Paolla Oliveira e Taís Araujo apresentam o especial Falas FemininasManoella Mello / TV Globo

Rio - Mulher, mãe, filha, profissional, amiga, dona de casa... São inúmeras as funções atribuídas à mulher. Dar conta de todas não é tarefa fácil. Prova disso é que a exaustão é uma realidade para muitas brasileiras. Comandado por Taís Araujo e Paolla Oliveira, o especial "Falas Femininas" promove, nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, reflexões sobre este tema e outros fatores que impactam na saúde mental feminina, como assédio, gaslighting (uma forma de manipulação)  e abandono, de uma maneira leve e bem informativa. Intitulado 'Loucas', o episódio vai ao ar após o "Big Brother Brasil 24", da TV Globo. 


"É honra de participar de um programa como esse tão importante, tão educativo, e dizer que eu fiquei muito emocionada quando eu li. Quando estava decorando, lendo as falas em casa, e eu tenho uma pessoa que estava me ajudando, que é da minha família, minha tia, e ela olhou e falou assim, 'nossa, eu não conheço essas coisas'. 'Isso é isso?', e ela ficou emocionada. Comecei a me emocionar lá", afirmou Paolla, que também não escondeu a emoção ao assistir ao programa completo.
Já Taís classifica a atração 'importante'. "Reconheci isso lendo...É bom estar vivendo esse programa, estar fazendo, aprendendo. Na minha carreira como atriz, opto por fazer coisas que me alimentem também, que eu considero importantes. Que são importantes apra mim, relevantes para a sociedade, para a minha carreira. Valeu muito a pena fazer". 
Com direção de Antonia Prado e roteiro de Isabela Aquino e Veronica Debom, o episódio traz informações históricas sobre a mulher, explica as diferenças entre assédio e importunação sexual, mostra dados estatísticos sobre feminicído e relatos impactantes. E o mais importante: deixa claro que, nós mulheres, não estamos loucas, como muitos insistem em dizer, quando nos posicionamos. 

"A gente ainda se emociona com essas histórias, com esses experimentos da vida real que colocam a gente assim muito diante de tudo. O programa é muito direto. Ele fala com a gente aqui, que está dentro de uma bolha, de uma condição, de uma interpretação do mundo que outras pessoas não têm. E eu acho que ele vai furar, ele vai chegar para mais mulheres. Ele é direto, tem uma simpatia, uma doçura, mas fala assim: 'fica de olho', 'Você não está nesse lugar?'. Então, é só felicidade de estar aqui", celebra Paolla.
Conhecida por mostrar as diferenças de percepção de mundo entre homens e mulheres, a influenciadora digital Ana Terra foi até as ruas e ouviu a opinião das pessoas sobre questões como: 'Você já foi chamada de louca?' ou 'o que você faz quando chega em casa depois do trabalho?'. O programa também exibe experimentos sociais e as reações das pessoas, diante a uma mesma situação, são bem diversas.
No primeiro deles, a recrutadora pede que os candidatos de um emprego (fake) em um hotel digam qual seria a remuneração justa para algumas funções como arrumadeira, passadeira, cozinheira e recreadora. Logo depois, ela informa que eles teriam que se dedicar em todas as funções, mas sem receber salário e férias. A declaração choca. Eles, então, são surpreendidos por suas mães ou mulheres. Assim, se dão conta que essa é a realidade de muitas delas, que, às vezes, conciliam todas essas funções com mais uma jornada de trabalho. Já o segundo acontece uma empresa de pesquisa fictícia. Lá, homens e mulheres presenciam uma situação de assédio e, em seguida, são chamados a testemunhar sobre o que viram. 
Taís elogia o formato e ressalta a importância do programa na sociedade. "Foi muito importante participar, porque esse programa, nesse formato de experimento social, ilustra situações que são absolutamente corriqueiras. E que, muitas vezes, falando a outra pessoa ou outro gênero, não consegue captar. Fiquei muito feliz de conseguir fazer Esses experimentos são bons para gente repensar também, porque a gente também foi criado numa cultura absolutamente machista, homofóbica, racista, misógina. Então, a gente fica alerta, a gente quer educar outras gerações, a gente fica alerta para gente também, porque ninguém escapa, porque a gente é forjado disso, que bom ter a chance de poder quebrar isso e deixar didático para todo mundo", acredita.
A atriz e apresentadora também conta que já foi vítima de assédio moral. "Passei muito assédio moral, né, gente? Muito. O tempo inteiro. E é uma cilada, porque quando você vê, você tá enroscada. E você fala, 'caraca, isso é assédio moral! Meu Deus, e agora, como é que eu faço?' Mas aí tu já tá chorando, se tremendo, com ódio de estar passando aquilo já velha, sabe? Depois de tanto tempo de carreira. Fala, 'caramba, eu não acredito que eu tô passando por isso'. Mas acontece. Acontece o tempo inteiro. Então, mesmo a gente atenta, mesmo a gente alerta, mesmo a gente militando, a gente também cai nas ciladas".

Desejo para o Dia da Mulher

Oficializado em 1975 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Dia Internacional da Mulher tem como objetivo promover reflexões acerca das lutas e conquistas femininas ao longo dos anos. Paolla, então, revela o que deseja para esta data. "Uma tomada de consciência para outras mulheres. A gente tá chamando de consciência, outras mulheres podem chamar de liberdade, de menos culpa. Mas que seja uma tomada de consciência para elas. Que seja o passo que elas puderem dar, grande, pequeno, que seja uma tomada de consciência silenciosa, mas que seja".

Já Taís quer mais escuta e validação. "Desejo muitas coisas, mas eu desejo que nós mulheres, sejamos ouvidas e que as nossas palavras, os nossos desejos não sejam descredibilizados. As pessoas sempre colocam as dores ou as necessidades ou as questões como menores. Acho que são muitas coisas. Nesse dia 8 de março, já que é para ter um desejo, esse seria o meu".

Abandono durante o tratamento contra o câncer
Um dos depoimentos do 'Falas Femininas' é o da cantora Preta Gil. Ela falou abertamente sobre o período que foi abandonada pelo ex-marido, Rodrigo Godoy, durante o tratamento contra o câncer no reto. Ela ainda relembrou o episódio em que o personal trainer a deixou na UTI para ir a um show de pagode. Devido a essa situação, a filha de Gilberto Gil decidiu se separar. "Me deixou sendo cuidada por outras mulheres. Ele não dormiu em casa nessa noite, minha pressão foi a 24, e eu decidi me separar. Eu não preciso passar por isso, eu não quero passar por isso", afirmou ela, que mandou um recado para as mulheres. 
"A gente ainda é taxada de louca, de carente, e a gente só quer o mínimo, que é respeito. Independente de classe social, independente de tudo, eu espero que vocês nunca passem por isso, mas se passarem, olhem pra dentro de vocês, se conectem com vocês mesmas, com tudo que vocês têm de bom. Por mais que o outro te diga que você errou, nós somos maravilhosas e temos nossa força. Ela pode não estar muito evidente, mas ela está dentro de você", destacou.