Rodrigo Santana é motorista de van clandestina Ivan na série Ponto FinalFOTOS Divulgação / Netflix

Rio - A série "Ponto Final" estreou este mês na Netflix e já se tornou um dos grandes sucessos da plataforma de streaming, ocupando o primeiro lugar entre as mais assistidas e desbancando séries internacionais. Na trama, Rodrigo Sant'Anna vive Ivan, um motorista de van clandestina que encara vários desafios enquanto circula pelas ruas do Rio e precisa lidar com o fim do casamento com Sandra (Roberta Rodrigues), uma motorista de ônibus.
Rodrigo, que além de atuar também é showrunner de "Ponto Final", comemora o sucesso da série e ressalta o intenso trabalho da equipe antes do produto final ir ao ar.
"Tenho que agradecer a todos os santos agora, em todas as religiões que eu frequento! Acho que o sucesso é tão rápido que não vale a pena focar só nisso. É óbvio que fico muito feliz. Quando você vê um projeto que você ralou, escreveu — sou o showrunner da série, então, toda decisão passa por mim — é óbvio que fico muito, muito feliz. Mas essa é uma parte; o sucesso parece que é a menor parte de um trabalho que demora tanto tempo, e você fica no Top 1 por algumas semanas, de um trabalho que durou anos (para ser feito). Eu fico muito feliz e grato, mas o trabalho é muito maior do que só o sucesso, é o que quero dizer", afirma o humorista em entrevista ao DIA
"Mas quero muito agradecer a todos que estão assistindo, que estão clicando e 'desbancaram' as outras séries internacionais, porque sei que às vezes a gente não olha com tanto carinho para os nossos produtos. Muito, muito obrigado a quem está olhando com tanto carinho para 'Ponto Final'", completa.
Motorista de van clandestina
Rodrigo conta que resolveu falar do universo dos motoristas de ônibus e van porque é um tema com o qual tem certa familiaridade. "Esse foi um universo que eu vivi demais na minha adolescência e início da idade adulta, por um bom tempo. Na verdade, como eu morava no subúrbio, eu tinha que pegar ônibus e van para me locomover para grande parte dos lugares. E trem também na verdade. Então, isso foi me gerando um material grande de observação, e eu queria falar dele em algum momento da minha vida, como todo meu material de trabalho, em que uso minhas vivências como experiência", explica.
Na série, Ivan está sempre apagando algum incêndio, lutando com as adversidades da vida com muito bom humor e "jogo de cintura". "Eu acho que o Ivan traduz a necessidade da sagacidade do brasileiro. Porque é isso: quando você pensa que tem a fatura do cartão para pagar, aparece um radiador que quebra, a escola do filho que está atrasada ou a ex-mulher precisa de alguma coisa… Acho que essas dívidas cotidianas que aparecem e que só crescem traduzem um pouco esse jogo de cintura que o brasileiro tem que viver fazendo para conseguir se virar", diz Rodrigo. 
Humor na TV aberta e no streaming
Ao ser questionado sobre as diferenças entre produzir humor para a TV aberta e o streaming, Rodrigo afirma que existem sim diferenças, mas acredita que o que faz as tramas darem certo é a identificação do telespectador com os personagens e a obra de uma forma geral. "Eu acho que existem muitas diferenças, mas continuo achando que o humor precisa ser, sobretudo, identificável e engraçado. Acho que parte da graça vem do que o público identifica no seu cotidiano, no seu dia a dia. Por isso, persisto e insisto nas minhas vivências, porque acho que sou parte daquilo que o povo também vive, ou já viveu. Mas o streaming, talvez, tenha um consumo diferenciado da TV aberta", analisa.
Outro aspecto interessante de "Ponto Final" é que a série é gravada com a plateia presente no estúdio. Rodrigo conta que acha essa interação um fator positivo, pois já é possível perceber se a piada deu certo ou não no momento da gravação. 
"Há um tempo que venho fazendo (séries com a presença do público). É porque dessa vez a gente mostra a plateia (no vídeo). Mas há um tempo venho fazendo projetos com plateia. Acho que, sem dúvida, traz espontaneidade e o resultado é imediato", afirma. 
"Se você fez uma piada e ela não reverteu em risada, teoricamente, não foi engraçada. E engraçado é que ouço comentários do tipo 'é claque!'. Não é claque, gente. É a plateia que está ali, realmente, presencialmente. E em 'Ponto Final' a gente tem a oportunidade de mostrar isso na arte, no produto final. No vídeo, a gente mostra a plateia aparecendo justamente para que essa brincadeira, essa troca, fique um pouco mais viva", explica. 
E será que teremos uma segunda temporada de "Ponto Final"? "Segunda temporada? Não é comigo, é com a Dona Netflix, ela é quem decide!", dispara o showrunner, aos risos.