Charles Fricks, o Ademir de ’Terra e Paixão’, comemora o sucesso de seu personagem: ’Foi abraçado pelo público’Globo/Manoella Mello
Rio - Premiadíssimo no cinema e no teatro, o ator Charles Fricks, de 51 anos, também leva todo seu talento ao horário nobre da TV Globo na pele do personagem Ademir, na novela "Terra e Paixão". O artista já tinha feito outros pequenos papéis em folhetins das 21h, como "Um Lugar Ao Sol", que assim como "Terra e Paixão" também é de autoria de Walcyr Carrasco, mas atualmente está sendo mais reconhecido nas ruas pelo público.
"Já sentia a força de estar em uma obra do Walcyr (Carrasco) em horário nobre, mas agora com o Ademir a repercussão é muito maior. Sou parado nas ruas, sempre com muito carinho, faço entrevistas… É diferente. Acho que o Ademir é um personagem que foi abraçado pelo público. Fico muito feliz", comemora Charles.
A partir desta quinta-feira, como já anunciado em chamadas na programação da Globo, "Terra e Paixão" passará por grandes reviravoltas e Charles revela que o Tio Ademir vai começar a mostrar "novas camadas" nesta nova fase da trama. "É um grande desafio trazer a verdade desse homem que vive da terra desde sempre, que conhece a plantação, a rotina de uma fazenda. Fui nascido e criado em Cachoeiro de Itapemirim, uma cidade pequena no Espírito Santo. Às vezes, passava os domingos na fazenda do meu avô e tinha contato com as pessoas da região. Os sotaques, os hábitos dos homens do interior, a cor do pôr do sol, o cheiro de café com bolo de fubá, tudo isso veio à tona na memória, na busca pelo Ademir que eu imaginei. Tive que encontrar a doçura e a dureza desse personagem. Mas em breve vamos descobrir outras camadas dele", entrega o ator, que espera que o embate entre Ademir e Antônio La Selva (Tony Ramos) ganhe ainda mais destaque.
"O Walcyr (Carrasco) disse que Caio (Cauã Reymond) e Daniel (Johnny Massaro) têm uma inspiração em 'Caim e Abel'. Acho que essa relação também se espelha no relacionamento conturbado entre os irmãos Ademir e Antônio La Selva. Eu espero que haja muitos embates entre esses dois ao longo da novela. Adoro contracenar com Tony", garante. E não é só com Tony Ramos que ele gosta de trabalhar. Charles Fricks revela que o clima entre todo o elenco é de muita descontração.
"Sempre que me parabenizam pelo trabalho, agradeço e faço questão de ressaltar que o clima entre o elenco, equipe, é muito bom. Acho que isso ajuda muito no resultado. Temos um elenco heterogêneo. Desde atores muito experientes como alguns que nunca haviam feito uma novela do início ao fim. E isso é muito rico. Assisto a novela em casa e vibro com as cenas dos colegas".
Premiado
Charles Fricks ganhou a categoria de Melhor Ator no Prêmio Shell de Teatro e no Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro) com o monólogo “Filho Eterno”, baseado no romance de Cristovão Tezza e adaptado por Bruno Lara Resende para a Cia. Atores de Laura. Ele também participou de grandes sucessos do cinema, como “Nise”, “Tropa de Elite 2” e “Chico Xavier”, além de séries como “As Brasileiras”, “Rotas do ódio”, “Magnífica 70” e “Sob Pressão”. O ator revela que sempre quis "transitar" por todas as áreas da arte.
"O teatro é a casa onde me sinto mais à vontade. Onde tenho mais intimidade. O teatro me abraçou desde muito jovem e eu a ele. Mas sempre quis ser um ator que transita por todas as áreas — teatro, cinema, TV. Sou muito grato por conseguir trabalhar em tudo isso nos últimos anos. Cada um deles tem uma dificuldade, um prazer, uma alegria diferente", garante.
Galã
O artista também é um sucesso na internet e conta com mais de 20 mil seguidores no Instagram, onde recebe até algumas cantadas. "Nunca fui galã, mas me sinto melhor aos 50 do que aos 20. Tenho mais segurança, mais certeza do que quero. Talvez isso transpareça no meu trabalho e na minha imagem. Também não sou um cara muito vaidoso. Faço o básico: atividade física e tento lembrar de passar protetor solar e algum creme para o rosto que o dermatologista receitou", diverte-se.
Sexualidade
Recentemente, Charles revelou que já "namorou homens e mulheres". Questionado sobre os avanços da sociedade em relação ao preconceito com a sexualidade, o ator afirma que ainda há "um longo caminho a percorrer".
"Felizmente a TV e a sociedade estão mudando em alguns aspectos. Hoje vemos muita gente falando da sua sexualidade sem receio de perder trabalhos. Passamos por alguns dos piores anos no Brasil quanto à intolerância. O discurso de ódio da extrema-direita ganhou espaço em TV, rádio, jornais, em Brasília, na família, em algumas igrejas. Temos até 'pastor' incitando a violência contra a comunidade LGBTQIA+ hoje no país", analisa.
"Temos avanços quanto ao combate à intolerância, quanto ao racismo, por exemplo. Mas há muito o que avançar. Muito. O brasileiro, há décadas, é o povo que mais assassina pessoas trans no mundo. Sem falar no feminicídio e racismo. Há muito o que comemorar na questão dos avanços, mas infelizmente, o ódio ao diferente está mais presente do que nunca. Discurso de ódio e mentiras são defendidas por extremistas com a desculpa de 'liberdade de expressão'. Um longo percurso a percorrer", finaliza.
"Temos avanços quanto ao combate à intolerância, quanto ao racismo, por exemplo. Mas há muito o que avançar. Muito. O brasileiro, há décadas, é o povo que mais assassina pessoas trans no mundo. Sem falar no feminicídio e racismo. Há muito o que comemorar na questão dos avanços, mas infelizmente, o ódio ao diferente está mais presente do que nunca. Discurso de ódio e mentiras são defendidas por extremistas com a desculpa de 'liberdade de expressão'. Um longo percurso a percorrer", finaliza.
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