Rio - Uma tragédia anunciada. Embora pareça um exagero, não é, pois é exatamente assim que os servidores estaduais veem a sua situação diante de mais um bloqueio das contas do governo do Rio. A União novamente confiscou os cofres do estado na terça-feira e vai fazer novo arresto hoje, devido a não pagamento de dívida de R$ 220 milhões, adiando os depósitos das parcelas já atrasadas do salário de janeiro do funcionalismo. Com isso, a segunda cota que seria depositada em 3 de março foi reagendada para 10 de março. E os rendimentos terminarão de ser pagos apenas em 22 de março, sendo que a previsão inicial era de quitar no dia 15.
Nesta quarta-feira, foi creditada a primeira parcela do salário dos servidores, no valor de R$577, seguindo o calendário inicial. A segunda que seria paga em 3 de março foi reagendada para 10 de março, quando serão depositados R$ 295, segundo calendário refeito pelo estado. Já a terceira parcela que seria paga em 7 de março ficou para 13 de março, quando servidores receberão R$991.
Esses pagamentos não incluem categorias que já receberam a integralidade dos salários de janeiro, como os ativos da Saúde; os ativos e inativos da Secretaria de Fazenda e da Procuradoria-Geral; e os ativos, inativos e pensionistas da Segurança (bombeiros, agentes penitenciários, policiais civis e militares).
Estão esperando o crédito os ativos, inativos e pensionistas da Saúde, da Faetec (da Secretaria de Ciência e Tecnologia), da Uerj, entre outras categorias.
Representante do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) e diretor da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze classificou como “tortura” o que o funcionalismo tem sofrido. Ele disse que a União é “insensível” à crise do estado quando faz os bloqueios mesmo sabendo dos atrasos salariais.
“O governo federal age como se não tivesse nenhuma responsabilidade com o que ocorre aqui e esquece que a crise do Rio se reflete no país. Estão violentando a dignidade da pessoa humana. Os servidores são torturados diariamente quando não sabem o que vai ser do dia de amanhã, como vão pagar despesas, remédios..., diz Darze.
Conselheiro da Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária, André Ferraz lembrou que no Natal e no Réveillon os pagamentos foram adiados devido ao bloqueio. “Tudo se repete agora no Carnaval. Está ocorrendo conluio entre os dois entes para colocar o servidor na posição de refém dessa situação”, disse ele. “O Muspe não vai retroceder e o ataque ao servidor será respondido: vamos engrossar as manifestações”, completou.