Daniella Perez e Raul Gazolla em episódio de Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella PerezDivulgação / HBO
'Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez' reconstitui com detalhes crime que chocou o país
Documentário original da plataforma de streaming HBO Max também será exibido nos canais Warner Channel e TNT
Rio - O documentário "Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez", que como o nome entrega conta a história por trás da precoce e trágica morte da filha da autora Glória Perez, se tornou a série original mais assistida na HBO Max no Brasil logo em seus primeiros dias de exibição. Nesta segunda-feira, o canal pago Warner Channel vai transmitir o primeiro episódio da série, às 22h30. A obra também terá exibição pelo TNT, a partir do dia 3 de setembro, às 22h.
"Pacto Brutal" reconstitui com detalhes os fatos e o julgamento do caso que impactou o Brasil no início dos anos 1990. A série de cinco episódios mostra também a luta de Glória Perez para que a Justiça fosse feita e os assassinos de sua filha condenados à prisão. Com a série, o crime cometido há 30 anos por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, que atualmente mudou seu nome para Paula Nogueira Peixoto, voltou aos holofotes.
Morte precoce e trágica
A atriz e bailarina Daniella Perez, filha da escritora Glória Perez, foi assassinada aos 22 anos, no dia 28 de dezembro de 1992. Na época, Daniella era casada com o ator Raul Gazolla e brilhava na novela "De Corpo e Alma", de autoria de sua mãe, na TV Globo. Ela interpretava a personagem Yasmin e Guilherme de Pádua dava vida a Bira, seu par romântico.
A atriz foi encontrada em um matagal na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, com 18 perfurações de golpes de tesoura, sendo que oito atingiram o coração. Horas após a morte de Daniella, Guilherme chegou a consolar a mãe e o marido da atriz. Ele e sua então mulher, Paula, foram condenados pelo crime.
Julgados por homicídio duplamente qualificado, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram condenados a 19 anos e 18 anos e meio de prisão, respectivamente. O casal se separou logo em seguida. Ambos deixaram a cadeia antes de completarem sete anos em regime fechado, em 1999.
Circo midiático
"Pacto Brutal" mostra a enorme repercussão que a morte de Daniella Perez teve na mídia. Em 1992, a vida pessoal dos artistas conseguia atrair uma atenção ainda maior do público, já que não era possível acompanhar a rotina das celebridades nas redes sociais, como acontece hoje em dia. Na época, chegou a ser veiculado que Daniella e Guilherme de Pádua tinham um caso, o que já foi comprovado ser mentira.
O velório e o sepultamento da atriz, que aconteceram no Cemitério São João Batista, em Botafogo, atraíram uma multidão de pessoas. Na produção da HBO, Glória Perez contou que havia tanta gente que a capela começou a tremer. "Cada vez chegava mais gente. Foi enchendo cada vez mais a capela e o Milton Gonçalves disse que teríamos que antecipar (o sepultamento), porque ia acabar sendo invadido e seria uma tragédia. Eu não queria antecipar, eu queria ter ela ali, mesmo que daquele jeito. A capela começou quase a balançar, a sensação que a gente tinha era como se ela balançasse", lamentou.
Revolta
O documentário também fala sobre o momento em que Raul Gazolla descobriu, ainda no velório de Daniella, que ela havia sido morta por seu colega de elenco. Alexandre Frota, Claudia Raia e Fábio Assunção contaram à produção que Raul chorava compulsivamente no momento em que recebeu a notícia. Ainda de acordo com os depoimentos, o ator ficou furioso e quebrou a capela inteira.
"Eu virei um bicho. Eu fiquei com muito ódio. Eu sei que não é um bom sentimento, mas não dá pra ter (um bom sentimento) naquele momento que você sabe que sua mulher foi assassinada, que o assassino é o colega de trabalho dela", disse Gazolla em um dos episódios de "Pacto Brutal".
Busca pela verdade
Durante todo o documentário é possível acompanhar como Glória Perez tentou encontrar testemunhas que a ajudassem a entender o que havia acontecido com Daniella na noite do crime. Essas novas evidências expuseram erros das autoridades no processo de conclusão do caso.
A autora também relembra um dos momentos mais tristes de sua vida, quando viu o corpo da filha no matagal. "A mão recuou, horrorizada... No contato, você realiza o que aconteceu, o frio da pessoa", disse a autora. De início, Glória Perez chegou a pensar que a filha havia sido vítima de um assalto, já que ela estava com cerca de seis mil dólares para dar entrada em um carro na ocasião em que foi morta.
Afronta
Na produção, Glória Perez conta que Guilherme de Pádua acreditava ser um desprestígio para a carreira dele o fato de Yasmin (Daniella Perez) não terminar a novela "De Corpo e Alma" com o personagem Bira, vivido por ele. Na época, o casal estava separado na trama. Guilherme, então, teria começado a pressionar Daniella para que ela falasse com a mãe sobre o assunto. Por isso, Glória, que era a autora do folhetim, acredita que o crime também tenha sido uma afronta direta à ela.
"Acho que ele foi longe demais nessa pressão sobre a Dani e teve medo que ela contasse para mim e para o marido (o ator Raul Gazolla). E é por isso que ele achava que a carreira dele estava terminada. Minha filha foi morta por ganância", disse Glória Perez à produção do documentário.
No último dia 11, data em que Daniella Perez completaria 52 anos, Glória Perez falou sobre o documentário e a filha nas redes sociais. "Neste ano, o documentário 'Pacto Brutal' devolveu sua identidade, tirou você do terreno da ficção e resgatou a pessoa real, a pessoa doce, afetuosa, em seu mundo de delicadeza estraçalhado pela ambição e a inveja de um casal de psicopatas", escreveu.
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