Samuel de Assis comemora sucesso de 'Vai na Fé' e fala sobre reconhecimento profissional: 'Me sinto seguro'

Rio - O sergipano Samuel de Assis tem arrebatado o coração dos telespectadores na pele do personagem Ben, protagonista da novela "Vai na Fé", de Rosane Svartman, na faixa das 19h da TV Globo. Aos 40 anos, o ator comemora o sucesso profissional e o reconhecimento do público. O artista também afirma se sentir realizado por ser um "agente de transformação" na televisão brasileira ao interpretar um advogado negro e bem sucedido. 

"Estamos fazendo uma novela com quase 70% do elenco preto e que não é novela de pessoas escravizadas, e sim com pretos protagonistas extremamente bem sucedidos, com pretos em papeis que não são marginalizados. A gente não é o protagonista bandido, escravizado. O Ben é um protagonista que é um advogado bem sucedido. Isso a gente quase não viu na televisão brasileira. Então, estar vivo para ser um agente dessa transformação é de um prazer, uma honra, que eu não sei mensurar", garante o ator. 

"É muito emocionante viver isso. Viver essa história nessa novela específica, com essas pessoas que eu admiro tanto: com a Rosane (Svartman, autora), que eu sou fã; com a Sheron (Menezzes, par romântico de Samuel na trama), e a Carol (Dieckmann), que eu amo de paixão, o Emílio (Dantas), que é meu amigo há anos, não tenho nem palavras", completa.

Em "Vai na Fé", Ben passa por uma grande mudança na vida depois de descobrir que pode ser pai de Jenifer (Bella Campos) e altera completamente sua trajetória, encerrando o casamento com Lumiar (Carolina Dieckmann). Samuel afirma que tem muitas semelhanças com o personagem e que, assim como Ben, vive em transformação.

"Eu sou um cara que vivo em transformação. Já tive várias mudanças radicais de vida. Desde que eu saí de casa aos 17 anos, já mudei de cidade uma porrada de vezes, passei por uma grande e enorme, talvez a maior transformação de vida ano passado, que foi ter feito santo na minha religião, que é o Candomblé. É uma coisa que muda a sua vida de fato. Você é uma pessoa antes e outra depois disso. Quando eu vi isso (transformação) no Ben, eu falei: 'esse cara tinha que ser meu, eu tinha que fazer esse cara'. Eu sei o que é isso, eu sei o que ele está passando, em vários sentidos, nessas transformações todas, nessa crença muito forte que ele tem na vida, nele, na Justiça. Me identifico muito com o Benjamin em todos esses aspectos", revela.

Samuel conta como está lidando com o assédio do público e com a fama de galã. Para o ator, a definição do que é ser galã hoje em dia é diferente de anos atrás. "Essa história de galã... Eu acho muito doido quando as pessoas me perguntam sobre isso porque: 'o que é ser galã, né?'. Essa pergunta é muito boa porque ser galã já foi uma coisa de esbanjar uma masculinidade que hoje, em 2023, não cabe mais. Não é mais interessante", afirma.

"Essa masculinidade que era exigida nos anos, sei lá, na década de 1970, 1980, não cabe mais. Ela é cafona, ela é ruim, é o símbolo maior do machismo que a gente vive hoje. Então, eu acho que você ser galã hoje é você ser um cara de verdade. Se você é um homem de verdade, com suas imperfeições, tristezas, alegrias, amores, suas vulnerabilidades, você é um galã. Beleza é uma coisa tão relativa, né? O que define galã não é beleza, masculinidade. É ser uma pessoa de verdade. O Ben é um homem de verdade e é por isso que ele luta: pela verdade, pelo senso de Justiça. Ele luta pelo que é justo. Nesse sentido, sim, eu vejo em mim um galã", analisa. 

Samuel acredita ter alcançado o sucesso na carreira em um momento em que se sente "seguro de si". O ator afirma que já não sai mais de casa sem ser reconhecido, mas isso não o incomoda de forma alguma. 

"Sim, o olhar do público já mudou. Já não ando mais na rua tão tranquilo assim. Eu acho que depois de tantos anos de carreira e luta pra chegar aqui, eu cheguei no momento certo. No momento em que eu estou seguro, que eu sei o que eu quero. Estou muito seguro de mim. Quando você está seguro de você, você sabe lidar com qualquer situação", diz o ator. "A gente só não sabe lidar com várias situações que a vida apresenta pra gente quando a gente não está muito seguro", completa Samuel, que já tem 22 anos de carreira, 16 séries e inúmeras peças de teatro no currículo. 

Antes de "Vai na Fé", Samuel de Assis já tinha arrasado como o personagem Kevin Costa, que vive um romance com Deivid Cafajeste, interpretado por Alejandro Claveaux, na série "Rensga Hits", do Globoplay. A segunda temporada começará a ser gravada ainda este ano. 

"A gente vai gravar a segunda e terceira temporadas juntas, ainda esse ano. Ou seja, férias para o Samuel de Assis só em 2024, graças a Deus. Agora quando estreia, acho que nem Deus vai saber", brinca o ator, que comemora o sucesso da produção e de seu personagem. 

"Eu imaginava que a série ia ser um sucesso pela temática, pelos atores, por vários aspectos, mas eu não imaginava que o Kevin ia virar o que virou. A gente viralizou muito. As pessoas torciam, toda hora alguém me marcava no Instagram e eu falava: 'meu Deus, o que está acontecendo?'. Eu realmente não esperava esse sucesso. Mas eu acho que tem uma coisa, que foi o que mais fez o Kevin viralizar, que é ele ser um cara de fácil identificação. Ele é um cara que não aceita menos do que ele sabe que merece. A gente está muito acostumado a ver histórias em que a gente mata e morre por amor, mas é importante ver que existem personagens assim como o Kevin, que falam: 'Não, meu lugar é aqui. E eu só vou aceitar se você estiver disposto e também estiver aqui comigo'. Acho que foi isso que fez o Kevin ser um cara de fácil identificação". 

Samuel também não vê a hora de reencontrar os colegas de elenco da série. "Eu amo Rensga Hits, sou apaixonado pelo 'Rensga'. A gente virou uma grande família, a gente se ama muito. Deu muito certo esse elenco. Lembro que no primeiro dia de leitura, a gente se olhou e quase ninguém conhecia ninguém ali. A gente falou: 'nossa, que elenco heterogêneo'. E de repente em dois dias a gente já estava se amando, a gente já era melhor amigo um do outro. Somos até hoje, graças a Deus".