Por gabriela.mattos

Brasília - Ao contrário de pronunciamento em cadeia nacional de televisão em comemoração ao dia 1° de maio (Dia do Trabalhador), como feito por outros presidentes, Michel Temer divulgou um vídeo nas redes sociais para comemorar a data, o que provocou uma onda de críticas de internautas e o tradicional “vomitaço” no Facebook.

Na transmissão, Temer enaltece as medidas tomadas pelo seu governo, como o saque das contas inativas do FGTS e a aprovação da Reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados. Reforma que, junto com a previdenciária, foi alvo de protestos em todo país e levou milhares de pessoas às ruas na sexta-feira.

No vídeo de 2 minutos e meio, Temer afirma que esse 1º de Maio marca um momento histórico no País. “Iniciamos nova fase. Uma fase em favor do emprego. Estamos fazendo a modernização das leis trabalhistas e você terá inúmeras vantagens”, afirma o presidente.

Manifestantes de diversas centrais sindicais marcham pela Avenida Paulista%2C coração financeiro de São Paulo%2C e protestam contra reformas Efe

“Primeiro vamos criar mais empregos. Segundo, todos os seus direitos trabalhistas estão assegurados. Com a modernização trabalhista, aprovada pela Câmara dos Deputados, a criação de postos de trabalho, inclusive para os jovens, ocorrerá de forma muito mais rápida”, completa. O presidente afirma ainda que a nova lei garante os direitos não só para empregos diretos, mas também para temporários e terceirizados.

“Todos com carteira assinada. Portanto, concede direitos àqueles trabalhadores que antes não tinham”, diz. Temer destaca a possibilidade de negociação de acordos coletivos, entre empresários e trabalhadores, “de maneira livre e soberana”. A afirmação de Temer é contestada por João Cayres, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP). “As medidas impostas pelo governo vão gerar retrocessos sociais e a precarização do trabalho”, adverte.

Já o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, ameaçou com nova greve se Temer não negociar alterações nas reformas. De acordo com ele, a conta da crise tem que “ser paga por todos, não só pelos trabalhadores”. A Força Sindical é contrária, principalmente, ao fim da contribuição sindical e à nova idade mínima para aposentadoria. “O presidente não pode imaginar que é o dono do Brasil. Ele tem que ouvir a população”, diz.

Maioria dos brasileiros é contra Reforma da Previdência

A maior parte dos brasileiros é contra a proposta de Reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer e acredita que a Trabalhista beneficiará mais os empresários do que os trabalhadores, de acordo com pesquisa Datafolha. Sete em cada dez entrevistados disseram ser contra a Reforma da Previdência. A pesquisa mostra que 71% dos brasileiros são contrários à reforma da Previdência e 23%, a favor.

O Datafolha apurou que 64% dos brasileiros acreditam que os empresários são favorecidos em detrimento dos trabalhadores nas leis que tornaram o mercado de trabalho mais flexível. A pesquisa mostrou também que 63% dos entrevistados acham o mesmo da terceirização.

Protestos têm grande adesão

Os eventos que celebraram o Dia do Trabalho foram marcados por uma série de protestos contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer e que atingem as áreas trabalhista e de previdência. Em São Paulo duas manifestações reuniram milhares de pessoas. A da Central Única dos Trabalhadores (CUT), começou na Avenida Paulista e seguiu para o Centro da cidade, onde ocorreram shows.

Na Zona Norte da cidade, a Força Sindical reuniu mais de 150 mil pessoas. Também repleta de shows de música sertaneja, o local registrou protestos contra as reformas e também contra o prefeito de São Paulo, João Doria, que chamou os grevistas da última sexta de “vagabundos”.

Em movimento conjunto, as centrais sindicais do País divulgaram ontem um documento unificado em que criticam as reformas organizadas pelo governo Temer e prometem ocupar Brasília para pressionar o Congresso.

Assinado por CUT, CTB, CSB, UGT, Força Sindical e Nova Central, o documento chamado “A greve do 28 de abril continua” foi lido em eventos do Dia do Trabalhador.

As centrais sindicais voltarão a se reunir nesta semana para discutir as próximas ações, que inclui dois dias seguidos de greve geral. O documento unificado destaca ainda o apoio recebido de diversas entidades como CNBB, OAB e MPT.

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