Pedro Bial apresenta o 'Linha Direta'Fábio Rocha / TV Globo

Rio - A TV Globo precisou cancelar a exibição do episódio inédito do programa "Linha Direta" que iria ao ar nesta quinta-feira. A emissora foi impedida de transmitir o capítulo em que seria abordado o caso da morte do menino Henry Borel, aos 4 anos, no Rio de Janeiro, após a defesa de Jairo Souza Santos Júnior, o ex-vereador Jairinho, solicitar uma liminar contra a atração policial. A decisão foi assinada pela juíza Elizabeth Machado Louro nesta terça-feira.
Em nota enviada ao DIA, a advogada Flávia Fróes alega que a medida cautelar proposta pela defesa de Jairinho tem o objetivo de coibir a veiculação de conteúdo de "teledramaturgia caricata e apelativa". O documento se posiciona contra o uso de "debates entre 'peritos' (não necessariamente oficiais e admitidos no processo), oitiva de juristas (sem procuração nos autos)" e a reconstrução com atores "ao modo que bem entender aos roteiristas".
"Isso significa o uso da comunicação de massa para impregnar toda a sociedade em um prévio ódio ao réu, capaz de gerar tamanha dissonância cognitiva, que chegando assim afetados os jurados ao Plenário do Júri, já terão como pré-formadas e imutáveis suas opiniões, não importando o que seja apresentado pelo Ministério Público e pela Defesa no julgamento de fato e legal, no Judiciário", acrescenta a nota da defesa.
Em resposta à liminar solicitada, a juíza responsável pelo caso também enfatiza que, "levando em conta que o réu deverá ser julgado pelo corpo de juízes leigos, tal exposição bem poderá colocar em risco a imparcialidade dos julgadores, prejudicando o direito do réu a um julgamento justo".
Procurada pelo DIA, a assessoria da TV Globo declarou que não comenta "questões em discussão na Justiça".
Relembre o caso
Henry Borel, de 4 anos, foi levado para um hospital da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na madrugada de 8 de março de 2021. O menino chegou à unidade de saúde com manchas roxas em várias partes do corpo e o laudo da perícia apontou que a morte dele foi provocada por laceração hepática.
O caso foi investigado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) que concluiu, em maio do mesmo ano, que Jairinho agredia o a criança. O inquérito também revelou que Monique sabia que o filho vinha sendo vítima do padrasto, mas se omitia. O ex-vereador e a mãe da criança foram indiciados por homicídio duplamente qualificado. Jairinho foi denunciado ainda por tortura e Monique por omissão quanto à tortura.