Xuxa, com Doralice no colo, na festa de lançamento de seu documentário, que estreia nesta quinta-feira no GloboplayBlad Meneghel/ divulgação

Rio - Maria da Graça Xuxa Meneghel, a Xuxa, encantou várias gerações e se tornou uma das maiores artistas do país. Aos 60 anos, a eterna Rainha dos Baixinhos lança nesta quinta-feira, a partir das 18h, no Globoplay, um documentário que mostra toda sua trajetória, desde o início como modelo — ainda em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul — até se transformar em apresentadora e em um dos principais ícones pop do Brasil, sendo idolatrada por milhões de fãs até hoje.
"Xuxa - o Documentário" terá cinco episódios, lançados sempre às quintas-feiras, e conta com direção geral de Pedro Bial. Na série documental, a apresentadora abre o coração e reencontra pessoas que marcaram de alguma forma sua vida, como Marlene Mattos, Sergio Mallandro, Renato Aragão, as ex-paquitas Andrea Veiga, Letícia Spiller e Tatiana Maranhão; Luiza Brunet, Luciano Szafir, Sasha, Junno, entre outras.
Para Xuxa, um dos momentos mais emocionantes do documentário é o nascimento de sua filha, Sasha, fruto do relacionamento com Luciano Szafir. "Fizeram um 'auê' na minha gravidez. Gravaram tudo. Tinha, se não me engano, 18 ou 19 pessoas na sala de parto e as pessoas gravando tudo isso. Não tinha visto essas fitas, não tinha visto tudo. Foi uma surpresa e muito emocionante poder mostrar tudo o que eu já tinha contado pra Sasha. Chorei de novo, me emocionei de novo e foi muito bacana e bem forte pra mim", afirma.
Outro momento especial foi revisitar Santa Rosa ao lado da filha e também reencontrar pessoas importantes para sua história. "Eu queria dividir com a Sasha, mostrar para ela os lugares por onde eu andei, mostrar meu tio que ainda está lá (em Santa Rosa). Foi bastante emocionante, mexeu muito comigo. Foi muito forte também o fato de eu poder encontrar as pessoas e ver a minha história através da visão delas, como o Boni, o Marcelo (Ribeiro) que fez o filme ('Amor Estranho Amor'), a própria Marlene (Mattos), que fazia tempo que eu não a via. Eu revisitei a minha história através do olhar das pessoas", afirma. 
Marlene Mattos
O reencontro e a relação conturbada com Marlene Mattos repercutiu bastante antes mesmo da estreia do documentário, mas Xuxa ressalta que o projeto não é apenas sobre isso. "As pessoas estão falando muito sobre o momento com a Marlene e o documentário não é só sobre isso. Está falando de 40 anos de carreira, da minha vida toda, ou seja, existem coisas muito importantes. Tão importantes quanto e até mais importantes (que o reencontro com Marlene)", garante.
A apresentadora também admite que a conversa com a ex-empresária foi difícil e que se decepcionou por não ter visto mudanças na ex-amiga. "O Pedro (Bial) perguntou se poderíamos chamar todo mundo, a Marlene... Eu falei: 'deve'. Mas depois eu falei: 'ai'. Pensei, repensei bastante... Mas eu mudei muito (nesse tempo em que elas estiveram afastadas), e eu queria ver e ouvir essas mudanças (da parte da Marlene) e foi um pouco decepcionante quando eu não senti isso. Mas foi muito válido".
Abusos
Ao aceitar reviver toda sua história, Xuxa teve que remexer em lembranças desagradáveis, como os abusos que sofreu. A apresentadora, no entanto, acredita ser importante falar desse assunto. "Eu acredito que essas coisas que eu passei me fortaleceram para ser quem eu sou hoje, as coisas ruins mais do que as coisas boas até. Mas é bem dolorido, viu. Dá um enjoozinho, uma vontade de dizer: 'não quero mais brincar disso'. Dá vontade de fechar uma caixinha, colocar no fundo do baú, no fundo do mar e esquecer", lamenta a apresentadora, que diz ficar indignada com algumas pessoas nas redes sociais que "passam pano" para seus abusadores. 
"Eu fui uma pessoa assediada moralmente. Tive abusos não só físicos, mas também abusos psicológicos, abuso de confiança, abuso de poder foi usado em cima de mim. Está claro, está nítido, e tem gente ainda na internet ou em outros lugares que fica do lado do abusador e não da vítima, que no caso seria quem viveu tudo isso, que não fui só eu: foram as paquitas, foram as pessoas conviveram e viveram ao meu lado. Isso me choca. Acho que eu fico chocada quando eu vejo que as pessoas ainda arrumam um jeito de falar: 'ah, mas isso é normal, isso é da pessoa' ou 'naquela época era normal, tudo bem'". 
O que faltou? 
É impossível colocar 40 anos de carreira em apenas cinco episódios, mas ainda assim Xuxa acredita que o documentário está muito "correto" e tratou toda sua trajetória com muito "respeito". A apresentadora gostaria de ter conseguido o relato de mais pessoas, como a irmã Mara, que morreu em janeiro deste ano antes de poder participar das entrevistas e assistir ao projeto pronto. 
"Eu vi duas vezes e achei bem compacto, não mudaria nada. Por mais que eu até pudesse gostar de ver mais algumas coisas, para ficar mais esclarecido, eu não mudaria nada. Foi um trabalho de pesquisa muito grande. Teve muito respeito pela minha história, por mais que não seja um documentário 'Xuxa, eu te amo', não é para me colocar lá nas alturas... Não colocaram só o lado bom, tanto de pessoas que trabalhavam comigo, como o meu lado também. O documentário está correto, não tem que passar a mão na minha cabeça", garante. 
"Faltou a visão de algumas pessoas. Eu não tive a minha irmã falando. Ela chegou a conversar com o Pedro Bial, mas não tiveram a possibilidade… Ela estava vindo para o Rio de Janeiro em fevereiro para poder passar o aniversário comigo, queria ver o documentário... Ela foi embora em janeiro", diz Xuxa, emocionada. "Então, faltam algumas pessoas que fizeram parte da minha vida, que não tiveram esse espaço. Eu sinto muita falta de todas as paquitas falando, mesmo as paquitas que não gostam de mim", completa. 
Vovó Xuxa
A apresentadora revela o que a motivou a lançar o documentário. "Sem pressão à minha filha, estou com muita vontade de ser avó. Não vou pressionar, ela tem que fazer no momento certo, mas eu queria muito que os meus netos tivessem a possibilidade de ver a minha história através do documentário. E sendo feito pelo Globoplay, a Globo tem 29 anos da minha história, está mais do que certo, não poderia ter sido feito por outro veículo, de outra maneira, não tinha como sair de outras mãos", inicia.
"Estou muito relaxada com isso de ver o documentário e de querer que as pessoas vejam. As pessoas que me conhecem, que dizem que me conhecem, as pessoas que ainda não me conhecem, as pessoas que gostam de mim, as pessoas que não gostam de mim, e acima de tudo as pessoas que eu gostaria muito que me conhecessem... Aí entram essas pessoinhas, sabe? Esse 'doc' vai ser pra guardar, pra eu chegar e dizer: 'olha, isso aqui foi um pouco do que a vovó viveu'. Então, eu estou muito preparada pra isso, pra ser chamada de vovó e pra mostrar a minha história", finaliza.