Brasília - A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estabeleceu uma Comissão de Apuração Interna para averiguar informações das delações da Odebrecht. Os fatos estão nas petições de investigação do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. As citações se referem à suposta participação de Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, e de Álvaro Luiz Vereda Oliveira no processo de aprovação, pelo BNDES, de financiamentos à exportação de bens e serviços de engenharia.
Melin foi diretor Internacional e de Comércio Exterior do BNDES de janeiro de 2003 a dezembro de 2004 e de abril de 2011 a novembro de 2014. Vereda foi assessor da presidência do BNDES de outubro de 2005 a maio de 2006. Em nota encaminhada à imprensa neste sábado, o BNDES ressalta que "nenhum dos dois citados é ou foi empregado do Banco, tendo, apenas, ocupado cargos de confiança na instituição".
O BNDES afirma que buscará apoio do Ministério Público Federal e da Polícia Federal e "cooperará para que a apuração possa ser concluída com brevidade e haja a mais ampla troca de informações entre os órgãos, de modo que eventuais ilícitos administrativos e penais possam ser apurados em conjunto".
"A Diretoria do BNDES, em seu nome e no dos empregados do Banco, reafirma o compromisso de defender a instituição e de esclarecer os fatos. O BNDES vai se empenhar em adotar todas as medidas cabíveis para a proteção da instituição, hoje e no futuro, para que ela não possa ser utilizada para a prática de atos ilícitos. A apuração completa dos fatos é um passo importante nessa direção", diz o comunicado do banco.
Na semana passada o jornal O Estado de S. Paulo publicou com exclusividade que o presidente afastado da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou em sua delação premiada que contratou uma empresa de um assessor do ex-ministro Guido Mantega, em 2011, para serviços de consultoria por valores desproporcionais ao objeto do contrato, em troca manter "as boas relações do grupo" no Ministério da Fazenda e no BNDES.
A petição foi enviada por Fachin para a Procuradoria da República no Distrito Federal, porque o caso não tem alvos com direito a foro especial, por prerrogativa de função ou cargo.