Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj promove mutirão para negociar dívidas a partir de segunda - Thiago Lontra / ALERJ
Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj promove mutirão para negociar dívidas a partir de segundaThiago Lontra / ALERJ
Por Edda Ribeiro *

Rio - Com o endividamento em alta, a saída para quem está com a corda no pescoço é tentar negociar com o credor. Ao tomar a iniciativa, os devedores podem baixar a dívida em até 90% do valor em contatos via canais digitais ou direto com o gerente do banco. Há também flexibilidade para se chegar a um acordo em situações de desemprego, doença ou morte de familiares, segundo as instituições financeiras. Além disso, mutirões de órgãos de defesa do consumidor são alternativa para tratar pessoalmente de dívidas de clientes com empresas de diversos setores, solucionando até 80% dos casos.

Correntistas da Caixa Econômica Federal que negociam débitos podem obter descontos que chegam a 90% do valor da dívida, em atraso superior a um ano, caso o pagamento seja feito à vista. A tentativa de acordo deve ser feita na agência, entrando no site www.negociardividas.caixa.gov.br ou ligando para o telefone 0800 726 8068.

A instituição financeira informou que oferece como alternativas renovação de contratos para aumentar o prazo e reduzir a prestação mensal; unificar diferentes tipos de dívida em um único débito com maior prazo e menor prestação; pausa do pagamento de uma parcela a vencer, deixando para o fim do contrato.

No "Portal de Renegociação" do Santander, na internet ou via aplicativo, uma das opções do banco é reunir o que o cliente deve para oferecer um único empréstimo com parcela que se adeque às possibilidades do bolso e do orçamento do cliente.

A tendência de negociar por meios remotos também é seguida por outras instituições. Quem está com pendência com Bradesco e Itaú/Unibanco pode recorrer aos multicanais das instituições financeiras. No Bradesco, o cliente negocia por site próprio para regularização da dívida. Para iniciar, é preciso acessar banco.bradesco, clicar em Produtos e Serviços > Renegociação de Dívidas.

Para os clientes do Itaú-Unibanco, a negociação pode ser feita no site http://itau.com.br/renegociacao, com conversas via chat. Há centrais de atendimento eletrônico: 4004-5533 (capitais e regiões metropolitanas) e o telefone 0800-7225533 (demais localidades).

Muitos clientes preferem ir direto na agência. A assistente social Cristiane Brito, 31 anos, disse ao DIA que se endividou com uma conta universitária, e um ano após adquirir o cartão de crédito, seu nome já estava sujo. Ela explicou que por duas vezes tentou negociar: "Já fiquei 1h50min no telefone aguardando negociação, e ninguém resolveu", reclamou.

(*Estagiária sob a supervisão do jornalista Max Leone)

Clientes devem ficar atentos aos acordos
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Para Alexandre Prado, especialista em Educação Financeira do Núcleo Expansão, algumas negociações podem ser arriscadas. Ele adverte ao oferecer imóveis e outros bens, por exemplo, como garantia há risco de resultar em problemas no futuro.
"São possibilidades, mas são riscos de a pessoa ficar sem sua casa, sem seu carro, e outros bens".
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O especialista afirma que as normas de flexibilidade apresentadas pelos bancos podem ser interessantes: "As pessoas devem procurar as instituições bancárias, sim. Mas na prática, isso resolve apenas em alguns casos". Ele ressalta que o sacrifício diante da negociação é sempre maior para quem tem a dívida do que para o banco. "O cliente é o pólo mais fraco da relação, e deve buscar apoio jurídico", aconselha Prado.
Ele lembra ainda que, ao se dirigir ao banco, é preciso estar munido de todos os documentos e boletos referentes à dívida, além do contrato: "Com a flexibilidade nos casos especiais, ter comprovação de desemprego, como a carteira de trabalho, também é interessante", afirma.
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E o especialista dá uma dica de ouro ao endividado: a pessoa nunca deve assinar um Termo de Confissão de Dívida, exceto se estiver orientada pelo seu próprio advogado. Tal documento pode resultar em congelamento da conta bancária, aumentar juros exorbitantes, entre provocar outros tipos de problemas.
"Quando o consumidor não tem como pagar, e o banco a pressiona dizendo que vai negativá-lo, não há solução. Com o nome sujo, não há emprego, e assim, não há renda para quitar a dívida".
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Mutirão é boa oportunidade para sair do vermelho
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Consumidores endividados vão poder negociar as suas dívidas presencialmente com bancos, concessionárias de telefonia e de energia elétrica em mutirão organizado pela Comissão de Defesa do Consumidor (Condecon) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2018, o órgão recebeu 432 pedidos de negociações.
A partir de hoje serão atendidos clientes com pagamentos atrasados com a Vivo, TIM, Claro, Oi e Light. Para participar, o titular deve ter em mãos o CPF, RG e comprovante de residência. O mutirão acontece das 10h às 17h, na Rua da Alfândega 8, Centro.
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De 6 a 10 de agosto, representantes de instituições como Bradesco, Itaú, Caixa Econômica, BMG e Santander vão receber os clientes em débito.
O Procon Carioca também costuma promover mutirões com oportunidades para negociação. Na última edição, em dezembro do ano passado, mais de 1.900 pessoas foram atendidas, com 70% a 98% de desconto no valor total das dívidas. Segundo o órgão, até o final do ano será organizado outro evento.
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