Com a queda de juros, caderneta de poupança volta a ser atrativa - Arte: Kiko
Com a queda de juros, caderneta de poupança volta a ser atrativaArte: Kiko
Por MARTHA IMENES
Rio - A caderneta de poupança recomeça a ganhar fôlego e volta a despontar como vedete de investimentos. Dados do Banco Central apontam que as aplicações em caderneta superaram as retiradas neste mês em R$ 3,3 bilhões até o último dia 12, alta de 32% sobre o saldo positivo de R$ 2,5 bilhões registrado em junho. E caso a taxa básica de juros, hoje em 6,5%, caia, a distância entre investimentos em renda fixa e a boa e velha caderneta ficará menor.
De acordo com analistas, a caderneta é uma ótima opção de investimento para quem quer fazer alguma reserva para emergências de curto prazo. Ela ganha, inclusive, de títulos do Tesouro Direto. Isso porque alguns fundos cobram taxa de administração e sobre algumas aplicações incide alíquota de Imposto de Renda. Já na caderneta de poupança não incidem encargos. E isso faz com que o rendimento, no final das contas, seja menor.
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"A remuneração da poupança é de 70% da taxa Selic. Como ela está em 6,5% temos 70% de 6,5% que resulta em 4,55%, que é a rentabilidade da poupança", explica o economista Alexandre Prado, diretor do Di Blasi, Parente & Associados. E com a liberação da parcela do FGTS, que dará até R$ 500 por conta, o especialista fez uma simulação de quanto daria essa grana investida em poupança (4,55%), Tesouro Direto (5,21%) e CDB (6,5%).

"Um trabalhador que saque R$ 500 do fundo e aplique na poupança, em 12 meses, terá de retorno R$522,75; em Tesouro Direto esse valor vai a R$ 525,13 e em CDB, R$531,37", destaca Prado. É importante ressaltar que nestes valores finais não estão incluídos os encargos que os fundos cobram.
Mas quem quiser aplicar um valor menor para garantir uma graninha mais tarde pode fazer investimentos iniciais de R$ 50 e ter em 12 meses de R$ 52,28 (poupança) a R$ 53,14 (CDB).
Poupança velha
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Especialistas lembram que a velha poupança, com depósitos até 3 de maio de 2012, vai ficar ainda mais atraente, mas ninguém vai poder entrar. Quem ainda tem dinheiro nela, orientam, é melhor deixar lá a não ser que seja para cobrir dívida mais cara do que o rendimento dela, como cheque especial ou cartão de crédito.
O saldo total da poupança chegou a R$ 805,6 bilhões em 12 de julho. Aproximadamente 20% desse montante deve ser depósitos anteriores às mudanças das regras de remuneração da caderneta. Ou seja, ainda há algo em torno de R$ 160 bilhões, um volume considerável, na poupança velha.
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"A poupança velha está imbatível. Ela ganha de todos os investimentos lastreados em juros, pois rende 6,17% ao ano. As melhores aplicações rendem a Selic, atual de 6,5% ao ano, mas ainda têm a incidência do Impostos de Renda e da taxa de administração cobrada pelos bancos", afirma o economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Tesouro direto
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A opção por rendimentos maiores levou o estudante de Publicidade, Victor Lima, de 21 anos, a investir em Tesouro Direto. Ele conta ao DIA que não investia antes, mas em novembro de 2018, passou a se interessar pelo assunto quando encontrou um canal no YouTube sobre comportamento financeiro. "A partir desse estudo, comecei a querer entender mais sobre como era a plataforma (do Tesouro Direto), então criei conta em algumas corretoras de valores e depois disso comecei a testar o mercado colocando valores pequenos", explica.
Na época, o universitário não tinha emprego fixo, mas vendia livros e artes gráficas por conta própria. "O que eu conseguia, eu guardava e investia. Consegui juntar por volta de R$470 no Tesouro Pré-Fixado, aquele para investimento a médio prazo", diz.
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E por que o Tesouro Direto? Victor afirma: "É um investimento que rende mais que a poupança e muito mais vantajosa para mim até hoje. Eu confiro a rentabilidade e invisto, de acordo com uma meta estabelecida". "É importante ter engajamento na hora de procurar onde investir o dinheiro. Porque se não, o brasileiro não descobre opções rentáveis e prejudica a ele mesmo", alerta.
Colaborou a estagiária Larissa Esposito