Roberto de Carvalho fala sobre Rita LeeReprodução de vídeo / TV Globo

Rio - Roberto de Carvalho não segurou a emoção durante uma entrevista concedida ao "Fantástico", da TV Globo, exibida neste domingo. O viúvo de Rita Lee, que morreu aos 75 anos, na última segunda-feira, relembrou os últimos momentos da cantora e a história de amor dos dois. Eles estavam juntos há 47 anos. 
"Um grande privilégio, um grande privilégio. E nos tornamos cara metade. Eu não posso dizer para você que a Rita e o Roberto....O Roberto é a Rita também, a Rita é o Roberto também. Em vida ou em morte. E ela continua sendo eu", afirmou o músico, emocionado, à repórter Renata Ceribelli.
Os casal se aproximou devido a música. Além de uma parceria profissional de sucesso, os dois também viveram uma linda relação amorosa. "A gente começou a fazer as coisas juntos porque ela ouvia: ‘O que você tocou aí? Isso é uma música, é uma música’. Aí ela vinha com o caderninho, sempre rápida”, relembra Roberto. Eles tiveram três filhos, Beto, João e Antonio. 
Após contar a história da música "Mania de Você", Roberto foi às lágrimas. Ele, então, falou sobre o luto. "Talvez eu fique assim pra sempre. Sempre vai ser difícil. Eu não tenho a menor pretensão de que fique fácil". 
Em seguida, o músico relembrou o diagnóstico de câncer no pulmão de Rita. "A Rita é considerada um milagre pelos médicos que cuidaram dela. Ela foi fazer os exames e viu que tratava-se de um tumor já em estágio avançado, já em metástase. O tempo de sobrevida era de três a quatro meses. Isso em 2021. Ela fez quimioterapia várias vezes, radioterapia".
Em outro momento, ele ressaltou: "Ela queria viver, não queria partir. Até o fim, ela nunca quis partir. Ela sempre tinha um monte de coisa. Planos de escrever, de fazer música. Eu até dizia pra ela: ‘Eu queria até trocar de lugar com você porque você tem muito mais coisa pra fazer do que eu. Eu vou e você fica’". 
Roberto disse que foram momentos difíceis e contou como se sentiu. "Medo, ansiedade, pavor. Junto com o João, meu filho, nós dois que tomamos conta da situação toda e a gente procurou se informar o máximo... Porque a gente foi jogado em um universo que a gente desconhecia". 
Ele também recordou os últimos momentos da Rainha do rock brasileiro. "Ela foi perdendo a capacidade de andar, de pensar. Entretanto, os momentos finais dela foram de leveza, de doçura. Estávamos todos com ela. A gente montou um quarto de hospital, na última fase, na cama, ela parecia uma criancinha, um passarinho. A respiração dela foi parando... foi em paz, foi em paz".