PIZZA CONSUMO - ARTE O DIA
PIZZA CONSUMOARTE O DIA
Por MARTHA IMENES
A pandemia de coronavírus que assola o mundo teve impactos diretos nos hábitos de consumo dos brasileiros. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a prioridade no consumo dos brasileiros durante a pandemia foi para alimentos e produtos de limpeza — 55% dos entrevistados aumentaram o consumo deste tipo de material. Gastos com roupas, sapatos, móveis e serviços em geral diminuíram para 46% da população. E, segundo a pesquisa, quase um terço da população (32%) afirmou que conseguiu guardar mais dinheiro ou gastar menos do que antes do surto de covid-19 e que 59% pretendem poupar mais em 2021 do que poupava antes da pandemia. Diante desses dados, o jornal O DIA pegou dicas com especialistas para o leitor economizar na hora das compras e, se conseguir guardar um "capilé", onde investir. Confira no quadro ao lado. 
A pesquisa da CNI mostra ainda que 71% dos pesquisados consideram como “muito grande” o impacto da pandemia na economia nacional. A grande parte (63%) considera o pior cenário de estagnação se comparado às crises financeiras entre 2014 e 2016. A análise também revela uma visão pessimista dos brasileiros quanto à recuperação de rendimentos. “A incerteza certamente pesa, mas existe uma vontade de mudança de hábito também. Nesse cenário, aumenta a intenção de poupar”, explica Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI. “É a vontade de ter recursos para emergência. Para conseguir economizar mais, é preciso consumir menos e a pandemia demonstrou isso”, acrescenta.
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A retomada econômica, tão alardeada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, também entrou na pesquisa: 63% dos entrevistados negaram o restabelecimento ainda este ano e 34% avaliam que a economia já vinha se recuperando desde setembro. A percepção é mais negativa entre os entrevistados com faixa etária mais jovem: 73% da população entre 16 e 24 anos acreditam que a recuperação não havia começado, ante 54% daqueles com 55 anos ou mais.
E são justamente os mais pobres que têm a percepção de que a economia não havia iniciado recuperação: 67% entre as famílias que recebem até um salário mínimo e 59% entre aqueles com renda superior a cinco salários. De acordo com a pesquisa da CNI, a maioria (67%) dos brasileiros espera a recuperação econômica em questão de um ano. Enquanto um terço da população (33%) acredita que vai demorar mais tempo, entre um e dois anos. Outra parte (34%) estima que vai demorar mais, um período superior a dois anos.
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Para um quarto da população, a renda individual diminuiu muito durante o período mais crítico da pandemia — entre abril e junho deste ano. No total, 41% perceberam redução nos rendimentos. Para 16%, a percepção é de leve diminuição. Já 14% dos entrevistados têm uma análise contrária, de aumento de sua renda individual no mesmo período. Mais da metade destes (52%) recebeu o auxílio emergencial do governo.
Auxílio emergencial
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Desse total, o uso mais frequente do dinheiro recebido do auxílio emergencial foi para compras de alimentos, roupas, produtos de higiene, limpeza ou algum outro tipo de bem de consumo, assinalado por praticamente metade dos entrevistados (49%). Outros 30% afirmaram que o principal uso foi o de pagar contas, como de água, energia elétrica ou gás. Já 18% afirmaram que usaram o dinheiro para pagar dívidas. Apenas 2% guardaram o dinheiro do auxílio.
Confira as dicas de especialistas
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E com a grana curta e expectativa de melhora da economia um pouco mais distante, especialistas alertam que o hábito de poupar e pesquisar preços tem que ser constante. "A pandemia trouxe um alerta para grande parte dos brasileiros, como um aviso que de que a vida nem sempre terá um curso para frente", adverte o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec e da Fundação D. Cabral.
"As desgraças não acontecem só com os famosos ou na casa dos vizinhos. Não há um brasileiro que não tenha tido um caso de covid na família ou de pessoa próxima, isso acende uma luz amarela também nas finanças. O perfil de despesas e os hábitos mudaram abruptamente em 2020. Gasta-se mais com o supermercado, com a alimentação e itens de limpeza. Também com medicamentos para quem contraiu o vírus no família. Daí a necessidade de fazer uma reserva financeira, uma vez que os casos estão aumentando e ninguém tem certeza quando a vacina estará disponível e a população imunizada", explica.
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E o economista dá a dica: "Para começar a economizar é preciso elaborar, ainda que seja um pequeno orçamento, eliminando os itens supérfluos e fixando um valor mínimo para guardar todo mês. Se der para poupar mais, ótimo, coloca na poupança ou em outra aplicação financeira de baixo risco".
"Para quem tem algum recurso que pode ainda mexer na composição dos gastos o ideal é que o valor mínimo saia da conta por débito automático, como se fosse uma conta obrigatória para pagar. Dessa forma não corre o risco de usar o dinheiro para outra finalidade", acrescenta Braga.
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Mas, segundo o professor, quem não tem dinheiro sobrando deve fazer trocas no perfil de consumo, buscando substituir itens mais caros por mais baratos. "No supermercado trocar as mais caras pelas mais baratas, ficar atento às promoções, dar preferência aos produtos da estação como frutas e legumes; prestar a atenção no tradicional rodízio das ofertas da proteína, uma vez que os supermercado sempre colocam por semana um item mais barato, entre um tipo de carne bovina, frango ou pescado", ensina.
Já Alexandre Prado, especialista em finanças, avalia que o consumidor pode fazer uma conta diferente: "É uma questão de mentalidade. A fórmula que as pessoas usam é 'ganho - gasto = investimento', quando deveria ser 'ganho - investimento = gasto'".
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E complementa: "A velha máxima de guardar 10% ou 15% ou 20% é fundamental. Disciplina é o básico". O especialista desaconselha a aplicação em poupança neste momento por conta do juro mais baixo. "Para se ter uma ideia, o Tesouro Direto (renda fixa) está por volta de 4% ao ano, o CDB por volta de 2,5% a 3% ao ano e a poupança fica entre 1,7% a 2% ao ano.