Por gabriela.mattos
Warley Martins é presidente da CobapDivulgação

Brasília - Aposentados e pensionistas do INSS também vão intensificar a pressão sobre os deputados federais ao longa desta semana. Tudo para tentar evitar que os parlamentares aprovem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que trata da Reforma da Previdência. Em Brasília, a ordem é ficar de plantão no aeroporto da capital federal para fazer um corpo-a-corpo com deputados que já se posicionaram favoráveis à PEC encaminhada pelo presidente Michel Temer.

“Não vamos esmorecer e vamos pressionar os deputados que chegarem em Brasília para as sessões que vão analisar a proposta de Reforma da Previdência. Vamos abordá-los para convencê-los a votar contra a PEC 287”, afirmou à coluna o presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins (foto). 

Segundo o dirigente, a estratégia dos aposentados é permanecer no aeroporto desde cedo na terça, quarta e quinta-feiras, a fim de promover o trabalho de convencimento dos parlamentares. Os aposentados anunciaram que também marcarão presença na Câmara dos Deputados para acompanhar as votações. Warley avalia que a mobilização da greve geral da última sexta-feira terá reflexo direto no resultado da tramitação da PEC 287.

“A aprovação do texto da Reforma Trabalhista (governo teve 296 votos favoráveis) demonstrou que o apoio do governo não é tão forte assim. Para a PEC da Previdência passar, é preciso ter mais votos, atingindo um quórum mais elevado”, afirma Warley, ressaltando que projeto de lei, como foi o caso da Reforma Trabalhista, exigia maioria simples para aprovação na Câmara. Já uma PEC precisa ser referendada por três quintos do total de deputados, ou seja, 308 votos.

A pressão dos aposentados deverá ser estendida por mais dias. Na última quinta-feira, após a aprovação do PL 6.787/16, que trata da Reforma Trabalhista, a Comissão Especial da PEC 287 resolveu cancelar a reunião de começaria a debater o parecer marcada inicialmente para o último dia 27. A nova data foi transferida para a próxima quarta-feira. A previsão de leitura do relatório no plenário da Câmara, no entanto, está mantida para o dia 8 de maio, de acordo com o presidente da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

Ele confirmou o adiamento da votação do parecer no colegiado para 3 de maio. Mas as lideranças governistas na Casa avaliam que deve mesmo ficar para semana seguinte.

Repercussão

Sobre a repercussão da greve geral, Warley Martins afirmou que vários jornalistas estrangeiros que atuam como correspondentes no país e que acompanharam os protestos de sexta-feira, destacaram a intensa participação de “senhores e senhoras de cabeças brancas nas manifestações”. Em geral, aposentados e viúvas com medo do destino da Previdência e o futuro de filhos, netos e bisnetos.

Caras enrugadas

“Nota-se que o perfil dos manifestantes está mudando no Brasil. Antigamente eram os jovens, os caras-pintadas que protestavam, hoje, são os idosos, os caras-enrugadas”, disse o presidente da Cobap, sobre as reportagens de veículos com o espanhol ‘El País’, o argentino ‘Clarín’, a britânica ‘BBC’, a alemã ‘Deutsch Welle’ e o jornal americano ‘The Wall Street Journal’.

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