Drauzio Varella abraçou a detenta Suzy em reportagem de 2020 para o ’Fantástico’Reprodução

Rio - O médico Drauzio Varella participou da coletiva de imprensa para divulgar as novidades dos 50 anos do "Fantástico", no Rio, na noite desta segunda-feira, e relembrou uma polêmica reportagem que fez para o noticiário em março de 2020. Na ocasião, Drauzio abraçou uma detenta, Suzy, que estava presa por estupro e assassinato de uma criança. Questionado sobre o assunto, o médico revelou que recebeu até ameaças de morte após a reportagem. 
"Esse caso aconteceu em um presídio lá em São Paulo, em Guarulhos, com uma travesti. O erro foi meu, totalmente meu. Eu trabalho em cadeias há mais de 30 anos e nunca na minha vida eu abracei um preso. Não faz parte do relacionamento que eu tenho com eles, mas ali no 'Fantástico' eu estava como repórter, na verdade. Estava como jornalista, falando daquela realidade", iniciou. 
Drauzio explicou que não sabia qual crime a detenta tinha cometido quando a abraçou. "E naquele momento, aquela pessoa que eu não sabia o que tinha feito... Porque o princípio básico que eu sempre utilizei, que aprendi com os carcereiros mais velhos, é que você não pergunta o que a pessoa fez. Eu sou médico, não sou juiz. Tem gente mais preparada do que eu para julgar. E eu me comovi com aquela pessoa que me olhou de um jeito tão desprotegido, tão triste, que me deu vontade de dar um abraço nela", continuou. 
"Aquilo não fazia parte do script, nem caberia. Toda essa confusão que foi armada, todos esses problemas que nós enfrentamos... Eu, pessoalmente, (recebi) ameaças de morte, etc... Quando eu olho pra trás, eu lamento o que aconteceu, é claro, mas isso foi gerado por um abraço. Isso que é a tristeza, gerar uma coisa tão violenta assim por um abraço", finalizou. 
Relembre o caso
Drauzio Varella abraçou uma detenta, Suzy, durante uma reportagem para o "Fantástico". A mulher trans havia sido presa por estupro e assassinato de uma criança de 9 anos. A TV Globo e o médico chegaram a se desculpar, mas a família do menino processou Drauzio e a emissora, que foram condenados a pagar R$ 150 mil por danos morais em primeira instância. 
A emissora recorreu e, segundo o site "Notícias da TV", a decisão foi reformada em segunda instância e tanto a Globo quanto Drauzio foram liberados de pagar a indenização. O processo ainda corre no STJ.