruso conta que teve a ajuda das preparadoras Cris Moura e Isabella Sechin, sendo a última uma das professoras do histórico Teatro Tablado, na Zona Sul do Rio, onde ele também dá aulas de interpretação. “Por conta própria, eu também vi muitos vídeos de investigadores e policiais civis preparando os candidatos para o concurso público, o que foi bem interessante”, acrescenta.
Além disso, o ator revela qual é o “segredo” para evitar as tiradas cômicas que o tornaram um dos grandes nomes do humor brasileiro nos últimos anos: “Esporro da direção. Qualquer coisinha eu já ganhava um ‘Menos, Caruso!’, que me colocava na linha rapidinho!”, brinca o filho do cartunista Chico Caruso.
Em "Cara e Coragem", o público acompanha a relação entre Paulo e Marcela (Julia Lund), que chega para assumir a delegacia após a aposentadoria de Peixoto (Othon Bastos). Para Fernando, as cenas entre a delegada e o policial, que dividem um passado como ex-namorados, representam os “poucos” momentos em que sua experiência na comédia entra em cena: “Eu me divirto com as lapadas que ele toma da Marcela e suas tentativas de galantear. É tudo muito sutil, mas eu adoro!”
“O Paulo é um abusado. Eu sinto muita vergonha por ele. Defendo em cena, com unhas e dentes, mas o meu lado espectador não concorda com nada que ele faz”, completa o artista, que também pode ser visto na série "Turma da Mônica", que chegou ao Globoplay no último dia 21, como Feitoso Araújo, tio de Cascão (Gabriel Moreira).
Entre as novidades que têm vivido com seu primeiro papel fixo em uma novela, Caruso cita o cronograma intenso de gravações: “O volume de trabalho é muito maior. Mas, por outro lado, é gratificante também! Gravar 30 cenas num dia só não é pra qualquer um, não sei como esses galãs conseguem”, comenta ele, que, mesmo assim, mira no papel de mocinho para o futuro. “Já estou louco pra fazer outra novela. Agora não sossego enquanto não for protagonista!”
Fora das telinhas, ele concilia a rotina de filmagens da novela e a gravação de vídeos para seu canal de YouTube, “Caverna do Caruso”, com a chegada de sua primeira filha. Recentemente, o ator, de 41 anos, revelou a adoção da pequena Adama, de 1 ano, com sua esposa, a atriz Mariana Cabral. Equilibrando a vida pessoal e profissional, o artista relembra a emoção de se tornar pai da criança.
“Foi um processo muito longo, muito demorado, mas a emoção é enorme e se renova a cada dia que ela acorda, olha pra gente e sorri! Faz quase a gente esquecer o tanto de fralda que ela suja. Quase”, diz ele, em tom bem-humorado.