Daniela Toviansky / Divulgação
Rio - Após lidar com a morte da mãe, Mitsuko (Lina Agifu), e o cancelamento nas redes sociais, Tina, interpretada por Ana Hikari, enfrentará novos desafios na terceira e última temporada da série "As Five", do Globoplay, com estreia marcada para o dia 1º de março. Um deles é admitir que precisa de ajuda para tratar a dependência química. Dando vida à personagem desde 2017 em "Malhação - Viva a Diferença", a atriz mergulhou no tema nesta fase da trama.
"Estudei sobre a questão da dependência química em geral. Conversei com um diretor de um CAPS AD [Centros de Atenção Psicossocial] pra entender as especificidades dessa questão, como é o processo de quem passa por isso e como são os tratamentos. Frequentei também encontros de Narcóticos Anônimos para entender os fundamentos dos grupos, entender o sentimento das pessoas ali, a abordagem e a sensação de estar lá com outras pessoas. Foi um processo muito enriquecedor, porque humanizar as pessoas que passam por isso é essencial diante de uma sociedade que desumaniza tanto dependentes químicos. E foi isso que eu vivi enquanto estudava a Tina. Tive a oportunidade de olhar de maneira humana para essa questão", comenta a artista.
De acordo com Hikari, a personagem, a princípio, reluta ao entender sua condição enquanto dependente. "O processo dela é bem semelhante ao de muitas pessoas que passam pela questão da dependência química. Primeiro, há uma negação dessa condição. Só depois de muita reflexão, e às vezes até de algo mais grave, é que desperta a necessidade de um tratamento. Ela vai passar por vários sentimentos em relação a esse processo e nós vamos acompanhar tudo."
O início do relacionamento com Glauber (Elzio Vieira), ex-funcionário do restaurante de seu pai, fará com que Tina admita o problema com o alcoolismo, situação já vivida pelo rapaz. Por causa dele, a jovem começa a frequentar reuniões de Alcoólicos Anônimos. Em meio a conflitos internos, ela acaba não conseguindo se dedicar aos negócios com Keyla (Gabriela Medvedovsky) como gostaria.
"O Glauber é um personagem essencial nessa temporada para Tina. Tanto no início, quando ela constrói uma relação de apoio e identificação com ele (por ele já ter passado pelos estágios que a Tina está passando), indo para a quase dependência dele (quando ela começa a abdicar de compromissos importantes de trabalho para ter relações com ele ou esquecendo de si para estar presente na relação). Mas é ele quem vai apresentar o universo de cura para os processos químicos dela, porque ele mesmo já passou por isso e está há mais de um ano em abstinência", adianta Ana.
Até reconhecer sua compulsão, Tina passará por um episódio de alto risco para sua própria vida. Ana, então, conta como foi gravar alguma cenas mais marcantes relacionadas ao tema e como se sentiu. "Foi muito emocionante e empolgante de gravar. Eu gosto muito de trabalhar essas cenas, porque cada uma é uma descoberta de processo para me colocar na emoção que a personagem e a cena pedem. Eu uso muita música para me ajudar. Tenho uma playlist da Tina com músicas que me colocam em sensações específicas para estar em cena. E com o Elzio Vieira foi uma parceria incrível! A gente se aquecia juntos, correndo, cantando, pulando, passando o texto em voz alta, até entrar no estado de jogo e conexão para gravar. Foi um presente para mim estar em cena com ele", comemora.
Com a personagem, a atriz pretende fazer com que as pessoas reflitam acerca do assunto. "Acredito que todo mundo que já teve alguém na família que passa por isso ou alguém que já passou por isso vai assistir com atenção e se sensibilizar. Meu objetivo principal foi humanizar essa personagem para trazer um ponto de vista que às vezes não é contado sobre dependência química. É um lugar muito complexo e difícil tanto pra quem passa quanto para quem está em volta, tentando auxiliar. Eu espero que isso faça as pessoas refletirem", destaca.