Walkiria Ribeiro celebra sucesso de Rejane Miranda em ’Fuzuê’Rodrigo Lopes / Divulgação

Rio - Walkiria Ribeiro, de 46 anos, tem roubado a cena como Rejane Miranda, em "Fuzuê", da TV Globo. A personagem é antiga amante de Nero (Edson Celulari), ex-rival de Maria Navalha (Olivia Araújo) e uma costureira de mão cheia. A atriz celebra o sucesso que a amada de Otávio Augusto (Val Perré) tem feito no folhetim de Gustavo Reiz, aponta suas semelhanças com a personagem, relembra o início da carreira em "A Praça É Nossa", no SBT, e exalta sua relação de 38 anos com o Carnaval. Confira!
- Walkiria, como é dar vida a Rejane em "Fuzuê"?
É uma alegria constante. A Rejane é tipicamente brasileira, solar, não desiste nunca. Com todos os trejeitos, as falas, os pensamentos e atitudes de uma mulher que sonha, batalha e está dia após dia fazendo o que gosta: costurar. Ela é positiva, caminha em busca de encontrar seu verdadeiro amor e a felicidade. Não é à toa que ela se tornou, há 30 anos, a 'Rainha da Fuzuê', grande loja que a história norteia. A Rejane é uma mulher que foi ao longo dos anos se renovando, construindo sua carreira... E ela vai vencer. 
- Você tem algo em comum com a Rejane?
Uma das coisas bem curiosas é esse meio artístico. A Rejane dentro da história passou anos dedicada a esse concurso de beleza, o 'Rainha da Fuzuê'. E na minha história pessoal, tive uma trajetória bem parecida. Anos como modelo, mas sobretudo dentro do Carnaval, onde nós, meninas, periféricas, de comunidade, almejamos ser passistas reconhecidas, musas, rainhas de bateria e tive o grande privilégio de me tornar Rainha do Carnaval de São Paulo em 2000. Outro ponto em comum é o tempo que passa. Esse mesmo tempo que a Rejane tem na história de ainda falar de 30 anos atrás, é o mesmo tempo que o meu. Hoje tenho 46 anos e vivi 38 anos da minha vida com meu corpo disponível para a dança. A Rejane é viva, livre e esse é um lugar bem comum para mim. 
- Otávio Augusto pediu uma chance para a Rejane Miranda. Torce por um romance entre eles?
Essa chance do Otávio Augusto é bem oportuna para a Rejane. Torço para que ela seja feliz, que possa ser amada, reconhecida, respeitada, bem tratada. Que venham todas as possibilidades para a Rejane, se não for com o Otávio Augusto, que até o fim da novela seja com alguém que possa ter todos esses atributos. 
- Maria Navalha e Rejane passaram anos brigadas até que finalmente se entenderam. As duas têm até trocado confidências. A Maria, por exemplo, contou para a Rejane que o César (Leopoldo Pacheco) é o pai de Luna (Giovana Cordeiro). Você acha que essa amizade vai durar?
Elas se reconhecem no caráter, nas atitudes. É uma amizade duradoura, sim. Por mais que a história traga alguns obstáculos para elas, que se afastaram, brigaram, fizeram as pazes, as duas se reconhecem na vida, no comportamento, na admiração. Uma complementa a outra. É um amizade de confidência, parceria, uma faz tudo pela outra. Elas, no entanto, têm personalidades bem diferentes, são mulheres francas, não deixam de dizer o que sentem, querem, mesmo que seja para deixar a outra brava. Acho que essa amizade vai trazer muito pano para manga. 
- Como tem sido a reação dos fãs em relação a personagem?
Ir para a rua é o termômetro de nós atores. Minha maior surpresa foi com as crianças. Estive em um ensaio de escola de samba da Mangueira, no Rio, e me deparei com três crianças. Uma delas me disse: 'tia, você é aquela moça que usa o chapéu de fruta na cabeça?'. Meu olho encheu d'água. É muito comovente para mim ter esse acolhimento do lúdico, infantil. A gente nota que nosso trabalho está para além do que a gente constrói nesse caminho. As crianças reconhecem a Rejane Miranda. Tem uma frase do primeiro episódio que a Rejane aparece, e que se tornou bordão, que é: 'Rejane Miranda, em carne, osso e tico-tico no fubá'. E tive alguns vídeos de mães filmando as filhas e mandando para mim. Isso me emocionou demais. Ver as crianças se identificando e achando graça. 
- Você iniciou sua carreira na televisão em 'A Praça é Nossa'. Era gostoso fazer parte deste programa?  Você também integrou o elenco de um programa do Tom Cavalcante. Ainda curte fazer humor?
Tive o grande privilégio de começar em 'A Praça é Nossa'. Foi minha maior escola. Tive oportunidades de ter contato com os maiores mestres do cenário humorístico do nosso país. Sobretudo com o Carlos Alberto de Nóbrega, um homem muito generoso que deu oportunidade para muitas pessoas. Fui uma dessas pessoas. Era uma menina, passista de escola de samba, quando eu bati na porta da 'Praça É Nossa' e me deparei com a produtora executiva dele. A oportunidade me foi dada naquele dia, de trabalhar com humor.
Minha primeira cena foi com o saudoso (Ronald) Golias, depois entrei no quadro da Catifunda, fiquei meses ali. Fiz muitos amigos, tive muitas inspirações. Contracenei com o (Jorge) Loredo, o Zé Bonitinho, Jorge Lafond, Moacyr Franco - uma das pessoas mais generosas que conheci na vida. Ali foi minha escola, minha faculdade. Depois, tive a oportunidade de ir para Record, onde comecei minha carreira artística mesmo na dramaturgia, em "Escrava Isaura". O Tom Cavalcante chegou na emissora e fui convidada a participar do "Show do Tom". O Tom é uma pessoa astuta, generosa, com raciocínio rápido. Fiz muita coisa dentro o humor e estou muito feliz de estar em "Fuzuê", porque é como homenagear e dizer pra esses grandes mestres: estou aqui por conta de vocês. Só estou podendo fazer rir, porque vocês puderam me ensinar tudo. 
- Você tem uma relação com Carnaval de São Paulo. Ainda acompanha o Carnaval de lá? Torce para alguma escola de samba? E aqui no Rio? Já marcou presença na Sapucaí? Tem alguma escola daqui do Rio que você goste?
Tenho uma relação de vida com o Carnaval. É meu berço, minha casa, essência, de onde eu vim. Fui iniciada na dança com dois anos, meu pai me levou pro balé, e entrei nesse mundo do Carnaval pela Vai-Vai. Sou da Zona Sul de São Paulo, da periferia, e desfilei na escola desde meus oito anos. Ali cresci, construí meu caráter, meus valores, meu riso, alegria de saber e entender o que é a vida. Tudo isso vem dali, daquelas pessoas, das baianas, passistas, da porta-bandeira. Foram 38 anos de vida dedicados ao Carnaval. É uma relação forte. Virei uma profissional da dança por causa do Carnaval, conheci mais de 15 países no mundo levando nossa cultura, nossa música, dança pro exterior. Meu coração é preto e branco, sou Vai-Vai.  Fui a primeira rainha de bateria paulistana a desfilar na Paraíso do Tuiuti, no Rio de Janeiro, em 2007. Fiquei um ano na Tuiuti, seis anos na Vila Isabel, até chegar no meu grande sonho, minha grande paixão, a Mangueira. Fui musa da Mangueira por três anos, saí em carro alegórico. Hoje ainda desfilo na verde e rosa, não como musa... E o Carnaval 2024 vai ser icônico, tanto na Vai-Vai, que vai homenagear o rap nacional, como a Mangueira, no Rio, que homenageia a Alcione, a Marrom.